O ciúme infantil: o que pode acontecer se ele não for trabalhado?

O ciúme infantil é uma fonte de sofrimento para as crianças e também para nós: pais, tutores, amigos, etc. Se estiver presente há muito tempo, pode até prejudicar seriamente os relacionamentos.
O ciúme infantil: o que pode acontecer se ele não for trabalhado?
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Era uma vez uma criança que se sentia o centro do universo. Toda a atenção de seus pais estava voltada para ele… e apenas para ele. No entanto, um belo dia, o menino recebeu uma má notícia para ele: ia ganhar um irmão mais novo. Ele não achou graça nenhuma. Felizmente, seus pais logo perceberam que precisariam trabalhar o ciúme infantil com o filho mais velho o mais rápido possível ou o problema aumentaria.

Infelizmente, depois de um tempo, os pais se viram mergulhados no problema e o ciúme da criança se tornou crônico e até aumentou. Por isso, a relação do menino com o irmão piorou e, aos poucos, toda a família foi atingida pela situação.

Esse problema parece familiar para você? Nesse caso, abordamos o tema como se fosse uma historinha. Contudo, é uma situação que ocorre com mais frequência do que pensamos e que é capaz de gerar uma boa dose de sofrimento. E não apenas pela chegada de um irmão mais novo. Os motivos que causam o ciúme infantil podem ser muito variados.

Então, como devemos agir? O ciúme infantil pode ou não ser justificado, mas existe e é real . Portanto, para evitar que apareça, a primeira coisa que podemos fazer é iniciar um bom trabalho de prevenção. Em seguida, devemos observar as causas, para analisar os sintomas e, por fim, se já tivermos chegado a esse ponto, seguir a prescrição de intervenção proposta pelo especialista. Contudo, antes de abordar como trabalhar o ciúme infantil, vamos tentar entender melhor o que é e como ocorre.

A chegada de um irmão

O que é o ciúme?

O ciúme é definido como um estado subjetivo que causa um sentimento de frustração. Surge devido à crença de que um indivíduo não é correspondido emocionalmente pelas pessoas que o amam, como no caso de pais, irmãos, companheiros, familiares… Aparece até em animais de estimação. Às vezes o problema não é a falta de correspondência, mas o fato de que a intensidade e a frequência desejadas ou necessárias não são alcançadas.

O ciúme pode não se justificar: a criança pode continuar recebendo a mesma atenção de antes, até mais do que o irmão. No entanto, na mente da pessoa que sofre, existe um sofrimento que é real. Isso pode ocorrer devido a um distúrbio clínico que requer cuidados especializados.

No caso de crianças, o indivíduo pode apresentar sentimentos de inveja e ressentimento. Seja como for, não deixa de ser uma distorção cognitiva que, em última análise, pode ter consequências futuras.

Ciúme de irmãos

É uma causa muito comum em crianças. Em geral, é provocado por fatores ambientais e evolutivos e pode ter relevância  Os fatores podem ser genéticos, o que predispõe a criança, e pode ter consequências em sua vida adulta no futuro.

Ciúme evolutivo

Depende do momento evolutivo da criança. Entre os 2 e os 5 anos é o momento mais crítico para a chegada de um irmão mais novo, pois se ele nascer na fase de apego, a situação vai ficar especialmente sensível.

Características paternas

O estilo educacional dos pais ou responsáveis, bem como o clima familiar que a criança possui em casa, também se tornam fatores importantes a serem considerados na evolução e no desenvolvimento dos pequenos e em sua reação ao ciúme.

Fatores ambientais

Outro ponto-chave. Depende do ambiente da criança, e não apenas do ambiente familiar. Suas próprias experiências, sua capacidade de socialização, sua tolerância, suas possíveis deficiências emocionais… Tudo influencia nesse caso.

Sintomas do ciúme infantil

São vários os indicadores que podem nos mostrar que estamos diante de uma criança ciumenta, sejam eles fundados ou não. Vamos ver os mais comuns:

  • Mudanças de humor injustificadas.
  • Sinais de infelicidade, como choro não motivado.
  • Aparecimento de novos comportamentos, como fazer xixi na cama ou falta de apetite.
  • Mudanças na expressão gestual e verbal.
  • Atitude negativa e teimosa, além de dificuldade para obedecer.
  • Negação sistemática dos próprios erros e tendência a culpar os outros.

“Quem é ciumento nunca tem ciúme do que vê. O que se imagina é o suficiente “.
-Jacinto Benavente-

Ciúme entre irmãos

Estratégias para trabalhar o ciúme infantil

Ao trabalhar o ciúme infantil, devemos considerar várias estratégias que podem ser úteis:

  • Análise da origem do ciúme: é necessário conhecer bem a criança e suas circunstâncias. Sabendo qual é a origem do ciúme, podemos agir de acordo.
  • Envolvimento de todos os atores: uma vez identificado o ciúme, o padrão a ser seguido será estabelecido e deve ser seguido pelas pessoas que interagem com a criança, como familiares, educadores, etc.
  • Evitar tratamento preferencial: se houver várias crianças na família, devemos evitar dar um tratamento preferencial para qualquer um deles.
  • Reforço positivo: devemos usar o reforço positivo destacando os acertos e não colocando muita ênfase nos pontos negativos.
  • Retirada da atenção diante de comportamentos ciumentos: isto é, na presença de birras, desobediência premeditada, etc.
  • Reforço de atividades familiares e brincadeiras em grupo.
  • Reação calma: é importante reagir com calma aos episódios de ciúme. Devemos evitar alvoroços e recriminações na medida do possível.
  • Lembrar os privilégios: quando a criança encarar tudo de forma negativa, devemos relembrar a utilidade da situação. Por exemplo, se for ciúme do irmão mais novo, podemos falar sobre as vantagens, como brincar juntos, etc.

Trabalhar o ciúme infantil é importante, pois, como já dissemos, continua sendo uma fonte de sofrimento e um foco de erosão nas relações interpessoais.

Se a situação sair do controle, é positivo procurar um profissional para realizar uma avaliação e, com base nisso, determinar a melhor intervenção.


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  • Dalloz. D. (2003). Los celos. Madrid: Ediciones Internacionales Universitarias.

  • Polaino-Lorente. A. (1991). Hijos celosos. Barcelona: Ediciones CEAC.


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