Você conhece a técnica da 'parada do pensamento'?

Você já se sentiu afogado em seus pensamentos? Você não sabe como concentrar ou focar suas ideias? Interromper o pensamento pode ser uma saída bem-sucedida.
Você conhece a técnica da 'parada do pensamento'?
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 14 janeiro, 2024

Os pensamentos ruminantes ou obsessivos são uma série de ideias geradas pelo medo e pela preocupação que nos perturbam. Damos voltas e voltas em nossa mente sem conseguir tomar nenhuma providência. Essa dinâmica mental é muito destrutiva para qualquer pessoa, pois gera estresse e ansiedade, além de um claro mal-estar generalizado. É por isso que a técnica da parada do pensamento pode ser uma ótima opção para colocar um ponto final nesse círculo vicioso de sentimentos ruins.

Os pensamentos do tipo obsessivo nunca levaram ninguém a lugar algum. Imaginemos que acabamos de entregar um grande projeto, mas surgem dúvidas e medos sobre sua validade e qualidade. É muito possível que não consigamos parar de pensar nisso, mas isso estaria ajudando em algo?

Se não se pode fazer nada nesse momento, por que ficar repassando ideias tão negativas sobre aquele projeto ou trabalho, dando voltas e voltas em nossa mente sem sair do lugar, preocupados com um resultado que ainda não sabemos qual será? Isso só alimenta um medo e uma ansiedade que não nos trazem nada de bom em troca. 

Como conseguir sair de um redemoinho de pensamentos obsessivos

As pessoas que sofrem de pensamentos obsessivos acreditam que eles têm o controle sobre a nossa mente. Não são conscientes de que são elas mesmas as responsáveis por alimentá-los, elas mesmas que estão permitindo que eles continuem girando e girando em sua mente, mesmo se não houve nenhum indício de que a preocupação irá de fato se concretizar. Quando isso acontece, quando ficamos até mesmo com dor de cabeça por causa disso, a técnica da parada do pensamento pode ajudar.

O ideal é que saibamos identificar o início de um possível ciclo de ruminação, para desde já colocar essa técnica em prática. Desse modo, evitaremos que a ansiedade cresça e que o mal-estar tome conta. Também é possível que no início pareça difícil colocar esse freio, e que a técnica da parada de pensamento pareça inútil. Isso pode acontecer porque ela requer um treinamento sistemático. Vamos ver como é possível praticar.

A técnica da parada do pensamento

A técnica da parada do pensamento é um exercício que muitos psicólogos recomendam. O recomendável é que, quando nos dermos conta de que estamos iniciando um processo de ruminação, procuremos e nos isolemos em um espaço no qual não seremos incomodados. Mais para frente, quando já tivermos prática nessa técnica, essa parte não será mais necessária e poderemos fazer uso do procedimento em praticamente qualquer ambiente e contexto. Agora, sozinhos e sem ninguém, vamos dedicar um tempo para refletir sobre esse pensamento que tanto nos perturba.

Vamos tentar focar nele ao invés de evitá-lo, ignorá-lo ou fugir. Não quer atenção? Então aqui está: vou lhe dar toda a atenção do mundo mesmo que meu medo ou ansiedade aumentem. Vamos manter a atenção no pensamento pelo menos durante um minuto. No momento em que não aguentarmos mais, e que esse pensamento estiver no seu auge, com a ansiedade e o medo tão fortes que parecem até insuportáveis, vamos gritar bem alto e sem nenhuma vergonha: AGORA CHEGA!

Podemos escolher qualquer outra palavra que sirva no mesmo contexto. O importante é que ao gritarmos devemos perceber que todos esses pensamentos de nossa mentem param por alguns segundos. Uma vez que tivermos feito isso, podemos sair do ambiente isolado. Ainda que a diferença nos sentimentos pareça pequena num primeiro momento, notaremos que vamos ficando cada vez mais relaxados. Mas calma, ainda não acabou. Temos que voltar e entrar de novo naquele ambiente cômodo e sozinho.

Quando voltamos para o ambiente, devemos repetir o mesmo processo. Além disso, quando falarmos a palavra, agora falaremos de um modo mais calmo. Conforme vamos entrando e saindo do ambiente, é provável que já sejamos capazes de parar o pensamento sem pronunciar a palavra em voz alta lá pela quarta vez, mais ou menos. Chegará o momento em que daremos o “basta” apenas em nossa mente, e teremos o mesmo efeito como se tivéssemos gritado bem alto.

A prática leva à perfeição

Esse exercício deve ser praticado com frequência até ser dominado. Desse modo, chegará o momento em que seremos capazes de realizá-lo de maneira automática, mesmo rodeados de pessoas, e nenhuma delas perceberá o que está acontecendo.

Graças à técnica da parada do pensamento, podemos controlar nossa mente em qualquer lugar que precisarmos. Em um jantar com amigos, em uma reunião, enquanto estamos dirigindo ou no ônibus…

Após um tempo, não teremos mais que fazer o processo de modo consciente. Será nossa mente, sem qualquer ato voluntário e consciente, que reagirá assim quando entender que aquele ciclo de pensamentos ruins teve início. Desse modo, o custo cognitivo empregado será muito baixo e poderemos seguir concentrados na conversa que estamos tendo, ou no ambiente, sem sofrer qualquer consequência.

Homem com nuvem no lugar da cabeça

Os pensamentos obsessivos que afetam muitas pessoas podem limitá-las e atrapalhá-las até o nível de impedir que façam seu trabalho, que aproveitem sua vida, que façam exercícios ou qualquer outra atividade sem pensar naquilo que os está perseguindo e tentando fazer com que eles se sintam mal. Mas temos poder sobre eles.

É por isso que com a técnica da parada de pensamento, podemos parar esse processo. E mesmo que alguém não consiga eliminar todos os pensamentos obsessivos, diminuir a duração do tempo que eles se mantêm por perto já trará benefícios, e fará com que eles se tornem um pouco menos intrusivos. Então, poderemos seguir a vida, aproveitando os momentos de lazer, trabalhando e fazendo nossas atividades sem que esses pensamentos prejudiquem a nós, nosso corpo e nossa vida.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.