Você conhece os diferentes tipos de hipnose e como funcionam?

A hipnose é uma ferramenta eficaz para melhorar a saúde e mudar pensamentos, emoções e hábitos. Mas, você conhece os diferentes tipos de hipnose?
Você conhece os diferentes tipos de hipnose e como funcionam?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 23 fevereiro, 2023

A hipnose é uma das técnicas mais interessantes e polêmicas, principalmente pela falta de conhecimento sobre ela. Ao pensar nela, muitas vezes imaginamos um estado em que a pessoa perde o controle de si mesma e fica à mercê de terceiros. No entanto, nada está mais longe da realidade. Este é um método seguro e eficaz, com uma longa história e várias aplicações. Por isso, hoje queremos falar com você sobre os diferentes tipos de hipnose.

E não é um procedimento único e homogêneo. Diferentes escolas e correntes fizeram suas próprias propostas a esse respeito e, apesar de ainda serem necessárias mais pesquisas, a hipnose provou ser útil não apenas para melhorar o bem-estar psicológico das pessoas, mas também o físico.

Quais opções de aplicação estão disponíveis e como elas diferem?

homem fazendo hipnose
A hipnose não só consegue produzir mudanças no comportamento ou nos padrões de pensamento, mas também pode alterar, por exemplo, a percepção da dor.

O que é hipnose?

Podemos definir a hipnose como um estado de sugestão que nos permite influenciar o comportamento e o conteúdo mental das pessoas. Nesse estado, a atividade do córtex cerebral (nossa parte consciente) é inibida e o acesso àquela parte inconsciente relacionada ao cérebro emocional ou sistema límbico é facilitado.

Na verdade, isso ocorre naturalmente em diversas situações cotidianas; por exemplo, quando estamos dirigindo automaticamente, quando estamos totalmente imersos no filme que estamos assistindo ou quando entramos em estado de flow enquanto praticamos nossa atividade artística favorita.

No entanto, também podemos considerar a hipnose o conjunto de técnicas que nos permitem promover deliberadamente esse estado e usá-lo para gerar mudanças benéficas. Nesse sentido, a hipnose vem sendo aplicada há séculos em diferentes culturas, mas foi somente no século XVIII que ela começou a ser rigorosamente estudada e aplicada no Ocidente. Desde então, diferentes psicólogos e médicos a colocaram em prática para fins terapêuticos.

Os diferentes tipos de hipnose

Existem vários tipos de hipnose, que têm vários graus de validade científica. Talvez você já tenha ouvido falar de regressões infantis e outros procedimentos controversos semelhantes, mas hoje queremos falar com você sobre aqueles que, em maior medida, se mostraram seguros e eficazes, tanto por sua trajetória quanto por seus resultados.

Hipnose tradicional

É o mais difundido, popular e utilizado por muitos profissionais de diversas áreas. É uma hipnose diretiva baseada na sugestão. Assim, busca levar a pessoa a um estado de transe profundo para influenciar seus pensamentos, suas atitudes ou seu comportamento por meio de sugestões. Isso é feito de forma organizada e seguindo uma série de protocolos, mas tem algumas limitações.

Nesta modalidade é importante avaliar o grau de sugestionabilidade da pessoa, já que alguns são reativos a este estado. Além disso, como as instruções são dadas de forma bastante direta, elas podem não ser bem recebidas pelos pacientes que não gostam de tal diretividade.

Hipnose ericksoniana

Desenvolvida pelo psicólogo Milton H. Erickson, essa abordagem se caracteriza por ser mais natural, personalizada e focada no presente. Nesse caso, esse estado de transe não é procurado, nem é totalmente focado na pessoa.

Ao contrário, trabalham com estados mais leves e elementos como anedotas, metáforas ou humor são usados para promover a reflexão no paciente e permitir que ele chegue às suas próprias interpretações. Este tipo de hipnose é mais apropriado para trabalhar com pessoas céticas ou com baixa sugestionabilidade.

Hipnose cognitivo-comportamental

Apesar de a hipnose ter sido tradicionalmente associada a personalidades como Freud ou Charcot, a verdade é que esta técnica não é utilizada apenas a partir da psicanálise. Muitos psicólogos cognitivo-comportamentais o utilizam como parte de programas de intervenção mais abrangentes.

Nesses casos, problemas específicos como vícios, ansiedade ou dor geralmente são tratados e se trabalha em busca de estados de relaxamento físico que, quando combinados com a imaginação, permitem gerar uma mudança nas crenças centrais.

Auto-hipnose

Dentro dos tipos de hipnose, encontramos uma modalidade de autoaplicação que visa ajudar a pessoa a autogerenciar sua saúde. Nesse caso, a própria pessoa é treinada para induzir a sugestão, geralmente com o apoio de gravações de áudio que servem de guia.

Pode ser usado como parte de programas maiores que incluem contato com um profissional ou por conta própria.

Mulher ouvindo hipnose
A auto-hipnose é frequentemente usada para lidar com problemas como tabagismo, ansiedade ou dor crônica.

Programação Neurolinguística

Por fim, vale citar uma abordagem que, sem ser puramente hipnose, está relacionada. A programação neurolinguística (PNL) surge das mãos de Bandler e Grinder e se baseia nos fundamentos da proposta de Erickson. No entanto, neste caso, a linguagem é usada como elemento mediador da mudança.

Nessa perspectiva, entende-se que a linguagem é a base de nossos pensamentos, emoções e comportamentos e, portanto, influencia a forma como nos sentimos e nos relacionamos com os outros. Assim, ao intervir sobre ela, podem-se conseguir modificações nos pensamentos, sentimentos e hábitos da pessoa.

Apesar do fato de que melhorias foram feitas em certas áreas alcançadas graças à PNL, ela não tem suporte científico suficiente.

Os benefícios dos diferentes tipos de hipnose

Em suma, a hipnose nas suas várias modalidades é uma ferramenta muito válida e útil para melhorar a saúde física e emocional e conseguir as diversas mudanças que a pessoa possa necessitar. É especialmente útil para trabalhar aspectos em que há resistência consciente ou cuja origem não é clara.

Entretanto, é importante que seja aplicada em contexto terapêutico, por profissionais capacitados e credenciados e, preferencialmente, como parte de intervenções mais completas.


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