3 tipos de identidade de gênero
Vivemos em um mundo de natureza heterogênea. A diversidade faz parte da nossa vida; na verdade, podemos identificá-la em cada uma das nossas interações diárias com outras pessoas. Quando nos referimos à diversidade sexual e de gênero, o que fazemos é falar sobre as diferentes maneiras por meio das quais os seres humanos podem viver, desfrutar e expressar seus diferentes tipos de orientação sexual e identidade de gênero.
A identidade de gênero pode ser entendida como a percepção individual e subjetiva de cada indivíduo em relação ao gênero; isto é, se você se percebe como homem, como mulher ou como nenhum dos dois, e a maneira como vivencia essa percepção em sua vida diária.
Os tipos de identidade de gênero
1. Cisgênero
O termo “cisgênero” se refere a pessoas cuja identidade de gênero coincide com seu sexo biológico e com o gênero atribuído no nascimento. Assim, existem homens e mulheres cisgêneros.
A palavra começou a ganhar relevância na segunda década dos anos 2000, mostrando que o que costuma ser considerado “normal” é apenas uma opção entre muitas outras.
2. Identidades trans
O prefixo trans significa ‘do outro lado’ ou ‘através’. É usado para descrever diferentes identidades e expressões de gênero que têm em comum o fato de que o gênero atribuído ao nascer não concorda com a percepção de gênero que o indivíduo tem de si mesmo.
Nesse termo, poderiam ser agrupadas as experiências de vida de transexuais, transgêneros, travestis, entre outros.
O Informe sobre Personas Trans y de Género Diverso y sus derechos económicos, sociales, culturales y ambientales da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (2020) também inclui na categoria de identidades trans pessoas que se identificam como não binárias.
Feminilidade trans
A expressão “feminilidade trans” engloba pessoas a quem foi atribuído o gênero masculino no momento do nascimento, mas sua identidade de gênero está orientada para o social e culturalmente construído como feminino.
Masculinidade trans
Quando falamos em “masculinidades trans”, nos referimos a pessoas que foram identificadas com o gênero feminino ao nascer. No entanto, sua identidade de gênero faz parte do que foi construído social e culturalmente como masculino.
Gênero não binário
Pessoas de gênero não binário são aquelas que não se identificam com o gênero atribuído ao nascer e que, na verdade, também não se identificam como ‘masculino’ ou ‘feminino’. Desse modo, são pessoas que podem transitar entre diferentes expressões de gênero (gênero fluido) ou se identificar com um gênero neutro sem marcadores de diferença em relação ao feminino ou masculino (gênero neutro).
Identidades ancestrais
Essas classificações se enquadram tanto no modelo biomédico quanto nas demandas dos grupos pelo reconhecimento dos direitos dos dissidentes sexuais. Em outras palavras, elas fazem parte de uma forma ocidentalizada de compreender e classificar o gênero e a sexualidade.
Diferentes comunidades indígenas vêm construindo suas próprias categorias que, além de irem além do binarismo de gênero, assimilam a diversidade sexual como expressões do vínculo fluido com a natureza. Podemos encontrar, por exemplo, as identidades Muxhe e Two-Spirit.
Muxhe
Surgiu na cultura zapoteca de Oaxaca, no sul do México. O termo vem da forma como a palavra mulher era pronunciada no espanhol do século 16 e é usado para se referir a pessoas a quem foi atribuído o gênero masculino no nascimento, mas que se identificam com identidades de gênero femininas.
É, então, uma terceira identidade, uma existência fora do sistema binário de gênero, com participação integral nas diferentes dinâmicas da sociedade e com reconhecimento e respeito pela sua expressão de gênero.
Two-Spirit
Nos povos nativos da América do Norte, a categoria Two-Spirit. era usada para designar pessoas que assumiam papéis e identidades masculinas e femininas.
Nas últimas décadas, descendentes de diferentes povos indígenas dos Estados Unidos e Canadá se apropriaram desse termo novamente para reivindicar não apenas sua identidade sexual, mas também sua ancestralidade étnica.
Os tipos de identidade de gênero são mais do que rótulos
Embora à primeira vista possa parecer confuso, desnecessário ou uma questão da moda, o fato de nomear e caracterizar diferentes identidades de gênero faz com que seja possível que cada vez menos pessoas tenham que esconder o que são, sua percepção da sua corporalidade e do seu desejo. Mesmo sofrendo (e eles ainda sofrem) perseguição, assédio, abuso e discriminação por romper a dicotomia homem-mulher.
Conhecer os diferentes tipos de identidade de gênero é um passo para reconhecer e enfrentar a discriminação cotidiana, reduzir a violência contra a população LGBTQIA+ e questionar a cisnormatividade e o binarismo forçado de gênero.
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- Comisión Interamericana de Derechos Humanos (2020) Informe sobre Personas Trans y de Género Diverso y sus derechos económicos, sociales, culturales y ambientales. ISBN 978-0-8270-7101-8. Disponible en: https://www.oas.org/es/cidh/informes/pdfs/PersonasTransDESCA-es.pdf.
- Robinson, M. (2020). Two-Spirit Identity in a Time of Gender Fluidity. Journal of Homosexuality, 67(12), 1675–1690. https://doi.org/10.1080/00918369.2019.1613853.