Vaginismo: definição, sintomas e tratamentos

Vaginismo: definição, sintomas e tratamentos

Última atualização: 05 setembro, 2017

Uma das principais dificuldades conhecidas na hora de ter relações sexuais é o vaginismo. Ao contrário do que pode parecer, é algo bastante comum, mas pouco reconhecido. O vaginismo é uma disfunção sexual bastante frequente que pode levar a problemas no casal relacionados à perda de autoestima, ansiedade, comunicação ou frustração por ambas as partes.

Cerca de um em cada três casais tem um problema de disfunção sexual. Muitas mulheres se sentem desconfortáveis ​​ou envergonhadas na hora de falar sobre assuntos relacionados ao sexo, à dor e à incapacidade de manter relações com a penetração. No entanto, devemos tentar não subestimar essas situações, uma vez que um problema que tem uma solução se torna um pesadelo a nível físico e psicológico para a pessoa que o sofre.

O que é vaginismo?

O vaginismo é uma condição que causa a contração involuntária dos músculos da parede pélvica que cercam a vagina, causando o fechamento parcial ou total da mesma, o que causa dor e impossibilidade na hora de tentar uma penetração. A contração desses músculos pode ser leve ou intensa. Dependendo de um ou outro, haverá situações de desconforto e até a incapacidade de manter relações sexuais através da penetração.

Mulher sofrendo de vaginismo

Está dentro do grupo de distúrbios sexuais por dor. Na última publicação do manual DSM-V, “distúrbios relacionados à dor (dispareunia e vaginismo) são fundidos sob o nome do distúrbio por penetração / dor genital-pélvica” (Moyano e Sierra, 2015, p.277-286).

Apesar da nova categoria, o mais comum é se referir ao problema de forma clássica como vaginismo. O diagnóstico do problema é complicado, pois quase sempre é feito com base na informação da mulher que o sofre. Seria necessária a avaliação da saúde através de um exame. Isso geralmente é complicado por causa da contração mencionada.

Tipos de vaginismo e dor

Seguindo os estudos mais recentes, podemos falar sobre dois tipos de vaginismo. De acordo com Engman (2007):

  • Vaginismo total: neste caso, existe um intenso medo da penetração que, como conseqüência, é evitada a qualquer custo. É apresentada uma contração total na área da parede pélvica. É algo que fica completamente fora do controle da mulher.
  • Vaginismo parcial: a diferença em relação à anterior é um reflexo parcial de contração muscular. A vagina se fecha durante a penetração (ou tenta) causando desconforto significativo.

Por outro lado, devemos distinguir se é um vaginismo primário ou secundário. O primário tem a ver com fatores psicológicos ou combinados. O vaginismo secundário aparece depois de uma lesão após uma cirurgia, uma queda, candidíase ou cistite recorrente.

Por que isso acontece comigo?

90% dos problemas de disfunção sexual têm origem psicológica. As principais causas identificadas referem-se a um trauma ou abuso sexual do passado, fatores de saúde mental ou uma resposta deficiente devido à dor física contínua. Apesar da rejeição que pode gerar a penetração, isso não está relacionado à perda de desejo. A mulher pode perfeitamente sentir desejo e excitação, e pode atingir o orgasmo por meio da estimulação do clitóris.

De acordo com o modelo de Barlow (1986) “as disfunções sexuais são decorrentes de um processo multidimensional que reúne a interação entre interferências cognitivas e ansiedade (…). Assim responde de maneira negativa a situações sexuais mais ou menos explícitas, o que provoca, por sua vez, a focalização da atenção nos estímulos ou circunstâncias irrelevantes ou expectativas negativas”. Como um processo natural, seguiria “estas aumentarão a resposta emocional negativa que, por sua vez, irá potencializar o processo negativo e, portanto, interferir na resposta sexual” (Carrasco, 2001).

De acordo com o DSM-IV pode ser um problema de toda a vida ou adquirido. Ou seja, é possível estar presente desde a primeira tentativa de penetração. Se é adquirido, seja pelo desconforto contínuo na penetração ou por ter sofrido abuso sexual, pode gerar um trauma que favoreça para a disfunção se manter. Assim, é sempre aconselhável ir ao médico para descartar fatores orgânicos, como a vaginite atrófica ou até mesmo diabetes (que pode produzir secura e irritação), infecções ou endometriose.

Sofrer de vaginismo

Fatores pessoais e impessoais

De acordo com Master e Johnson (1970, 1987), existiriam os fatores pessoais e impessoais. Os pessoais têm a ver com os problemas de informação, mitos culturais, medos, o medo de rejeição ou dor, entre outras coisas.

