Um pai não dá o peito, mas também nutre

Um pai não dá o peito, mas também nutre

Última atualização: 25 março, 2022

Um pai também entende de criação com carinho e desfruta da proximidade cotidiana na qual dá afeto, carinho e cantigas de ninar. Ele também nutre, mesmo que não possa dar o peito; também passa noites em claro, ri, sofre e se preocupa com essa criança que faz parte do seu ser, mesmo que não tenha crescido no seu interior.

As mudanças associadas aos papéis de gênero preestabelecidos estão mudando, e isso é algo maravilhoso. Hoje em dia a paternidade não é mais um rótulo para outorgar ao homem a responsabilidade exclusiva do sustento de um lar. Os pais fazem parte na criação, não são agentes auxiliares, mas sim figuras presentes, próximas e sempre participantes na vida dos pequenos nos quais deixam suas marcas, a quem nutrem, amam e guiam.

“Não é a carne nem o sangue que os transforma em pais e filhos, mas sim o coração.”
-Friedrich Von Schiller-

Uma coisa que muitos pedagogos e especialistas em criação costumam comentar é que uma criança é parte de uma tribo. Sempre falamos de maternidade e do apego íntimo estabelecido entre uma mulher e o seu bebê. Contudo, para ninguém passa despercebido que as crianças de hoje crescem em um pequeno microcosmo habitado por seus pais, seus avós, tios, amigos dos pais, professores…

Toda interação, todo hábito, cada gesto e cada palavra deixa marcas no cérebro infantil, e os pais têm a capacidade de deixar um impacto tremendamente positivo nos seus filhos.

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O pai como figura de bem-estar psicológico

Uma coisa que todos sabemos é que assim como existem boas mães e mães ruins, os pais também são propensos a falhas, cometem erros, e inclusive há os que escolhem o papel de pai presente, mas ausente. Antes de serem figuras de referência na educação e criação de uma criança, os pais e as mães são pessoas, e dependendo da sua maturidade e do seu equilíbrio psicológico e emocional, serão capazes de garantir um melhor ou pior desenvolvimento do pequeno.

Como revela um trabalho realizado na Universidade de Michigan (Estados Unidos), uma responsabilidade que todo pai tem é de cuidar do seu próprio bem-estar psicológico com o objetivo de promover um adequado equilíbrio emocional nos seus filhos. Uma coisa que foi possível constatar é que os efeitos do desemprego, do estresse ou do simples fato de mostrar condutas errantes, marcadas por uma personalidade desigual, impactam de forma negativa no desenvolvimento cognitivo da criança, e inclusive nas suas habilidades sociais.

Por sua vez, o impacto da figura paterna no desenvolvimento da fala e da linguagem dos bebês é inegável. Implica para os pequenos receber muito mais estímulos, uma voz diferente à da mamãe com outro tom, com outro tipo de gesto, e se beneficiar de uma gama mais ampla de estímulos. Ao longo dos 3 primeiros anos de vida, a presença próxima, afetuosa, divertida e acessível do pai consolidará também os delicados processos associados à linguagem.

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Os nutrientes que a figura paterna oferece

O número de famílias monoparentais continua crescendo. Cada vez existem mais pais e mães que encaram a criação de seus filhos a sós, seja porque assim escolheram ou porque o destino assim o quis. Seja como for, a atenção, o cuidado e a educação de uma criança requer, acima de tudo, uma proximidade física e emocional com a qual conferir a essa nova vida uma segurança e um amor verdadeiro. Uma coisa para a qual tanto homens quanto mulheres precisam estar capacitados.

“Um bom pai vale por cem professores.”
-Jean Jacques Rousseau-

Por outro lado, uma coisa que todos sabemos é que as crianças não chegam ao mundo com um manual de instruções, e se isto é assim, deve-se a uma razão muito simples: elas não são máquinas. As crianças são feitas de carne, de necessidades, de um coração que bate com força e um cérebro que almeja tudo e que anseia poder se conectar com seu entorno. Precisam de nutrientes e um tipo de alimento que vai muito além do leite materno, algo que um pai também conhece e pode dar.

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Os nutrientes mais valiosos que um pai precisa dar

Nossa família e o tipo de vínculo estabelecido com ela determinam grande parte do que somos. Muito além dos genes e do sangue, há uma arquitetura íntima e privada onde surge o reino das nossas emoções, dos nossos medos, limitações, e também de nossos valores. São dimensões que um bom pai precisa nutrir de forma correta. Vejamos alguns exemplos.

  • A disponibilidade emocional. A capacidade de resposta diante das necessidades da criança e a qualidade das mesmas garantem um desenvolvimento ótimo e uma melhor maturidade ao longo da sua vida da criança.
  • O reconhecimento. Toda criança precisa se sentir reconhecida e valorizada por parte de seus progenitores. Contar com um olhar paterno sempre atento, próximo, valioso e cheio de afeto promove um bom desenvolvimento da autoestima da criança.
  • A participação. O bom pai não se limita a apenas “estar”, mas também a se fazer sentir, a favorecer a descoberta, o despertar de novas emoções e aprendizados, a ser um “ouvinte” incansável, um negociador e um comunicador.
  • A inspiração. Uma coisa que a maioria dos pais faz é abrir a suas crianças novos mundos onde podem se sentir competentes e ao mesmo tempo conhecer a si mesmos. Muitos de nossos pais nos transmitiram suas paixões, o seu amor pela música, os livros, a natureza… Valores que agora definem nossa vida de adultos.

Para concluir, uma coisa que vale a pena relembrar é que o bom pai não é uma criança grande que se diverte brincando e fazendo o seu filho rir. O pai “real” é um adulto com grandes competências emocionais, alguém seguro de si mesmo, corajoso como qualquer mãe e preocupado sempre em dar segurança, ânimo e afeto à criança, para que no dia de amanhã ela abra suas asas transformado-se em um adulto livre, maduro e capaz de dar e receber felicidade.

Imagens cortesia de Margarita Sikorskaia.


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