Qual é o vínculo entre emoção e alimentação?

Qual é o vínculo entre emoção e alimentação?
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

As nossas emoções têm um efeito poderoso na escolha dos alimentos e nos nossos hábitos alimentares. Por exemplo, descobriu-se que o vínculo entre emoção e alimentação é mais forte nas pessoas obesas e naquelas que fazem dieta do que nas pessoas magras e naquelas que não fazem dieta. (Sánchez e Pontes 2012).

As emoções não são a causa do excesso de peso, mas sim a maneira como gerenciamos essas emoções e enfrentamos os fatores que mais influenciaram o aparecimento do excesso de peso.

O que comemos afeta a forma como nos sentimos, assim como o que sentimos afeta nossa maneira de comer. Nesse sentido, Cooper e outros autores (1998) nos dizem que a dificuldade na regulação dos estados de humor negativos tem uma grande influência no aparecimento e manutenção dos transtornos alimentares.

A regulação emocional refere-se ao gerenciamento das próprias emoções, levando em consideração as circunstâncias e o estado emocional das outras pessoas. Assim, observou-se que a vergonha e a culpa são as emoções que podem ter um impacto negativo maior na dieta alimentar. Como vemos, o vínculo entre emoção e alimentação é mais importante do que pensamos.

“O que pensamos gera emoções, mas o que comemos também gera emoções”.
– Montse Bradford –

 

O vínculo entre emoção e alimentação

As pessoas desenvolvem diferentes comportamentos como resposta às suas emoções dependendo de diversos fatores, como o ambiente onde vivem, a sua formação e a sua capacidade de identificar e gerenciar os seus sentimentos. Como resultado, conseguem controlar o seu peso ou não. Por exemplo, observou-se que as emoções e os comportamentos afetam as decisões nutricionais, como a quantidade, tipo de alimento e o número de refeições. Uma pessoa com depressão pode pular refeições ou eliminar o café da manhã na sua rotina diária. Como vemos, o vínculo entre emoção e alimentação é um fato concreto.

O fator emocional mais influente nas pessoas sedentárias é a desinibição alimentar e a ingestão de certos alimentos, como o chocolate e os doces. No entanto, em atletas, as emoções de culpa, como o medo da balança e de comer doces, tiveram mais influência do que as emoções de desinibição alimentar.

Os fatores emocionais em pessoas sedentárias são mais disfuncionais do que nas pessoas que praticam alguma atividade física. Os desejos excessivos e a falta de controle na ingestão de alimentos estão mais relacionados com os excessos alimentares e com os problemas de comportamento alimentar.

Existe um grupo específico de indivíduos que, por seus hábitos alimentares, foram chamados de “comedores reprimidos”. Essas pessoas têm um medo exacerbado de ganhar peso, restringindo a sua alimentação através das dietas. Paradoxalmente, sob essas condições restritivas, esses indivíduos aumentam seus níveis de ingestão de alimentos por excesso de consumo.

Abusar do ato prazeroso de comer pode nos fazer sentir mais cansados ​​e a buscar mais alimentos constantemente, mas também pode causar sérios problemas de saúde. A nossa emoção deve nos conscientizar da comida de que precisamos.

“Com os alimentos, podemos gerar saúde ou doença”.
– Montse Bradford –

A proibição dos alimentos estabelece a obsessão alimentar

Quanto maior a proibição, maior o risco de compulsão alimentar. A normalização da ingestão dos alimentos deve ser um objetivo essencial no tratamento do descontrole alimentar. Os comportamentos purgativos atuam como reforçadores e, portanto, favorecem o descontrole alimentar, além de trazer riscos importantes para a saúde.

Vamos dar um exemplo para demonstrar que a proibição dos alimentos estabelece a obsessão alimentar. Se eu disser a frase: “há uma borboleta amarela na sala”, não conseguiremos pensar em outra coisa que não seja a borboleta amarela. O nosso cérebro não consegue parar de processar essa informação.

Isto acontece porque a causa está enraizada no nosso inconsciente. O inconsciente é a parte responsável por controlar o nosso corpo, interpretar e armazenar a informação recebida pelos nossos sentidos.

Casal tomando sorvete

O inconsciente funciona através de símbolos e imagens, em vez de texto ou letras. Isso implica que o inconsciente não processa termos negativos. Se dissermos: “Não devo comer batatas fritas”, o inconsciente só verá a imagem das batatas fritas e, consequentemente, sentiremos mais vontade de comer. Isso não significa que isso sempre acontece, mas aumenta consideravelmente as chances de acontecer.

  A alimentação adequada é uma grande ajuda para alcançar o equilíbrio entre o corpo e a mente saudável.

O vínculo entre emoção e alimentação

Quando usamos a comida para acalmar o nosso estado emocional, estamos nos alimentando emocionalmente. De alguma forma, a preocupação com o nosso peso e o nosso corpo mascara preocupações mais profundas. Isso se transforma em um círculo vicioso de preocupações não resolvidas que retardam a nossa capacidade de crescer e se desenvolver.

Cada órgão gera uma ou mais emoções. Dependendo do alimento que ingerimos, sentiremos emoções muito diferentes. Isso acontece porque cada alimento “ataca” órgãos diferentes. Se ingerirmos alimentos que bloqueiam o fígado, como o álcool, por exemplo, as emoções de raiva, irritação, agressão ou impaciência podem se manifestar.

Mulher comendo chocolate derretido

As pessoas com problemas emocionais muitas vezes buscam alimentos para se sentirem melhor porque muitos deles contém triptofano, um aminoácido que provoca a liberação da serotonina. Os baixos níveis de serotonina estão associados à depressão e à obsessão.

A falta de serotonina causa diferentes efeitos negativos sobre o organismo, como a angústia, a tristeza ou a irritabilidade. Quando o corpo não produz triptofano, o conseguimos através da dieta. Portanto, os alimentos ricos em triptofano atuam como antidepressivos naturais.

De acordo com os especialistas, o grupo de alimentos que mais contribui para regular as emoções são os cereais. Eles são ricos em vitamina B, que influencia diretamente o sistema nervoso. O consumo regular de cereais reduz a ansiedade e influi positivamente na atitude que adotamos diante dos problemas.

Em alguns momentos, acreditamos que comer nos salvará das emoções negativas. Este pensamento reforça o vínculo entre emoção e alimentação, levando-nos a um círculo vicioso.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.