Síndrome do impostor: quando saber demais provoca insegurança

Síndrome do impostor: quando saber demais provoca insegurança

Última atualização: 24 junho, 2017

Sentir insegurança é algo considerado normal, especialmente quando temos que enfrentar qualquer desafio ou uma situação nova que não podemos controlar. Depois de um tempo, quando já estamos acostumados com esta situação, nós falhamos, aprendemos com os nossos erros e vamos crescendo, adquirindo cada vez mais segurança, até chegarmos a um ponto em que estaremos realmente conscientes de que somos especialistas no assunto.

Na síndrome do impostor isto não acontece. Mesmo que a pessoa seja um especialista em determinada área, alguém que tenha acumulado grandes realizações ao longo da vida, seja reverenciado pelos outros, seja capaz de desenvolver seu trabalho com grande profissionalismo, continua experimentando uma insegurança profunda.

Essas pessoas não são capazes de assumir que devem o seu sucesso a si mesmas, à sua própria inteligência, e que realmente o merecem. Pelo contrário, elas tendem a acreditar que tudo o que têm é devido a uma série de golpes de sorte ou a fatores externos.

Não é uma falsa modéstia, elas realmente não se veem como pessoas bem-sucedidas. De fato, muitas delas pensam que estão enganando seus clientes ou pacientes, como faria um impostor. Elas não acreditam em suas capacidades, não se sentem competentes, embora as evidências digam o oposto.

Qual é a origem desta síndrome?

Mulher que sofre da síndrome do impostor

Existem alguns fatores que podem explicar por que algumas pessoas se sentem fracassadas ou “nunca estão à altura”. Foi o Dra. Valeria Young, uma especialista no assunto, que propôs algumas dessas possíveis causas:

A dinâmica familiar na infância ou a educação recebida

Se na sua infância ou juventude você sentia que os seus pais o pressionavam para obter as melhores notas ou o comparavam com um dos seus irmãos, um colega de classe ou alguém que parecia ser mais inteligente do que você, é provável que hoje você se sinta incompetente mesmo que não seja, ou sinta necessidade de ir mais longe do que você está agora.

Os estereótipos sexuais

Atualmente sabemos que os estereótipos afetam igualmente homens e mulheres, mas há alguns anos ocorriam mais com as mulheres. Acreditava-se que afetavam as mulheres devido às mensagens recebidas por elas, que falavam do sucesso dos homens e do fracasso das mulheres, a pressão da sociedade para que as mulheres fossem perfeitas exercendo vários papéis ao mesmo tempo, sem perdoar ou entender uma falha em qualquer um deles.

A mulher, muitas vezes, sente que não tem nenhum direito de experimentar o sucesso, já que era algo reservado para os homens.

As diferenças salariais

Quando não somos remunerados de forma justa com o nosso trabalho, acreditamos que é porque não somos tão competentes quanto deveríamos ser, e por isso não somos recompensados. As mulheres vêm sofrendo ao logo do tempo com a diferença salarial em relação aos homens e isso resultou na sua falta de valorização profissional.

Síndrome do impostor no trabalho

Altas expectativas e autoexigência

As pessoas que sofrem da “síndrome do impostor” são perfeccionistas e extremamente exigentes consigo mesmas. Definem metas muito altas, difíceis de serem alcançadas por qualquer pessoa, por mais competente que ela seja. Por esta razão, muitas vezes pensam que são medíocres no que fazem, quando na verdade distorcem a realidade: são muito competentes, o que acontece é que não são perfeitos, e nem muito hábeis para ajustar as suas metas.

Essas expectativas e exigências exageradas são decorrentes de uma baixa autoestima e falta de valorização pessoal. Dois fatores que são reforçados, muitas vezes, pela inveja dos colegas ou alguns comentários depreciativos que sofreram durante o período escolar ou estágio profissional.

Como posso superar a síndrome do impostor?

A síndrome do impostor é a síndrome da insegurança, de nunca se sentir à altura das circunstâncias. A pessoa se vê como alguém que não merece as suas realizações, os elogios ou os sucessos, e que se os outros descobrissem como ela é incompetente, a chamariam de impostor. O seu oposto pode ser encontrado na síndrome de Dunning-Kruger, quando pessoas realmente ignorantes ignoram até mesmo a sua própria ignorância.

É curioso como essa insegurança disfarçada de um perfeccionismo extremo pode nos levar, em última análise, à concretização do que mais tememos: o fracasso. E, no entanto, pessoas menos competentes que acreditam em si mesmas e são mais confiantes alcançam o sucesso.

Portanto, para superar a síndrome do impostor o primeiro passo é acreditar em nós mesmos. A chave é o autoconhecimento, saber do que somos capazes e onde estão as nossas limitações. É preciso confiar em nós mesmos sabendo que, muitas vezes, podemos cometer erros.

Também é preciso começar a aceitar e apreciar os seus sucessos e realizações, não se menospreze. Se você não valoriza o que faz, quem o fará? Agradeça cada vez que receber um elogio e faça com que isto sirva de motivação e reforço para o futuro.

Mulher feliz com sua vida

Não deixe nada para amanhã. As pessoas que sofrem desta síndrome muitas vezes adiam as suas tarefas por medo de falhar. Nunca estão satisfeitas com o seu trabalho e esta insatisfação se traduz em falta de motivação, e até mesmo em ansiedade ou depressão.

Como você pode ver, mesmo as pessoas mais bem-sucedidas muitas vezes se sentem inadequadas e inseguras. O essencial não é ser uma pessoa bem-sucedida, mas se aceitar incondicionalmente. Somente desta forma poderemos chegar aonde queremos, e se não conseguirmos, compreenderemos as razões pelas quais isso não aconteceu.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.