É você que cria os obstáculos dos quais nasce o medo?

É você que cria os obstáculos dos quais nasce o medo?

Última atualização: 05 abril, 2017

Às vezes as dúvidas, as inseguranças, os medos ou a própria ansiedade diante do fracasso nos impedem de avançar. São esses pequenos temores que se tornam grandes obstáculos no nosso caminho em direção ao que realmente desejamos. Com eles não fazemos mais do que tropeçar e ficar obcecados com a ideia de que, seja lá o que fizermos, iremos fracassar.

Isto faz com que fiquemos obcecados com as possíveis pedras do caminho, em vez de reconhecer tudo que já percorremos. Nos faz pensar mais nas ameaças que podem aparecer do que nas possibilidades que se abrem diante de nós. Nos deixamos levar por nossas inseguranças em vez de focarmos em nossas forças.

Somos a nossa maior ameaça quanto à condução de nossas metas.

Jorge Bucay, no seu maravilhoso relato intitulado “Obstáculos”, nos fala desta mania de prejudicarmos a nós mesmos. Espero que você aproveite este conto e as reflexões sobre ele.

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Obstáculos, um conto de Jorge Bucay

Vou andando por um caminho. Deixo meus pés me levarem.

Meus olhos pousam nas árvores, nos pássaros, nas pedras. No horizonte se vê a silhueta recortada de uma cidade. Aguço meu olhar para distingui-la bem. Sinto que a cidade me atrai.

Sem saber como, percebo que nesta cidade posso encontrar tudo o que desejo. Todas as minhas metas, meus objetivos e minhas conquistas. Minhas ambições e meus sonhos estão nesta cidade. O que quero alcançar, o que preciso, o que eu mais gostaria de ser, aquilo que aspiro, o que tento, pelo qual trabalho, ou que sempre ambicionei, aquilo que seria a maior das minhas conquistas.

Imagino que tudo isso está nessa cidade. Sem duvidar, começo a caminhar em direção a ela. Poucos passos depois, o caminho fica mais íngreme. Me canso um pouco, mas não importa.

Continuo. Vejo uma sombra preta, mais adiante, no caminho. Ao me aproximar, vejo que uma enorme vala impede a minha passagem. Sinto medo… dúvidas. Fico chateado por não poder alcançar a minha meta de forma simples. De qualquer forma, decido pular a vala. Retrocedo, tomo impulso e pulo… Consigo atravessá-la. Me recomponho e continuo caminhando.

Alguns metros adiante, aparece outra vala. Pego embalo novamente e pulo esta também. Corro em direção à cidade: o caminho parece livre. Me surpreende um abismo que interrompe o meu caminho. Me detenho. Impossível pulá-lo.

Vejo que do lado há algumas madeiras, pregos e ferramentas. Percebo que estão ali para construir uma ponte. Nunca fui habilidoso com as minhas mãos… Penso em desistir. Olho a meta que desejo… e resisto.

Começo a construir a ponte. Passam horas, ou dias, ou meses. A ponte está feita. Emocionado, atravesso-a. E ao chegar do outro lado… encontro o muro. Um muro gigantesco frio e úmido rodeia a cidade dos meus sonhos…

Me sinto abatido… Procuro uma forma de esquivá-lo. Não tem jeito. Será preciso escalar. A cidade está tão perto… Não vou permitir que o muro impeça a minha passagem.

Me disponho a escalar. Descanso alguns minutos e pego fôlego… De repente vejo uma criança que me olha como se me conhecesse. Sorri com cumplicidade.

Me lembra de mim mesmo… quando era criança.

Talvez por isso, tenho coragem de expressar em voz alta a minha queixa: – Por que tantos obstáculos entre o meu objetivo e eu?

A criança encolhe os ombros e me responde? – Por que você está perguntando isso pra mim?  Os obstáculos não estavam aqui antes de você chegar… Você trouxe os obstáculos.

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Por que criamos nossos próprios obstáculos?

Nós colocamos nossos próprios obstáculos no caminho quando ficamos obcecados em pensar em todas as coisas ruins que poderiam acontecer, quando pensamos no lado obscuro de um futuro improvável, mas que tornamos real com cada pensamento. Quando o medo nos domina e as dúvidas são tão poderosas que a única coisa que agregam é a ansiedade.

Considere que todos tropeçamos na vida, mas só quem se rende, inclusive antes de começar o caminho, é vencido pelos obstáculos.

Colocamos os obstáculos para nós mesmos, de certa forma, como proteção diante de um possível fracasso. É a desculpa, o “está vendo? eu te disse”, quando nossos piores medos se confirmam e caímos no caminho ou não conseguimos conquistar o desafio na primeira tentativa.

Também criamos nossos obstáculos porque temos medo da incerteza do que virá no próximo passo em direção ao nosso destino. Então, preferimos nos proteger à sombra daquilo que é ruim, mas conhecido, em vez de procurar o bom que nos resta por conhecer. Nos tornamos covardes vencidos pela nossa própria imaginação, são nossas ideias as que se tornam obstáculos diante do nosso caminhar.

Por isso, acostume a sua mente a ver o lado positivo da realidade. O triunfo está assegurado quando a gente se esforça, seja com o aprendizado ou com a realização da própria conquista. Por outro lado, se tropeçar novamente, procure a beleza oculta por trás de cada sombra, por trás de cada obstáculo, porque assim como nas estações, as pessoas têm a capacidade de mudar. Lembre-se de que nesta vida sobrevive quem luta e se esforça, não quem olha com medo para o que quer que possa vir.

E, principalmente, não duvide das suas capacidades. Viva a vida como você merece vivê-la, porque todos tropeçamos, mas não são os tropeços que marcam a vida, e sim os aprendizados que tiramos deles. Continue caminhando, e quando você estiver diante do abismo, pergunte-se se esse precipício foi colocado por você, cobrindo o seu caminho de dúvidas. E agora, você vai se queixar dos obstáculos que você mesmo coloca na vida, ou vai caminhar com passos firmes e sem medo lutando pelo que você quer?


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.