3 fatores de diferenciação interpessoal
A psicologia estuda os processos cognitivos básicos que, com certas nuances, ocorrem em todos os seres humanos de uma maneira semelhante. Assim, podemos dizer que ela busca o elo de união entre os indivíduos com o objetivo de ter uma visão genérica do homem. No entanto, existem alguns fatores de diferenciação interpessoal, como é o caso da personalidade.
A disciplina responsável por estudar esses fatores é a psicologia das diferenças individuais ou a psicologia diferencial. A psicologia das diferenças individuais é uma disciplina científica que tenta dar uma resposta ao fato de que nós, seres humanos, somos todos muito parecidos, mas ao mesmo tempo muito diferentes.
O seu objetivo é explicar os processos e fatores subjacentes à diferenciação interpessoal. De fato, se não investigássemos o assunto, teríamos problemas para explicar o comportamento humano. Isso ocorre porque esses fatores modulam muito o comportamento e a cognição. Estudar as diferenças nos ajuda a entender as suas causas e a ver os processos que ocorrem por trás delas.
De acordo com os diferentes estudos realizados, os dois fatores de diferenciação interpessoal por excelência são a personalidade e a inteligência. Dependendo do tipo de personalidade ou das diferentes habilidades intelectuais, observaremos um comportamento ou outro. No entanto, existem outros fatores de diferenciação interpessoal que veremos abaixo:
- Interesses
- Estilos cognitivos
- Estilos de aprendizagem
Fatores de diferenciação interpessoal
Interesses
Os interesses são um fator de grande relevância no estudo da diferenciação interpessoal. Podem ser definidos como as inclinações afetivas ou preferências por certas atividades, áreas, conhecimentos ou hobbies. Com certas nuances, os interesses vão predizer de alguma forma a direção do comportamento.
Os interesses têm três características principais:
- Eles são diretivos ou conativos. Ou seja, eles movem a pessoa para agir em uma determinada direção.
- Eles têm um certo grau de intensidade. Isso é indicado pela energia que o indivíduo dedica a um comportamento, bem como pela reação afetiva e ativação que deriva dele.
- Eles são dinâmicos. Eles aparecem, mudam, fortalecem ou perdem força através da interação contínua do indivíduo com o ambiente.
O estudo de interesses tem um forte impacto na psicologia da educação. Isso ocorre porque conhecer os interesses dos alunos ajuda a tornar a instrução interessante e a melhorar a qualidade educacional. Além disso, o seu estudo é útil para entendermos por que as crianças mostram diferentes padrões de interesses e diferentes níveis de atenção na mesma matéria.
Estilos cognitivos
Esse fator de diferenciação interpessoal surgiu da necessidade de explicar os diferentes níveis de desempenho apresentados por pessoas em diferentes tipos de tarefas. Os testes de inteligência tradicionais dificilmente explicam a variabilidade individual quando enfrentam tarefas diferentes. Houve também uma tentativa de explicar este ponto através da personalidade, mas ela foi vista como insuficiente. Portanto, o conceito de estilos cognitivos foi criado.
O estilo cognitivo refere-se à maneira usual de processar informações e usar recursos mentais, como a percepção, memória ou aprendizado. Em resumo, representa o padrão habitual com o qual o indivíduo enfrenta uma tarefa ou um problema. Os diferentes estilos cognitivos são decorrentes do fato de uma pessoa ser mais eficiente em certos tipos de tarefas em comparação com outras.
Abaixo estão exemplos de diferentes dimensões que podemos encontrar em relação aos estilos cognitivos. Devido à sua amplitude, não há espaço neste artigo para defini-las, mas elas servem como uma introdução a este conceito.
- Dependência de campo versus independência de campo.
- Nivelador versus afiador.
- Impulsivo versus reflexivo.
- Visualizador versus verbalizador.
- Visual versus sensível.
- Serial versus holística.
Estilos de aprendizagem
Assim como o estilo cognitivo é o padrão habitual através do qual enfrentamos um problema, o estilo de aprendizagem é a maneira usual como encaramos a tarefa de aprender. Ou seja, são aquelas estratégias e recursos de aprendizado que usamos quando adquirimos novos conhecimentos ou novos comportamentos.
Esses estilos nascem através de uma forte interação entre a pessoa e o contexto. A influência da socialização e das preferências naturais por um ou outro estilo parecem ser os fatores que explicam a gênese dos estilos de aprendizagem.
O psicólogo David A. Kolb criou uma taxonomia de estilos de aprendizagem de grande reconhecimento científico. Trata-se do seguinte:
- Divergente. São aqueles que adotam muitos pontos de vista, são bons em gerar ideias, têm amplos interesses culturais, etc. Essas pessoas são eficazes em atividades ou tarefas artísticas.
- Assimilador. São pessoas que contemplam uma ampla gama de informações. São lógicas, com interesse pelas ideias e pelo abstrato, e não estão interessadas nos aspectos práticos das teorias e ideias. Elas são qualificadas nas disciplinas científicas ou com base em informações.
- Convergente. Elas preferem os usos práticos das ideias e teorias. Tendem a ser bons em resolver problemas técnicos frente a problemas interpessoais e são eficazes em carreiras tecnológicas.
- Adaptável. Se adapta a qualquer circunstância. São as pessoas que lidam com as informações de maneira prática: planejam, buscam novas experiências e tendem a ser viscerais e bons no campo das relações interpessoais. São muito eficazes em profissões orientadas para a ação (vendas, marketing …).
Como vemos, a psicologia das diferenças individuais tem muitos conhecimentos para nos mostrar como funcionamos. Neste artigo, você aprendeu um pouco sobre três dos fatores que mais nos diferenciam uns dos outros. No entanto, essa área do estudo humano é extremamente ampla e ainda há muito para ser descoberto.