Similares ou complementares: o que é melhor em um casal?
Similares ou complementares? Essa é a pergunta que muitas pessoas se fazem ao escolher um parceiro. Enquanto alguns pensam que “os opostos se atraem”, outros querem evitar a todo custo as grandes diferenças para prevenir conflitos.
A verdade é que ambas as posições têm uma base razoável. Aqueles que pensam que é melhor ter um relacionamento com alguém que é diferente e, portanto, complementar, acreditam que, por exemplo, duas pessoas irritáveis acabarão se chocando. Aqueles que estão inclinados a procurar um parceiro semelhante a eles apontam que as diferenças, mais cedo ou mais tarde, criam rachaduras.
Há também aqueles que adotam uma posição intermediária. Em sua opinião, na verdade o ponto não é realmente que os dois sejam semelhantes ou complementares, mas que o sejam nos aspectos corretos. Similares em algumas características e complementares em outras.
Afinal, o que a psicologia tem a dizer sobre isso?
“Li em algum lugar que, para amar, é preciso ter princípios semelhantes, com gostos opostos”.
-George Sand-
O encanto do oposto
Quando uma pessoa não tem uma opinião muito positiva sobre si mesma, ela costuma se sentir atraída por aqueles que são diferentes. Verá no outro uma oportunidade de projetar ou materializar algo que gostaria de ser, sem conseguir. Por exemplo, alguém sente que passa despercebido e procura um parceiro que seja muito popular.
Há também o caso daqueles em que o casal busca uma simbiose para avançar. O cenário típico é o de uma pessoa insegura e medrosa, que precisa da força do outro para protegê-lo ou dar-lhe o apoio necessário. Em princípio, isso não é negativo se promove o crescimento, mas se promove dependência, torna-se insano.
É também o caso daqueles que, diante da opção semelhantes ou complementares, escolhem o segundo, porque veem o casal como um time. Às vezes quase como um negócio. É por isso que pensam (e devemos enfatizar a palavra “pensar”) que é melhor combinar forças e fraquezas para potencializar realizações comuns.
Similares ou complementares?
A ciência também se perguntou se é melhor que os membros de um casal sejam similares ou complementares. Na Universidade do Kansas, foi realizado um estudo no qual 1.523 casais foram examinados. Eles descobriram que, em 86% dos casos, os casais similares eram mais duradouros.
Outro estudo da Universidade de Michigan chegou a uma conclusão semelhante. Aparentemente, o que tem mais peso é que existem acordos sobre aspectos relacionados à personalidade, valores, atitudes, atividades recreativas, consumo de álcool e uso de tecnologias.
Tudo indica que às vezes as pessoas são atraídas pelo que é diferente. Isso gera curiosidade e é visto como uma oportunidade para explorar novos territórios emocionais. No entanto, com o tempo, o que era uma novidade começa a se tornar uma barreira. As diferenças, então, assumem um valor negativo.
Abertura e flexibilidade
O dilema que surge com a questão ‘similares ou complementares’ é um pouco artificial. Não há como encontrar um parceiro que coincida totalmente conosco ou alguém que complemente perfeitamente os vazios ou necessidades do nosso mundo. Na realidade, cada pessoa nos reafirma e nos contrasta ao mesmo tempo. É por isso que as alternativas são bastante ilusórias.
Dito isso, deve-se notar também que todos os estudos a esse respeito indicam que a similaridade em gostos e atitudes básicas é muito importante. Mesmo assim, sempre haverá aspectos em que os membros do casal terão que ceder. Os casais mais estáveis são aqueles que conseguem ser flexíveis diante do outro.
As diferenças entre os membros do casal são saudáveis. São um fator que contribui para o crescimento mútuo. Grande parte da vida afetiva tem a ver com como um espaço é dado para essas diferenças. Quando essas são poucas e pequenas, existe uma alta probabilidade de que isso seja alcançado satisfatoriamente e a longo prazo. Se as diferenças são muito profundas, há uma probabilidade maior de que a negociação seja complicada.
Então, sim, há uma resposta para a pergunta: similares ou complementares? E a resposta é: ambos. Similares em essência e complementares a partir de acordos voluntários e conscientes. Finalmente, é disso que se trata o amor: encontrar um equilíbrio entre o próprio fortalecimento, contribuindo para o fortalecimento do outro.
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