Você conhece a personalidade tipo D? Descubra como ela nos influencia 

Você conhece a personalidade tipo D? Descubra como ela nos influencia 
Francisco Pérez

Escrito e verificado por o psicólogo Francisco Pérez.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Podemos encontrar antecedentes remotos na descrição dos quatro temperamentos hipocráticos: o melancólico (pessimista), o sanguíneo (otimista), o colérico (irritável) e o fleumático (apático). Neste artigo você vai saber um pouco mais sobre a personalidade tipo D.

Estes temperamentos foram determinados pela proporção relativa dos quatro humores corporais (bile negra, sangue, bile amarela e fleuma). É interessante observar que na teoria grega inicial destes temperamentos já estavam refletidas as atuais tentativas de descobrir as bases biogenéticas da personalidade.

O que compreendemos por personalidade?

Nós podemos falar da personalidade como uma mistura de fatores temperamentais, determinados pela biologia, e fatores determinados pelo ambiente. Consequentemente, tanto a herança genética quanto o ambiente influenciam a personalidade de cada pessoa. 

Há um certo consenso na hora de entender a personalidade como a união de duas entidades. Estes componentes da personalidade seriam os seguintes:

  • Temperamento. Refere-se às influências inatas, genéticas e constitucionais que influenciam a personalidade.
  • Caráter. Refere-se aos fatores psicossociais aprendidos que influenciam a personalidade. Boa parte do caráter é formado ao longo da experiência e do processo de socialização.
Mulher sofrendo com ansiedade

Personalidade e saúde

Do que depende que, entre todas as pessoas que possuem um determinado marcador genético de uma determinada doença, algumas cheguem a desenvolvê-la e outras não? Neste sentido, o papel que a personalidade tem adquire relevância na predisposição e posterior desenvolvimento do transtorno ou doença.

A personalidade está associada a certos padrões de resposta psicofisiológica? Quais padrões psicofisiológicos regulam a predisposição da doença? A relação entre personalidade e doença, entre o psicológico e o fisiológico, não é fácil de estabelecer; de fato, ainda existem muitas perguntas ao redor dela.

Foram estabelecidos diferentes padrões de personalidade ou de comportamento para tentar dar uma resposta para estas perguntas. Sendo assim, os modelos concentrados nos traços de personalidade, propostos por Suls e Rittenhouse (1990), tentam explicar a relação entre comportamento e saúde a partir de traços temperamentais e de caráter que determinam a forma de agir das pessoas.

Padrões de comportamento

Os padrões de comportamento ou personalidade aos quais fazíamos referência foram denominados com as letras A, C e D. Cada uma delas leva consigo alguns riscos para a saúde.

O padrão de comportamento tipo A está relacionado com transtornos cardiovasculares. As pessoas com um padrão de comportamento tipo C têm uma probabilidade maior de desenvolver câncer. Por último, o padrão de comportamento tipo D (ou personalidade D) está associado à depressão e à ansiedade, e têm uma probabilidade maior de desenvolver doenças coronárias.

A personalidade tipo D

A personalidade tipo D se caracteriza pela contenção máxima das emoções negativas As pessoas que têm este tipo de personalidade inibem sua expressividade emocional de forma sistemática. Também se caracterizam pela consequente inibição social. Além disso, costumam apresentar sentimentos subjetivos de tensão, ansiedade, raiva e tristeza.

A inibição social consiste na tendência de inibir a expressão das emoções  na interação social. Por sua vez, a afetividade negativa se define como um estilo de enfrentamento que produz diferenças individuais no sofrimento psicológico, nas queixas somáticas e no conceito de si mesmo.

Esta combinação de afetividade negativa e inibição social pode ser encontrada nas pessoas com personalidade tipo D, o que incide de forma negativa na saúde. Por exemplo, está comprovado que  depressão e a inibição social são fatores que podem aumentar a mortalidade por um evento coronário agudo.

Personalidade tipo D e doenças coronárias

Como nós podemos observar, a personalidade tipo D está fortemente associada com a mortalidade em pacientes coronários. Aquelas pessoas que já sofreram um infarto de miocárdio e que apresentam personalidade tipo D apresentam um maior risco de sofrer um segundo episódio agudo.

Doenças cardíacas

Além disso, uma personalidade tipo D também pode promover a doença coronária de forma indireta. Isso é possível graças aos comportamentos nocivos, como o consumo de tabaco, o sedentarismo e o consumo de álcool. Também se observa uma incidência negativa deste padrão de personalidade na aderência a tratamentos de reabilitação médica e psicológica.

Por outro lado, é notável que um nível elevado de estresse psicossocial crônico das pessoas com personalidade tipo D aumentaria o risco de sofrer de isquemia do miocárdio, arritmias ventriculares e eventos agudos fatais.

Dessa maneira, a personalidade tipo D se caracteriza fundamentalmente por ser um preditor da mortalidade a longo prazo por transtorno cardíaco. Diferentes pesquisas identificaram uma mortalidade de 23% em pacientes com personalidade tipo D e de 7% com outro tipo de personalidade. 


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.