Wislawa Szymborska: biografia e obras
Wisława Szymborska foi uma poetisa, ensaísta e tradutora polonesa. Autora de mais de 15 livros de poesia, também se dedicou a ilustrar e editar.
Durante sua juventude, Wisława se viu forçada a estudar de forma clandestina em uma Polônia ocupada pelos nazistas. Após a guerra, ela se transformou em uma defensora do comunismo.
No entanto, ao longo de sua vida, o desencanto aumentou e ela acabou se desiludindo com esta ideologia. Após seus dois primeiros livros, Wisława rejeitou o líder comunista Stalin.
Ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura, sua vida não foi apenas criação literária. Wisława Szymborska também ganhou notoriedade graças às suas traduções de obras primas universais ao polonês.
A infância de Wisława Szymborska
Wisława era o segundo nome de Szymborska. Seu nome completo era Maria Wisława Anna Szymborska, e ela nasceu no dia 2 de julho de 1923 em Prowent, agora parte da cidade de Kórnik, no oeste da Polônia.
Na época em que nasceu, seu pai trabalhava como mordomo sob o comando do conde Władysław Zamoyski, um magnata e latifundiário. O conde era o proprietário da cidade de Kórnik.
Quando o conde morreu, em 1924, a família Szymborska se mudou para Torun. Lá, aos cinco anos de idade, Wisława começou a escrever poesia enquanto estudava em uma escola infantil.
A atmosfera em sua casa era bastante intelectual; todos liam muito e discutiam sobre livros. Wisława sempre mostrou seus poemas ao seu pai e, quando ele gostava do que ela escrevia, dava-lhe uma moeda como recompensa.
Após uma segunda mudança, em 1931, Wisława foi matriculada em uma escola na Cracóvia, mas não pôde terminar seus estudos lá. Ela sofreu bastante durante sua juventude, primeiro no âmbito pessoal com a morte prematura de seu pai, e no âmbito social como consequência da ocupação alemã da Polônia.
O impacto da Segunda Guerra Mundial
Quando a Segunda Guerra Mundial começou, a Alemanha ocupou a Polônia em 1940. Isso fez com que os cidadãos poloneses não pudessem frequentar as escolas públicas.
Wisława havia criado um vínculo muito forte com a antiga cidade real sob o castelo de Wawel; Wisława continuou seus estudos em uma escola subterrânea, sob o castelo de Wawel.
Cabe dizer que, durante o século XX, o castelo de Wawel foi a residência de um presidente da Polônia depois que a nação foi invadida. A Cracóvia se transformou na sede do Governo Geral da Alemanha, e Wawel transformou-se, posteriormente, na residência do Governador Geral Nazista Hans Frank.
Após estudar durante anos de forma clandestina, Wisława Szymborska pôde terminar seus estudos na escola secundária no ano de 1941.
Em 1943, tornou-se funcionária ferroviária, e conseguiu evitar ser deportada à Alemanha para fazer trabalho forçado. Este foi o período em que conseguiu trabalhar criando ilustrações para um livro de textos em inglês, e começou a escrever contos e poemas.
Quando a guerra terminou em 1945, Wisława Szymborska se matriculou na Universidade Jagellónica da Cracóvia para estudar literatura polonesa. Mais tarde, transferiu-se para sociologia. No entanto, teve que abandonar seus estudos no ano de 1948, sem obter seu diploma, devido a problemas financeiros.
Começos literários de Wisława Szymborska
Em março de 1945, Wisława Szymborska estreou em um jornal da Cracóvia chamado Dziennik Polski com seu poema Szukam słowa (Buscando a palavra). Logo, muitos outros poemas começaram a aparecer em diferentes jornais e meios de comunicação locais.
Após abandonar os estudos em 1948, assumiu o cargo de secretária em uma revista educativa quinzenal. Ao mesmo tempo, também trabalhou como ilustradora para a revista e continuou escrevendo poesia. Em 1949, terminou sua primeira coleção de poemas.
Como a maioria dos intelectuais daquela época, os primeiros trabalhos de Szymborska refletiam a filosofia socialista que era o assunto na Polônia daquele momento. Sua coleção de estreia, Dlatego żyjemy (Por isso vivemos, 1952), contém muitos poemas que ecoaram sua ideologia política.
Na década de 50, Szymborska transformou-se em membro do Partido dos Trabalhadores Poloneses. Sua coleção seguinte, Pytania zadawane sobie (Preguntas para si mesma), publicada em 1954, ecoou seu sentimento socialista.
