Vão ficando as pessoas que contam, vão embora as que sobram

Vão ficando as pessoas que contam, vão embora as que sobram

Última atualização: 16 dezembro, 2016

As pessoas avançam rodeadas de círculos concêntricos de relacionamentos íntimos, que variam em grau e proximidade e em função do objetivo da relação. Este objetivo pode ser conseguir uma fonte de informação importante e significativa para a vida, uma ajuda estável para o desenvolvimento da vida, ou simplesmente uma fonte de bem-estar social.

Pense, por exemplo, no botão de uma camisa: ele cairá no chão se os fios que o unem à peça de roupa se rasgarem. Com a amizade acontece algo semelhante, embora neste caso os fios que a unem ao coração sejam mais complexos e evoluam em função das demandas e necessidades, mas também das expectativas.

A amizade, assim como qualquer outro tipo de vínculo entre pessoas, não é estática. Este dinamismo faz com que ela evolua e que ao seu redor aconteçam adaptações. Contudo, às vezes a mudança é tão grande e tão negativa que o fio se quebra e o botão se perde.

Estas perdas quase sempre deixam um pouco de nostalgia, como se fossem uma prova irrefutável de que já não somos quem fomos uma vez. Contudo, esta nostalgia não deve nos confundir, especialmente quando os relacionamentos se tornaram interessados e rodeados, ao mesmo tempo, de uma áurea de frieza.

O sofrimento de tentar colar o que não se encaixa

O apego é nocivo quando nos obriga a continuar mantendo um relacionamento com base em alguma coisa que já foi, mas que não é mais; quando um punhado de boas lembranças sustentam uma tediosa rotina cheia de desencanto. A união que se transformou em um espelho e que provoca confrontos não merece mais tempo do que você já lhe deu.

Não é verdade que a distância ou as dificuldades estragam o carinho ou a qualidade dos relacionamentos. Também não a rotina, que se transforma em um prazer conhecido quando a companhia do outro complementa e aumenta o nosso próprio bem-estar diário.

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As relações se deterioram porque alguma das partes, ou as duas, deixam de cuidar dela, por sua vez precipitados pela consciência de que os caminhos deixaram de convergir, criando uma completa dissidência. A menos que você ceda à chantagem emocional, imposta pelo mito da estabilidade, a sua existência estará sujeita a mudanças, e portanto seus relacionamentos também.

“Se não gostam de você como você gosta que gostem de você, que importa que gostem de você?”
-Amado Nervo-

Se você se empenhar para manter à força o que naturalmente já está acabado, estará agindo de forma intimidante com seus sentimentos e os alheios, poderá passar uma vida “preso”.

Aprendemos a segurar, mas não a deixar partir

Citando Osho, às vezes aprender não é possível sem se libertar de todo o aprendizado. Isso não significa cair em um tipo de estupidez ou alienamento passageiro, mas deixar de tentar entender, para começar a atender de acordo com o desenvolvimento intelectual, social e moral de cada um.

Dentro da psicologia social, “A hipótese da Correspondência” diz que os casais e as amizades que são semelhantes muito provavelmente chegarão a estabelecer relacionamentos estáveis. Somente quem tem afinidade com os seus valores poderá ter um relacionamento mais estreito com você a longo prazo.

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Trata-se de procurar o que você precisa, e não de se conformar com aquilo que não machuca, mas que também não preenche você. Algumas pessoas precisam ir embora para que outras possam continuar acompanhando-o de verdade. Sem dramas, sem traumas. Assumindo as mudanças nos relacionamentos como processos naturais, como uma espécie de muda de roupa para a pele.

Isso implica desafiar um dos ensinamentos recebido sobre o amor: amor não é segurar, mas sim desejar ficar. Junto aos seus amigos e companheiro. Junto aos livros que você lê e no trabalho ao qual você dedica horas.

Às vezes trata-se apenas de obedecer à própria intuição mais básica: deixar ficar o que realmente tem significado, deixando partir o que já não contribui com nada, mesmo que tenha nos acompanhado por muito tempo, disfarçando o mal-estar com a rotina.

Mais sábios do que feridos, conseguiremos fazer com que nosso próprio crescimento seja acompanhado por pessoas que verdadeiramente queremos conservar nas nossas vidas, com as quais teremos debates e pontos de vista diferentes, mas com as quais raramente teremos que medir as palavras que pronunciamos. Podem contar comigo, porque elas contam na minha vida.


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