Tempo ou dinheiro? As pessoas felizes respondem

Tempo ou dinheiro? As pessoas felizes respondem
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Se nos dissessem para escolher entre um aumento de salário ou uma redução da jornada, o que escolheríamos? A resposta depende em partes do nosso estado de felicidade. Um estudo publicado pela revista Social Psychological and Personality Science revela que as pessoas felizes costumam optar pelo tempo em detrimento do dinheiro.

Segundo um estudo realizado pela Universidade de Princeton, o dinheiro bem utilizado e até um máximo de 58.000 euros por ano pode influenciar o nosso nível de felicidade subjetiva. Mas, para além disso, nós podemos ser felizes acumulando dinheiro ou é mais importante ter tempo para passar momentos com nossos entes queridos ou conosco mesmo? Vamos nos aprofundar nesse assunto.

A relação entre a felicidade e o dinheiro tem um limite

Daniel Kahneman, psicólogo e ganhador do prêmio Nobel de economia em 2002, e Angus Deaton, ganhador do mesmo prêmio em 2015, analisaram mais de 450.000 respostas e descobriram que a valorização da vida aumenta paralelamente ao aumento dos nossos rendimentos econômicos.

No entanto, a opinião sobre a qualidade das experiências emocionais diárias se estabiliza a partir de determinado nível de renda. Isso quer dizer que existe um momento no qual por mais que ganhemos mais dinheiro, não seremos mais felizes. Ou seja, a relação entre dinheiro e felicidade se estagna a partir de uma renda de aproximadamente 75.000 dólares por ano (aproximadamente 240.000 reais).

Tempo ou dinheiro? As pessoas felizes respondem

Com esses resultados podemos afirmar que o dinheiro pode comprar felicidade, mas isso não é possível em todas as circunstâncias porque há um limite e quando esse limite é ultrapassado, os níveis de satisfação já não aumentam mais, e inclusive podem diminuir.

 “Meu sonho é o mesmo de Picasso; ter muito dinheiro para viver tranquilo como os pobres.”
-Fernando Savater-

O dinheiro traz felicidade?

Várias pesquisas sugerem que o dinheiro não traz felicidade, e sim picos de euforia que duram pouco tempo.  Na perspectiva da psicologia, isso se explica a partir do conceito de habituar-se. Assim, no começo ganhar muito dinheiro é prazeroso, mas a longo prazo essa sensação diminui porque nos acostumamos e voltamos aos níveis de felicidade que tínhamos no começo.

Como vemos, a felicidade global não depende apenas do que fazemos, mas também de como interpretamos e, em última instância, da nossa concepção particular sobre esse conceito.

Por outro lado, o sucesso está associado a ter mais de tudo: mais coisas, mais reconhecimento, um salário maior… E tem sentido: já falamos como o dinheiro pode trazer felicidade quando bem utilizado. Mas e o tempo? O estereótipo de pessoa bem-sucedida geralmente vem acompanhado pelo de um trabalhador ocupado que mal tem tempo para aproveitar seus hobbies, suas amizades e sua família.

Do que nos serve ter sucesso, dinheiro ou reconhecimento se não podemos aproveitar essas coisas?  Se o objetivo nessa vida é sermos pessoas felizes, por que não dedicamos mais tempo ao que realmente nos faz estar vivos? A resposta talvez tenha a ver com o fato de não sabermos ou porque talvez nem sequer tenhamos nos perguntado…

 “Aquele que acredita que o dinheiro pode fazer tudo, cabe suspeitar com fundamento que será capaz de fazer qualquer coisa por dinheiro.”
-Benjamin Franklin-

Nós sabemos utilizar o nosso tempo para sermos pessoas felizes?

Em um estudo publicado recentemente na revista Social Psychological and Personality Science, foi perguntado para quase 4.500 pessoas se elas valorizavam mais o dinheiro ou o tempo para alcançar a felicidade. 64% dessas pessoas declararam que prefeririam ter dinheiro, mas a pesquisa também explicou que quem dava mais importância ao tempo era mais feliz.  25% dos participantes que escolheram o dinheiro, quando foram perguntados de novo um ano depois, mudaram de ideia e optaram pelo tempo.

Os resultados dessa pesquisa evidenciaram que se tivéssemos duas pessoas nas mesmas circunstâncias, aquela que decidisse que o tempo é mais importante que o dinheiro seria mais feliz que aquela que preferisse o dinheiro. Mas esse não é o único estudo desse tipo.

Uma pesquisa da Universidade de British Columbia em Vancouver (no Canadá) explicou que valorizar o tempo acima do dinheiro está associado a maiores níveis de felicidade, sobretudo quando para conseguir esse dinheiro são necessárias longas jornadas de trabalho.

De acordo com o aumento da idade, o tempo passa a receber mais importância na escala de prioridades das pessoas. Esse fato tem sua lógica, já que cada segundo que passa se transforma em um bem a mais.

Nos dias de hoje, os mais jovens parecem ter tomado nota do que os mais velhos diziam para conseguirem ser pessoas felizes, mais especificamente a geração dos millennials, nascidos entre 1980 e 1995. Segundo um estudo de 2013 da consultora Price Waterhouse Coopers, essa geração prefere possuir mais tempo livre para poder conciliar sua vida profissional e pessoal do que ter um grande salário.

Os millennials consideram que o trabalho é um meio para ter estabilidade e bem-estar, mas que não é o único meio.

Como vemos, se partirmos dessas pesquisas, o dinheiro nos ajuda a sermos pessoas felizes até certo ponto, ou seja, essa relação tem seus limites. Mas saber aproveitar o tempo sempre tem sua importância, sobretudo para o nosso bem-estar. Por isso, mais do que buscar dinheiro, não podemos nos esquecer de aproveitar o nosso tempo.


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