Terapia Imago: do amor romântico ao amor maduro

Quando nos apaixonamos, o amor romântico nos consome, tornando o relacionamento intenso, efervescente e quase ofuscante. No entanto, à medida que a paixão diminui, abre-se um estágio que precisamos saber como amadurecer. Essa terapia nos oferece as chaves.
Terapia Imago: do amor romântico ao amor maduro
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 10 junho, 2023

Às vezes é difícil acreditar que a forma como nos relacionamos com nossos parceiros tenha algo a ver com como foi nossa infância. As coisas boas e ruins vividas nesses primeiros anos com nossos pais costumam marcar muitas das relações que construímos na vida adulta. Além do mais, geralmente também deixa uma marca psicológica marcante em nós.

A terapia Imago nos diz que cada um de nós abriga uma imagem inconsciente de amor (imagio) que se origina em nossa família. Essa experiência pode ser idealizada, ter raízes traumáticas ou nos oferecer bases sólidas para construir laços saudáveis. Em outras palavras, às vezes o passado condiciona nossa oportunidade de sermos felizes no amor.

Fá-lo conduzindo-nos por vínculos disfuncionais, ideias muito preconceituosas sobre o afeto e deficiências emocionais que dificultam, em muitos casos, a capacidade de construir relacionamentos maduros e satisfatórios. Ora, o modelo terapêutico que conheceremos a seguir visa nos guiar nesse objetivo.

Muitos casais iniciam seu relacionamento a partir da perspectiva do amor romântico. Quando vacila, eles não sabem como lidar com isso. É preciso educar para um ideal de afeto mais maduro e menos idealista.

Casal na terapia Imago
Modelos psicológicos como a terapia Imago buscam restaurar relacionamentos melhorando a empatia, a comunicação e curando as feridas da infância.

O que é a terapia Imago?

A terapia Imago foi desenvolvida na década de 1970 pelos médicos Harville Hendrix e Helen LaKelly. Ambos estavam se divorciando e haviam tentado terapia para lidar com muitos dos problemas que a experiência  deixou. Foi então que eles perceberam um aspecto.

Naquela época, não havia nenhuma terapia baseada na ciência que facilitasse não apenas restaurar relacionamentos de casal em crise. Eles buscavam um modelo que facilitasse o crescimento e o amadurecimento do casal como pessoas mais sábias, hábeis e comprometidas em seus relacionamentos.

Como não encontraram essa abordagem nas escolas de terapia de casais existentes, desenvolveram seu próprio modelo baseado na ideia já mencionada. O amor de nossa família nos fez desenvolver um senso de identidade sobre como são os relacionamentos. E esta imagem ( imagio ) nos condiciona.

A terapia Imago visa melhorar o relacionamento, fornecendo ferramentas para otimizar a comunicação, a empatia, as habilidades interpessoais, etc. Trabalha também aquelas feridas emocionais da infância que muitas vezes acabam sendo projetadas em qualquer vínculo afetivo.

“Nascemos em um relacionamento, somos feridos no relacionamento e podemos ser curados no relacionamento.”

Harville Hendrix

Local de onde parte

Pesquisas da Villanova University, na Filadélfia, indicam que, aos poucos, estamos descobrindo mais dados sobre sua eficácia. No momento sabemos que é ideal para aumentar a empatia dos membros de um relacionamento. Este é um aspecto relevante. Vejamos em que pilares se baseia:

  • A terapia Imago tem suas raízes na psicanálise (junguiana). Enfatiza como nossa infância e o que aconteceu nela constrói a personalidade.
  • É preciso sarar aquelas feridas do passado que atrapalharam nosso desenvolvimento psicoafetivo. Caso não sigamos essa abordagem, cairemos repetidamente em vínculos prejudiciais.
  • A terapia permite que a pessoa tenha boa capacidade de comunicação, empatia e desative os ideais clássicos do amor romântico.
  • Devemos curar, corrigir e desativar esquemas errôneos que limitam nosso potencial humano. Exemplo disso são aquelas mensagens que costumamos receber na infância como: «chorar é para os fracos; tem que ser forte; Quem te ama, vai te fazer chorar; amor é paixão, etc.”

A terapia Imago pode não apenas melhorar nosso relacionamento como casal. O que ela faz é também curar muitas de nossas partes mais dolorosas de ontem de uma infância traumática ou disfuncional.

Casal na terapia Imago
Um dos recursos mais conhecidos dessa terapia é a técnica do espelho.

Técnicas para construir um amor mais maduro

A terapia Imago busca que seus pacientes editem a imagem mental que têm sobre o amor romântico. Eles devem entender que esta fase é temporária, é um estado de euforia, paixão e fascínio que enfraquece com o tempo. É então quando surge uma nova etapa que cada integrante deve saber trabalhar para avançar para um ciclo mais maduro e também satisfatório.

Vejamos os três passos que esta abordagem terapêutica costuma aplicar:

1. O espelho

Agindo como um espelho, fazendo com que nosso parceiro veja nosso reflexo e vice-versa. Este recurso tem um grande potencial e pode ser útil para nós. Uma das técnicas mais recorrentes da terapia Imago é a abertura para o nosso parceiro, expressando tudo o que sentimos, pensamos e precisamos. Deve ser feito com meticulosidade e clareza, também com coragem.

O próximo passo é o nosso parceiro agir como um espelho, ou seja, detalhar o que viu, o que entendeu, o que dissemos e como acha que nos sentimos. Ele se colocará em nosso lugar. Em seguida, será a vez da outra pessoa.

2. Validação

A validação é a cola diária em um relacionamento feliz, maduro e consciente. Implica aceitar e compreender a realidade do outro sem julgá-la, sem criticá-la, sem querer modificá-la ou impor a nossa. É dar espaço à necessidade, emoção ou pensamento que o ente querido tem, e fazê-lo ver que o que ele vive é importante para nós.

Devemos ser capazes de ouvir e entender o outro a partir de sua perspectiva, mostrando respeito. Este é um elemento chave para o sucesso de um relacionamento afetivo.

3. Segurança

Um vínculo entre duas pessoas crescerá e amadurecerá se ambos criarem um espaço seguro para se encontrar, cuidar um do outro e resolver problemas. Tornar-se o porto seguro do outro também significa poder fazer mudanças para que esse vínculo prospere e continue crescendo. É unir esforços a dois para formar aquele espaço de proteção em que o diálogo, a confiança e a empatia fluem constantemente.

Para concluir, este é um recurso interessante e prático que nos permitirá compreender os nutrientes que tornam as relações mais satisfatórias e felizes. Livros como Imago Relationship Therapy: Perspectives on Theory (2005), por exemplo, tiveram bastante sucesso.

O que nos revela que, de alguma forma, nos interessa tratar e sanear certas imagens sobre o amor que, inconscientemente, mais nos limitam do que nos beneficiam.


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  • Gehlert, N. C., Schmidt, C. D., Giegerich, V., & Luquet, W. (2017). Randomized controlled trial of Imago relationship therapy: Exploring statistical and clinical significance. Journal of Couple & Relationship Therapy16(3), 188–209.
  • Hannah, M. T., Luquet, W., Hendrix, H., Hunt, H., & Mason, R. C. (2005). Imago relationship therapy: Perspectives on theory. Jossey-Bass/A Wiley Imprint.
  • Luquet, W. (2015). Short-term couples therapy: The Imago model in action. Routledge.
  • Schmidt, C. D., & Gehlert, N. C. (2016). Couples therapy and empathy: An evaluation of the impact of Imago relationship therapy on partner empathy levels. The Family Journal25(1), 23–30.

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