A teoria das janelas quebradas

A teoria das janelas quebradas
Roberto Muelas Lobato

Escrito e verificado por o psicólogo Roberto Muelas Lobato.

Última atualização: 18 maio, 2023

A teoria das janelas quebradas nos diz que os danos ao ambiente geram a sensação de que a lei não existe. Quando não há lei, cada um pode fazer o que quiser. Quando não existem regras, qualquer comportamento é aceitável, incluindo o vandalismo ou a destruição de bens materiais.

Imagine que você está fumando um cigarro. Você termina de fumar. Onde você joga a bituca? Se você está em uma rua limpa, sem um único lixo no chão, o mais provável é que guarde a bituca e a jogue na lixeira mais próxima. Por outro lado, se a rua está cheia de bitucas, nem sequer fará o esforço de se aproximar da lixeira e jogará a bituca no chão. Isto é o que nos dizem os estudos.

A teoria das janelas quebradas afirma que o dano ao ambiente gera a sensação de que a lei não existe.

Muro de tijolos

As janelas quebradas de um carro

O professor Philip Zimbardo, autor de um dos experimentos mais conhecidos em psicologia social, o experimento da prisão de Stanford, realizou outro experimento igualmente valioso, porém menos conhecido. O experimento consistia em deixar dois carros abandonados na rua. A única diferença era que um carro estava localizado em um bairro conflituoso, em uma área pobre da cidade, e o outro carro em uma rua de um bairro rico.

Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isso parece não importar a ninguém, então ali ocorrerá o delito.

O que aconteceu com os carros? O esperado. O carro situado no bairro conflituoso foi vandalizado em poucas horas, enquanto o outro carro permaneceu intacto. A conclusão mais lógica foi pensar que a pobreza e a marginalização eram a causa do delito. Mas não. O professor Zimbardo, desconfiando do óbvio, continuou investigando.

O próximo passo que tomou foi mudar a situação do carro. Para isso, as janelas do carro situado no bairro rico foram quebradas. O que aconteceu? Exatamente o mesmo que havia acontecido com o carro que deixaram no bairro periférico. Em poucas horas ambos os carros apresentavam o mesmo nível de destruição.

Bairro pobre diante de córrego

Qual foi a conclusão? Os resultados mostraram que estavam diante da teoria das janelas quebradas. A marginalidade não era a única causa do vandalismo, o ambiente também desempenhava um papel importante. O vidro quebrado do carro transmitia uma ideia de deterioração, desinteresse e despreocupação, a qual criava a ilusão de que não existiam leis, normas ou regras. O vidro quebrado, assim como o estado do bairro marginal, transmitia a sensação de que vale tudo.

As janelas quebradas do metrô

Tomando como ponto de partida a teoria das janelas quebradas, decidiu-se acabar com um dos lugares mais perigosos de Nova Iorque: o metrô. Todas as falhas foram corrigidas. A sujeira foi limpa e os grafites desapareceram. Começaram a controlar os pequenos roubos e fizeram com que todas as pessoas que usavam o metrô pagassem. O resultado foi que o metrô se tornou um lugar seguro.

Se permitimos atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando elas se tornarem adultas.

Devido tal sucesso, a cidade de Nova Iorque adotou uma política de “tolerância zero”. Para isso, foram proibidas todas as transgressões da lei e se instauraram regras de convivência. Também foi promovida a limpeza e a ordem nas comunidades. Novamente, o resultado foi positivo e o índice de criminalidade foi reduzido.

Casas coloridas

A teoria das janelas quebradas em casa

Como foi visto, se um vidro quebra e ninguém o repara, podemos adivinhar o destino dos outros vidros. Se um bairro começa a mostrar sinais de deterioração, o próximo passo será a delinquência ou o vandalismo. O ambiente nos influencia. Ter um ambiente limpo, sem falhas, pode contribuir para uma melhor convivência. Além disso, a teoria dos vidros quebrados se aplica a todos os ambientes. Se a pia fica alguns dias cheia de pratos sem lavar…

Se são cometidos pequenos erros (estacionar em local proibido, excesso de velocidade, ou não respeitar o sinal vermelho), e os mesmos não são punidos, então começarão a surgir erros maiores e, em seguida, delitos cada vez mais graves.

O pequenos erros podem dar origem a transgressões da lei. Permitir um roubo pequeno pode levar a roubos maiores, como é o caso da corrupção. Estabelecer regras claras, deixando claro quais são as exceções, pode ser uma solução, desde que não chegue tarde demais.


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