Terapia de validação afetiva: a comunicação com pessoas com disfunção cognitiva

Por trás de todo comportamento de uma pessoa com disfunção cognitiva, há uma razão de ser. Portanto, a terapia de validação afetiva promove a compreensão a partir da empatia e da humanidade.
Terapia de validação afetiva: a comunicação com pessoas com disfunção cognitiva
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Quando estamos próximos de uma pessoa com disfunção cognitiva, surge uma grande preocupação: como interagimos com ela? Como podemos lhe transmitir o que queremos dizer? O que podemos fazer se os esquecimentos, a raiva súbita e a falta de orientação são cada vez mais evidentes?

Chega um momento em que nos sentimos tão frustrados que não sabemos o que fazer, nem como agir com essa pessoa. Mas, sem dúvida, há sempre uma maneira, e uma delas é através da terapia de validação afetiva.

Essa terapia é um método maravilhoso de comunicação com pacientes com Alzheimer ou outros tipos de disfunção cognitiva, especialmente quando se torna um problema difícil, tanto para eles como para seus cuidadores.

Este tipo de terapia é um grande apoio quando se trata de lidar com pessoas que estão em estágios avançados de disfunção cognitiva. Neste artigo você poderá se inteirar sobre o que se trata, os principais princípios que aborda e algumas técnicas de comunicação.

“A maneira como nos comunicamos com os outros e com nós mesmos determina a qualidade de nossas vidas”.
-Anthony Robbins-

O que é a terapia de validação afetiva e quais foram suas origens?

A terapia de validação afetiva consiste em uma forma de comunicação para os estágios avançados de disfunção cognitiva. Além disso, é uma maneira de se aproximar assertivamente das pessoas que sofrem disso.

Através dessa terapia, os sentimentos de frustração diminuem. Isso porque se compreende o modo de tratar as pessoas com disfunção cognitiva, o que facilita a comunicação e o cuidado. Ao mesmo tempo, garante-se que se alterem menos graças ao fato dessa aproximação ser apropriada.

A criadora dessa terapia foi Naomi Feil. Naomi se relacionou toda a sua vida com pessoas idosas graças ao trabalho de seus pais. Por um lado, seu pai administrava um lar para idosos em Cleveland. Por outro, sua mãe se encarregava dos serviços sociais do centro.

Além disso, graças à estreita convivência que teve com as pessoas mais idosas, Naomi Feil idealizou uma maneira de tratar os idosos que se encontravam bastante desorientados, o que se constituiu como a terapia de validação afetiva.

Homem com demência

Princípios da terapia de validação afetiva

A terapia de validação afetiva promove um profundo respeito e empatia em relação às crenças e experiências da pessoa com disfunção cognitiva. Não importa se as ideias e experiências não são reais, é preciso lhes dar credibilidade.

Trata-se de aprovar a realidade das pessoas que se encontram em estágios avançados de disfunção cognitiva. Para isso, devem ser levados em conta os seguintes princípios:

  • Há motivos. Por trás de qualquer comportamento, ideia ou sentimento das pessoas em estágios avançados de disfunção cognitiva, há uma razão. Isso se mantém mesmo que as mudanças impliquem irritabilidade e agressividade. Portanto, devemos refletir antes de julgar e ser mais compreensivos e compassivos.
  • Autenticidade. A terapia de validação afetiva promove que cada ser seja único. Cada pessoa tem seu valor e, por isso, merece respeito.
  • Aceitação. Ou seja, deixar as críticas para trás e interagir a partir do amor com as pessoas com disfunção cognitiva. Existem comportamentos próprios do que lhes acontece dos quais eles não podem fugir, portanto, é importante ser mais tolerante.
  • Empatia. Colocar-se em seu lugar é uma boa estratégia para perceber como eles se sentem e entender pelo que estão passando. Isso ajudará a desenvolver uma sensibilidade para se relacionar com eles com paciência, respeito e carinho. Além disso, a empatia pode aumentar a confiança e reduzir a ansiedade.
  • Expressão. Ao expressar as emoções e os pensamentos pode-se reduzir os sentimentos de raiva, dor e frustração.

Manter esses princípios em mente e aplicar as técnicas da terapia de validação afetiva ajudará a aumentar os sentimentos de autoestima e a diminuir os sintomas depressivos das pessoas com disfunção cognitiva. Além disso, essas ações melhoram a relação com os cuidadores e, consequentemente, reduzem a sobrecarga emocional desses profissionais.

Técnicas para a comunicação a partir da validação afetiva

A terapia de validação afetiva está ao alcance de todos. Práticá-la implica um maior bem-estar tanto as para pessoas com disfunção cognitiva como para os cuidadores. Algumas das técnicas para alcançar seus objetivos são:

  • Redefinição. Trata-se de manter o tópico da conversa mudando o foco. Isto é, consiste em dizer as coisas de maneira diferente quando não são compreendidas.
  • Reminiscências. É benéfico para as pessoas com disfunção cognitiva estimular as memórias através dos sentidos. Por exemplo, usando fotos ou músicas que são familiares para eles.
  • Tom de voz. Adotar um tom de voz claro, baixo e carinhoso favorece o bem-estar das pessoas com disfunção cognitiva. Além disso, é necessário eliminar qualquer tom ou palavra ameaçadora.
  • Mantenha o contato. Trata-se de manter o contato visual e físico através de carícias, abraços, etc. Isso é essencial nas primeiras experiências de desorientação da pessoa.
  • Encontrar uma relação entre o comportamento e a necessidade. Isto é, buscar o vínculo entre o que a pessoa sente e o comportamento que apresenta. Para isso, é útil perguntar: por que você reclama?
Princípios da terapia de validação afetiva

Qualidade de vida

Essas técnicas validam a pessoa com disfunção cognitiva. Desta forma, favorecem uma melhor qualidade de vida. Isso se deve à diminuição dos sentimentos de desconforto tanto nos cuidadores quanto nas pessoas com disfunção cognitiva.

É uma terapia útil porque faz com que reflitamos sobre como a pessoa com disfunção cognitiva sente e pensa. Desta forma, nos convida a nos colocarmos em seus sapatos. No entanto, não é um método que substitui outros. É uma forma de aproximação às pessoas com disfunção cognitiva que pode ser integrada ou utilizada como complemento para outros tipos de tratamento.

Muitas vezes, pode causar frustração e irritabilidade ver as pessoas mais próximas desorientadas, com lembranças vagas, agressivas, com choro fácil ou qualquer outro sintoma. Portanto, é uma tarefa de cuidado e requer trabalhar tanto na forma de se relacionar quanto em si mesmo. 

Conectemos e estabeleçamos relações que, a partir do amor, nutrem aqueles com disfunção cognitiva. Sem dúvida, a terapia de validação afetiva é uma ferramenta maravilhosa para validá-los, compreendê-los e reduzir seu estresse.

Uma postura de carinho, respeito e tolerância sempre faz com que os que nos rodeiam se sintam melhor.


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  • Feil, N. (2014). Validation therapy with late onset dementia populations. Cregaving in dementia: Research and applications, 1, pp.191-218.

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