Todas as emoções são aceitáveis, todos os comportamentos não

Todas as emoções são aceitáveis, todos os comportamentos não
Adriana Díez

Escrito e verificado por a psicóloga Adriana Díez.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Todos nós temos o direito de sentir qualquer tipo de emoção. Todos temos experiências que nos fazem vivenciar sentimentos diferentes em nosso corpo e em nossa mente. Nesse sentido, todas as emoções são aceitáveis, mas o que não podemos é aceitar qualquer tipo de expressão ou canalização dos comportamentos que possam emergir dessas emoções.

Nosso trabalho está em identificar as emoções e reconhecê-las antes que elas nos dominem e que não possamos mais impor nosso controle. A partir desse ponto, devemos saber como encontrar uma saída que não prejudique ninguém e que nos permita expressar, controlar e canalizar aquilo que sentimos.

Às vezes, as emoções surgem sem que seja possível prevê-las. Quase automaticamente sentimos raiva, ira, vergonha, e não é que não devemos sentir isso. A questão é não permitir que essas sensações assumam o controle. Sentir significa que estamos vivos, vivenciar isso em nós mesmos é sentir que algo importa para nós. É natural.

No entanto, no momento em que as emoções assumem o controle e nos fazem falar sem ter a possibilidade de parar para pensar e se acalmar, perdem todo o poder positivo e, com isso, nossos atos que derivam delas também perdem valor.

“No conhecimento de nossos medos e padrões emocionais inconscientes está a chave para a nossa liberdade”.
– Elsa Punset-

As emoções podem ser controladas?

Existem emoções que surgem sem nos darmos conta, quase de forma automática, que aparecem quase no mesmo instante em que a ação ocorre. Por exemplo, se vemos uma pessoa que está nos seguindo em um beco escuro, o medo aparece; se nos dão um presente, ficamos felizes.

A maneira como falamos uns com os outros e a forma como pensamos potencializa o que sentimos, nos faz analisar a situação e contribui para que apareçam certas emoções ou outras. Por exemplo, se continuamos caminhando pelo beco e vemos alguém atrás de nós, podemos acalmar nosso medo se pensarmos ou dissermos a nós mesmos que é alguém que mora no edifício ao lado, em vez de pensarmos que a pessoa pretende nos atacar.

Portanto, às vezes nossas emoções podem aparecer instantaneamente, mas nossa forma de reagir será mediada por nossos pensamentos e nossa intervenção interior, e é aí que está nossa margem para agir. É importante tomar nosso tempo para analisar o que e por que sentimos, dar espaço à emoção e mediar nosso pensamento para que seja criado um laço direto entre a emoção e a ação. Nosso poder está em reconsiderar e esperar um pouco antes de agir.

Todas as emoções são aceitáveis, mas nem todos os comportamentos são justificáveis

Mulher rodeada de dentes-de-leão

Talvez o erro esteja em pensar que, por sentirmos algo, temos o direito de agir como quisermos, e não é bem assim. A liberdade dos meus atos acaba quando começa a dos outros e, portanto, determinada emoção nunca pode justificar uma violação dos direitos dos outros. O poder da minha liberdade também reside no controle sobre os meus atos.

Posso sentir raiva e isso é aceitável, posso sentir rancor e isso é aceitável, posso sentir ódio e isso também é aceitável. Mas nunca será aceitável causar danos aos outros por causa do meu aborrecimento ou da minha raiva se não for estritamente por defesa própria. Toda emoção é justificável, mas não todos os comportamentos.

Dessa maneira, é nossa obrigação aprender a canalizar todas as emoções que nos machucam e encontrar uma saída que seja benéfica para todos, uma saída que nos alivie e que permita expressar o que sentimos.

Todo o nosso poder está em nós mesmos e na maneira como administramos o que acontece dentro de nós. Somos livres para sentir e inclusive nos recriar em qualquer tipo de emoção, mas também somos responsáveis pelos atos que realizamos motivados por elas.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.