A vida tem poucos prêmios e castigos, mas muitas consequências

A vida tem poucos prêmios e castigos, mas muitas consequências

Última atualização: 17 julho, 2017

Nossas ações e, inclusive, nossos pensamentos geram consequências. Assumir essa perspectiva é o que nos permite tomar as rédeas da nossa própria vida com determinação para criar uma linda paisagem e não para nos deixarmos levar pelas oscilações caprichosas do destino. Porque no nosso dia a dia não há prêmios ou castigos, o que há são consequências baseadas nos nossos atos ou omissões.

John Green, no livro juvenil “Buscando Alaska”, disse que nós teríamos que ser muito mais conscientes da cadeia de consequências que resultam até mesmo da menor das nossas ações. Valorizar, dar-se conta disso, não é exatamente fácil. Muitos de nós fomos educados sob um paradigma estritamente comportamental, no qual se assume que às vezes basta apertar o botão vermelho e evitar o azul para as coisas irem bem, para que a vida nos recompense por si mesma.

 “Se você ficar bravo, pense nas consequências.”
-Confúcio-

No entanto, o dia a dia não tem a ver com botões vermelhos e azuis, a vida não recompensa nem castiga. O que há na verdade são nuances, são cordas finíssimas para as quais o nosso sopro basta para fazer tudo vibrar, para que tudo se movimente e gere algum tipo de impacto sobre a nossa realidade. Assumir nossa responsabilidade sobre cada palavra dita, cada comportamento, cada vazio provocado, omissão, ação, pensamento interiorizado é o que nos permite ter um maior controle sobre a nossa realidade.

Assumir essa perspectiva desde sempre pode nos ajudar, sem dúvidas, a alcançar conquistas adequadas e a construir relações muito mais significativas.

Dente de leão

Indícios para interpretar e consequências para valorizar

Terrence Deacon é um conhecido neuroantropólogo que na atualidade é membro do departamento de ciência cognitiva na Universidade da Califórnia, Berkeley. Um dos seus livros mais interessantes é “A espécie simbólica”. Nele, nos lembra desse poder latente que nós temos e no qual não investimos muito tempo ou esforço. Nos referimos à nossa capacidade para uma análise tranquila, para pensar nas causas que constituem determinados fatos e antecipar as possíveis consequências associadas.

O professor Deacon nos indica que nosso cotidiano não está repleto de estímulos aos quais reagir, como diriam os comportamentalistas. Porque na vida nem sempre nos dão prêmios ou castigos com base no que fazemos ou deixamos de fazer. À nossa volta, o que existe são “indícios” que precisam ser interpretados para produzir uma resposta adequada. Para conseguir fazer isso, precisamos da nossa vontade e de uma sabedoria refinada para dar um significado lógico e acertado aos complexos símbolos que estão ao nosso redor.

Por exemplo, se ao chegar ao trabalho vemos um companheiro chorando sentado à mesa, ninguém vai pensar em ir procurar o diretor para avisar que um dos seus empregados “não vai ser muito produtivo hoje”. O mais comum é pensar primeiro em qual deve ser a causa do aparente estado emocional e depois refletir sobre como podemos nos aproximar de uma maneira compreensiva para oferecer um apoio, uma ajuda útil.

Mulher com chave enorme

O professor Deacon nos lembra também de que devemos ser pesquisadores da sabedoria. Para isso, é bom assumir que somos passíveis de falhas, que às vezes acertaremos em nossas respostas e em nossas ações. Outras vezes, em contrapartida, erraremos e não teremos outra solução a não ser assumir a responsabilidade das consequências.

Porque por vezes a vida é como tentar tocar um instrumento musical com luvas de borracha. Queremos apertar determinada tecla no nosso piano para que emita aquele som perfeito, mas sem querer apertamos cinco teclas extras de uma vez e o que se ouve é algo torpe, inadequado e desafinado. No entanto, pouco a pouco e com a prática cotidiana, nos transformaremos em músicos habilidosos, capazes de evocar aquela melodia que está na nossa mente. No final, vamos encontrar as teclas perfeitas.

Aprenda a dar forma à sua realidade

Pensar que tudo o que fazemos e pensamos tem uma série de consequências pode nos assustar em um primeiro momento. No entanto, longe de ver essa relação como algo determinista, como a clássica reação “causa-efeito”, devemos vê-la a partir de um prisma muito mais amplo e mais rico. Entenda que nossa existência é um maravilhoso jogo de exploração e criação. Entenda também que nesse quadro é preciso conhecer as normas e as regras que orquestram cada ato, cada acontecimento.

 “A liberdade, no final das contas, não é outra coisa além da capacidade de viver com as consequências das próprias decisões.”
-James Mullen-

Essas normas são fáceis de assumir e são as seguintes. Propomos que você reflita sobre elas:

  • Você tem a capacidade de melhorar sua vida, para isso, saiba com clareza o que quer conseguir e quais métodos podem ajudar a conquistar esse objetivo.
  • Entenda que há coisas, fatos e pessoas que não podemos mudar: devemos aceitá-las assim como são.
  • Aprenda com seus erros, seus fracassos e suas perdas.
  • Seja receptivo com tudo que envolve sua vida, seja proativo, criativo e corajoso.
  • Seja respeitoso, seja capaz de ver sua realidade como um tecido delicado, no qual cada coisa que você faz e diz pode ter um determinado impacto que, por sua vez, pode afetá-lo de algum modo.

Por último, mas não menos importante, também entenda que a vida não tem um planejamento previamente desenhado para você. Somos nós mesmos que, com nossa vontade e responsabilidade, damos forma ao nosso destino. Somos nós que podemos ser os arquitetos de um futuro mais pleno, mais digno e mais bonito.

Mulher representando as consequências da vida

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.