Viajar pode salvar seu relacionamento?

Se a comunicação e a intimidade falham no casal, uma mudança de ares poderia ajudar; mas nem sempre é suficiente. Descubra o que é necessário em uma viagem para favorecer uma relação em crise.
Viajar pode salvar seu relacionamento?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 27 abril, 2023

Todos os relacionamentos passam por momentos difíceis. Há momentos em que a comunicação não flui, a intimidade afetiva foi progressivamente perdida e as dúvidas sobre o vínculo assaltam ambos os membros. Nesses casos, sair da rotina e planejar uma fuga das obrigações do dia a dia parece ser a solução para os problemas. Mas viajar pode realmente salvar seu relacionamento?

Esaa é uma opção a que muitas pessoas recorrem e que vários dizem que oferece bons resultados. No entanto, às vezes pode ser nada mais do que uma fuga para a frente, que serve como um remendo temporário para dificuldades ou piora diretamente a situação. Tudo isso depende de uma série de variáveis que analisamos a seguir.

Fazer uma viagem pode salvar seu relacionamento

A ideia de que uma escapada a dois é benéfica não é exagerada ou ingênua. De fato, alguns estudos apoiam essa hipótese. Especificamente, verificou-se que as viagens compartilhadas aumentam a satisfação, reduzem a probabilidade de divórcio ou separação, melhoram a comunicação e ajudam a ampliar o espaço de intimidade. Isso ocorre devido a fatores como:

  • O lazer compartilhado em casal está correlacionado com o bem-estar e a satisfação dos seus membros. E, sem dúvida, uma viagem oferece a possibilidade de dedicar mais tempo a essa diversão conjunta.
  • No cotidiano, o tempo dedicado à união familiar e do casal é cada vez mais reduzido, devido ao trabalho e às obrigações pessoais. Assim, durante uma viagem é possível desfrutar de um tempo mais compartilhado que permite regenerar aquela intimidade emocional.
  • Além disso, constatou-se que viajar é uma fonte de emoções positivas. Planejar uma viagem e realizá-la gera ilusão, alegria, entusiasmo e bem-estar; e isso, claro, afeta a maneira como nos relacionamos com os outros. Estando mais relaxados também somos mais tolerantes e amigáveis e estamos mais dispostos a colaborar e negociar.
  • Fazer uma viagem também é uma excelente oportunidade para melhorar a comunicação, principalmente naqueles casais em que a comunicação costuma falhar. E é que ao sair de casa e mudar rotinas damos lugar à transformação de dinâmicas cotidianas em que estamos tão imersos e nem sempre são as mais positivas. Em um novo destino, a comunicação pode fluir e as trocas positivas podem ser mais frequentes.
Viajar pode salvar seu relacionamento?
Viagens para beneficiar o relacionamento do casal serão positivas de acordo com o grau de conflito pelo qual estão passando.

Necessidade de outras medidas

Apesar dos benefícios acima, nem sempre fazer uma viagem pode tirar um casal de um momento crítico. É preciso ter em mente que essas vantagens podem ser temporárias e, ao voltar para casa, problemas de comunicação, estresse e descompromisso ainda estariam presentes.

Além disso, uma fuga compartilhada serve para fortalecer os laços naqueles casais que já trabalham ou que têm problemas superficiais, pontuais ou menores. Por outro lado, caso se passe por uma crise profunda, as dificuldades não vão se resolver sozinhas, é até possível que aumentem.

Por um lado, a viagem pode ser um parêntese fantasioso que parece ter evaporado magicamente os problemas do casal; mas ao voltar à vida cotidiana será necessário negociar, dialogar, tomar decisões e realizar novamente o projeto comum, e as dificuldades a esse respeito permanecerão intactas. Além disso, se o casal tiver conflitos sérios, ficar confinado em um novo destino, sem possibilidade de distanciamento, pode desencadear reprovações, ressentimentos e insatisfações.

Uma viagem pode salvar seu relacionamento se atender a alguns requisitos

Em geral, uma crise de casal não desaparece com uma fuga cega e temporária para novos lugares, mas é necessário que esse tipo de medidas esteja associado a uma revisão profunda e compartilhada. Assim, deixamos algumas propostas que podem orientar essa reflexão.

  • Quais são as dificuldades no relacionamento? O que está acontecendo que não estava acontecendo antes? Isso pode variar em cada caso e ir de conflitos constantes a uma certa indiferença, falta de ilusão ou falta de algum componente básico. Seguindo a teoria triangular de Sternberg, dependendo se você não tem paixão, intimidade ou compromisso, existem diferentes tipos de relacionamentos com características próprias.
  • Como me sinto? O que eu preciso do relacionamento? Um bom ponto de partida é começar a analisar a partir de si mesmo, em vez de se concentrar em procurar os defeitos ou falhas do parceiro. Conhecer-nos, explorar-nos e identificar as nossas emoções e necessidades é crucial para poder comunicá-las mais tarde.
  • O que posso fazer para melhorar? O que posso contribuir para fortalecer o relacionamento? É fundamental assumir a responsabilidade a esse respeito, aceitar nossos próprios erros ou pontos de melhoria e nos comprometer a trabalhar neles. Talvez você detecte que precisa ser mais assertivo, mais paciente ou mais empático com seu parceiro, e aprender a fazer isso faria toda a diferença.
Casal em uma viagem romântica
Qualquer viagem a dois, com o objetivo de resgatar um relacionamento, exige um trabalho extra para consolidar o vínculo.

Soluções conjuntas

Somente quando ambos os membros analisarem sua própria situação interna poderão compartilhá-la e buscar soluções conjuntas. Isso vai desde fazer algumas mudanças simples, como ter uma consulta mensal, até tomar a decisão de procurar ajuda profissional. De qualquer forma, essa reflexão prévia é fundamental e, porque não, uma viagem pode ser o momento certo para realizá-la.

Agora, é pertinente ter em mente que esse é o propósito da viagem e assim encontrar espaços individuais de introspecção. A mudança de cenário e a falta de obrigações podem nos ajudar a focar nossas mentes nas necessidades do relacionamento. No entanto, também pode ser positivo viajar separadamente ou mesmo realizar esse processo em casa. Em última análise, uma viagem não pode salvar seu relacionamento se o trabalho extra necessário não for feito.


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