Embora seus estudos tenham quase quarenta anos de idade, a verdade é que os problemas relacionados aos mitos e informações equivocadas continuam. As gerações são diferentes, mas o que há alguns anos atrás foi a desinformação agora podemos traduzir mais como informação distorcida (filmes, filmes eróticos, “modas”, redes sociais, etc.).

“O erotismo é uma das bases do conhecimento de si mesmo, tão indispensável quanto a poesia”.
-Anaïs Nin-

Os problemas impessoais têm a ver com a comunicação do casal, os papéis de poder entre os dois, a agressividade, a perda de atração física, a desconfiança ou as diferentes atitudes em relação ao sexo. Esta descompensação pode levar a problemas de dispareunia (dor física ao manter relações sexuais).

Como resolver?

Atualmente são recomendadas estratégias multidisciplinares. O que isso significa? Abordar o problema a partir de diferentes áreas médicas. O ideal é ter um ginecologista, um fisioterapeuta e um psicólogo. Nas três áreas, é possível trabalhar a partir do controle médico, dos trabalhos musculares da área e dos pensamentos, atitudes e habilidades sexuais a serem melhorados individualmente e por parte do parceiro.

A nível muscular, os fisioterapeutas trabalham com a ideia de mudanças hormonais, fibras musculares, liberação de cálcio e substâncias inflamatórias que afetam a área. Eles geralmente usam técnicas como a discriminação sensorial, pressão manual, dilatadores, treinamento da parede pélvica, reeducação postural e o trabalho na área abdominal para uma recuperação e prevenção a longo prazo.

A parte psicológica, parte das terapias sexuais, é essencial para completar uma recuperação correta. Lembre-se de que 90% dos casos têm uma origem mental, uma porcentagem que aumenta quando falamos sobre as condições e circunstâncias que fazem com que o problema seja mantido ou intensificado ao longo do tempo. O tratamento estará orientado para uma série de pontos-chave em três dimensões: a dos pensamentos, a das emoções e a das condutas.

Objetivos na terapia psicológica

A nível de pensamento, são revisados os mitos e crenças relacionadas ao sexo. Também os medos e crenças a respeito das relações sexuais. O trabalho com as obsessões e o pensamento negativo é necessário para avançar. O sexo e suas dificuldades são algo presente no dia a dia que gera problemas psicológicos associados.

As preocupações a respeito do casal e a desconfiança são dois inimigos a combater durante a terapia. Por último, são revistas as expectativas em relação à dor. Com respeito ao emocional, são trabalhados temas relacionados com a ansiedade, medo e autoestima.

“Em cada encontro erótico há um personagem invisível e sempre ativo: a imaginação”.
-Octavio Paz-

Como tratar o vaginismo

Tanto individualmente como em casal, trabalham-se técnicas de exposição ao vivo ou psicoeducação. Às vezes, as primeiras a desconhecer a anatomia e as possibilidades da vagina são as mulheres.

É usado o “treinamento de autoexploração e autoestimulação, que visa melhorar o autoconhecimento a respeito das reações e respostas do próprio corpo ao estímulo (…) e focalização sensorial com o fim de reduzir a ansiedade diante do contato sexual, aprender a dar e receber prazer sexual e aumentar a comunicação “(Olivares Crespo e Fernandez – Velasco, 2003, p.67-99). Tudo isso combinado com técnicas como o relaxamento muscular (tensão – distensão na interação sexual).

Nosso parceiro, um apoio

Sempre que há comunicação, compreensão, paciência e amor, podemos encontrar um apoio terapêutico na pessoa que temos ao lado. Em relação à presença ou não do parceiro na terapia, os autores Olivares e Fernandez – Velasco (2003) nos lembram que:

Hartman e Daly (1983) demonstrou que a terapia de casal pode potencializar os efeitos da terapia sexual. Além disso, Cáceres (1993) afirmava que a combinação de terapia sexual e de casal é necessária para resolver os problemas sexuais, assim como a intervenção em problemas sexuais seria aconselhável, embora não seja suficiente para a melhoria do casal. (P.67-99).

A verdade é que resolver os problemas sexuais geralmente melhora e muito a relação. Cuidado, isso não significa que uma dinâmica ruim em um casal com vários problemas seja resolvida através do sexo. O tratamento deste tipo de problema tem uma alta probabilidade de êxito. É mais o constrangimento ou o medo que impede que muitas mulheres acabem com o tabu das dificuldades de penetração (seja o exame médico vaginal, a relação sexual ou a higiene íntima).


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.