A teoria da autodeterminação
A autodeterminação costuma ser usada em um contexto diplomático e político para descrever o processo que ocorre em um país quando ele assina a sua independência. No entanto, a teoria da autodeterminação também tem um significado muito mais pessoal e mais relevante para a psicologia.
Trata-se da capacidade ou o processo de tomar as próprias decisões e controlar a própria vida. Na verdade, a autodeterminação é um fator essencial associado ao bem-estar psicológico.
A teoria da autodeterminação sugere que as pessoas estão motivadas para crescer e mudar devido a necessidades psicológicas inatas. Ela identifica as três principais necessidades psicológicas inatas e universais: a necessidade da competência, a da conexão, e a da autonomia.
Além disso, a motivação intrínseca desempenha um papel importante na teoria da autodeterminação.
O significado da teoria da autodeterminação
A teoria da autodeterminação é uma hipótese que vincula a personalidade, a motivação humana e o funcionamento ótimo. Ela defende que existem dois tipos essenciais de motivação – a intrínseca e a extrínseca – e que ambas influenciam, e muito, quem somos e o nosso comportamento.
A teoria da autodeterminação surgiu através do trabalho dos pesquisadores Edward L. Deci e Richard M. Ryan sobre a motivação durante os anos 70 e 80. Apesar de ter crescido e se expandido desde então, os princípios básicos são os do livro que Deci e Ryan publicaram em 1985 sobre o tema.
A primeira suposição da teoria da autodeterminação é de que as pessoas são “atividades dirigidas para o crescimento”. Obter o domínio dos desafios e assimilar novas experiências é essencial para construir um sentido próprio.
Assim, a teoria de Deci e Ryan sugere que as pessoas agem motivadas pela necessidade de crescer e obter satisfação.
Enquanto as pessoas avançam motivadas pela promessa de recompensas externas, como o dinheiro, os prêmios ou o reconhecimento social (também conhecida como motivação extrínseca), a teoria da autodeterminação se concentra, principalmente, em fontes internas de motivação, como a necessidade de adquirir conhecimento ou independência (conhecida como motivação intrínseca).
De acordo com a teoria da autodeterminação, as pessoas precisam sentir as seguintes sensações para conseguir este crescimento psicológico:
- Competência: as pessoas precisam dominar as tarefas e aprender diferentes habilidades.
- Conexão ou relação: as pessoas precisam experimentar um sentido de pertencimento e o apego por outras pessoas.
- Autonomia: as pessoas precisam sentir que controlam os seus próprios comportamentos e objetivos.
Deci e Ryan sugerem que, quando as pessoas experimentam estas três sensações, elas se tornam autodeterminadas e podem se sentir intrinsecamente motivadas a buscar as coisas do seu interesse.
É importante considerar que o crescimento psicológico descrito pela teoria da autodeterminação não acontece automaticamente. Apesar das pessoas poderem estar orientadas para esse crescimento, ele requer uma manutenção contínua.
Segundo Deci e Ryan, o apoio social é o segredo. Através dos nossos relacionamentos e dos intercâmbios com outras pessoas, podemos alimentar ou frustrar o bem-estar e o crescimento pessoal.
Motivação e autodeterminação
Segundo Deci e Ryan, a motivação extrínseca nasce do interesse por aquilo que é externo. Essas fontes incluem os sistemas de qualificação, a avaliação de funcionários, os prêmios e elogios, e o respeito ou admiração de outras pessoas.
Por outro lado, a motivação intrínseca se origina do interior, e está bastante associada à própria tarefa. Temos nossos impulsos internos, que nos motivam a nos comportar de certas formas, incluindo os valores centrais, os interesses e o sentido pessoal da moralidade.
Apesar de parecer que a motivação intrínseca e a extrínseca são opostas, com um comportamento de condução intrínseco de acordo com o nosso “eu ideal”, e extrínseco, que nos levaria à adaptação dos padrões alheios, existe outra distinção importante para separar as motivações.
Por isso, a teoria da autodeterminação diferencia a motivação autônoma da motivação controlada.
A motivação autônoma inclui a motivação que se origina de fontes internas, mas também inclui a motivação de fontes extrínsecas se o indivíduo se identifica com o valor de uma atividade, e sente que ela se adapta ou é coerente com a imagem que quer projetar.
A motivação controlada é composta por:
- Um controle externo: um tipo de motivação onde o comportamento do indivíduo está orientado pelas recompensas e castigos externos.
- Um controle introspectivo: motivação que se origina das atividades e dos valores parcialmente internalizados e de motivos como evitar a vergonha, buscar a aprovação dos outros e proteger o ego.
Segundo a teoria da autodeterminação, quando um indivíduo é impulsionado por uma motivação autônoma, ele vai sentir que é dirigido por si mesmo.
No entanto, quando o indivíduo é impulsionado por uma motivação controlada, vai perceber a pressão de se comportar de uma certa forma e sentirá pouca ou nenhuma autonomia.