No entanto, Szymborska se desiludiu com a ideologia comunista e, em sua terceira coleção de poemas, Wołanie do Yet (Chamada ao Yeti), publicada em 1957, o desencantamento e as mudanças sofridas em seu pensamento tornam-se evidentes.
Os poemas dessa coleção expressam sua insatisfação com o comunismo, principalmente com o stalinismo. Neles, mostra sua profunda preocupação pela humanidade e chegou a comparar, em um poema, o líder soviético Stalin com um abominável boneco de neve.
Com estas ações, rompeu todos os laços com o Partido dos Trabalhadores Poloneses.
“No começo da minha vida criativa, eu amava a humanidade. Queria fazer algo bom para a humanidade. Logo entendi que não é possível salvar a humanidade”.
– Wisława Szymborska-
A autora acabou rejeitando suas duas primeiras obras, anteriores a 1957. Ela as considerava dentro da cadeia do realismo socialista, ao qual havia renunciado e com o qual seria muito crítica pelo resto de sua vida.
Wisława Szymborska: obra
Durante toda a sua vida, Wisława Szymborska escreveu mais de quinze livros de poesia e prosa. No entanto, não foi somente uma poetisa famosa; ela adquiriu uma reputação considerável como crítica e tradutora graças às suas resenhas de livros e traduções de poesia francesa.
A partir de 1968, dirigiu sua própria coluna de crítica de livros chamada Lektury Nadobowiązkowe. Grande parte destes ensaios foram reunidos e publicados posteriormente em forma de livro.
Além do Prêmio Nobel de Literatura em 1966, Szymborska recebeu muitos outros prêmios. Entre eles: o Prêmio do Ministério da Cultura da Polônia (1963), o Prêmio Goethe (1991), o Prêmio Herder (1995) e o Prêmio do Club PEN da Polônia (1996), etc.
Em 1995, ela foi reconhecida com o título de Doutora Honorária em Letras pela Universidade Adam Mickiewicz de Poznan.
Em 2011, Wisława Szymborska recebeu a ordem Orła Białego ou a ordem da Águia Branca. Cabe adicionar ainda que se trata da premiação mais alta a qualquer indivíduo pelo Governo da Polônia.
Vida pessoal e legado
Wisława Szymborska casou-se com o poeta Adam Włodek em 1948. Sua casa na rua Krupnicza número 22, na Cracóvia, transformou-se um centro neurálgico para escritores de seu tempo. Entre eles, destaca-se o famoso escritor Czeslaw Milos.
O casal se separou em 1954, embora tenham continuado amigos íntimos até a morte. Não tiveram nenhum filho.
Szymborska se envolveu com o escritor Kornel Filipowicz quinze anos depois. Nunca se casaram e sempre viveram separados.
“Que as pessoas que nunca encontraram o amor verdadeiro continuem dizendo que esse tipo de coisa não existe. Sua fé tornará mais fácil viver e morrer”.
– Wisława Szymborska-
Wisława Szymborska morreu tranquilamente enquanto dormia em 1 de fevereiro de 2012 em sua casa, na Cracóvia. Tinha, na época, 88 anos de idade e estava trabalhando em um novo poema.
Atualmente, os poemas de Szymborska foram incluídos em alguns currículos escolares.
Tornou-se uma poetisa internacionalmente reconhecida e seu trabalho foi traduzido para diferentes idiomas, como o inglês, o francês e o alemão. Também existem inúmeras traduções para idiomas como o árabe, o hebreu, o japonês e até mesmo chinês.
Seus poemas são especialmente notáveis por sua linguagem e precisão. Ao mesmo tempo, sua obra poética passa uma sensação de desapego irônico.
“Em algum lugar, o mundo deve ter um fim”.
– Wisława Szymborska –
Enquanto a história polonesa desde a Segunda Guerra Mundial até o Stalinismo influenciam claramente sua poesia, Wisława Szymborska também foi uma poetisa profundamente pessoal que explorou as grandes verdades que existem nas coisas cotidianas e comuns.
Sua poesia é um reflexo dos interesses que marcaram a sua vida e, assim como sua obra, foi evoluindo e tomando diferentes caminhos com o passar do tempo.
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- Szymborska, W., Poniatowska, E., Beltrán, G., & Murcia, A. A. (2008). Poesía no completa. Fondo de Cultura Económica.
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