5 mentiras sobre a psicoterapia

As mentiras sobre a psicoterapia quase sempre giram em torno da irrelevância ou inutilidade do tratamento psicológico. Esse tipo de mito pode fazer muito mal e impedir que muitas pessoas recebam a ajuda profissional de que precisam.
5 mentiras sobre a psicoterapia
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 11 agosto, 2020

Circulam por aí muitas mentiras sobre a psicoterapia, assim como mitos sem sentido ou meias verdades. Há pessoas que não conseguem entender que toda essa constelação de experiências que chamamos de “mente” fica no cérebro.

O cérebro é um órgão complexo que, eventualmente, pode funcionar de forma inadequada, seja por causa de razões orgânicas ou porque apresenta uma distorção em seus processos simbólicos.

É perfeitamente normal que a mente não funcione sempre 100%, assim como é normal que todos, em alguns momentos da vida, tenham febre ou dor de dente. O que acontece é que, diferentemente do que acontece com o tratamento para outros problemas de saúde, o que é recomendado para a mente é um pouco mais abstrato.

O cérebro não é um órgão simples, ele é um impressionante reprodutor de experiências não materiais e, por isso, alguns de seus processos não se tratam com um remédio ou uma injeção, e sim através de outros métodos. Um deles é a psicoterapia.

“A grande descoberta da minha geração é que os seres humanos podem alterar suas vidas ao alterar as suas atitudes mentais”.
-William James-

Há muitas mentiras sobre a psicoterapia porque muitos acabam obscurecendo a sua imagem sem nunca ter passado por um processo do tipo, ou até tendo feito terapia por um tempo, mas nada muito profundo e duradouro. Também há estereótipos e clichês que foram difundidos e geraram preconceitos diante desse tipo de tratamento.

Quais são esses equívocos sem fundamento nos quais muitos acreditam? Aqui temos cinco deles.

As maiores mentiras sobre a psicoterapia

1. A terapia serve para ter com quem conversar

Às vezes escutamos afirmações como “o melhor psicólogo é Deus”, e “Não vou até um psicólogo porque para isso eu já tenho amigos“. Esse tipo de frase é uma das grandes mentiras sobre a psicoterapia: que ela equivale a uma conversa cotidiana.

Ainda que a palavra seja a ferramenta fundamental de quase todas as psicoterapias, o diálogo que se estabelece no seio de um tratamento tem motivações, intencionalidades e efeitos diferentes dos de uma conversa cotidiana. O psicólogo se encarrega de que isso ocorra dessa forma.

Paciente contando algo para uma terapeuta

2. Terapia só serve para o momento da crise

Com certeza a maioria dos casos em que as pessoas procuram a psicoterapia é quando elas estão atravessando uma crise. O mais frequente é que o antecedente imediato seja uma perda, ou o fim de um relacionamento amoroso, uma despedida, a morte de um ente querido… É aí que a pessoa nota que precisa de ajuda.

A psicoterapia é, obviamente, um fator que ajuda a elaborar e absorver esse tipo de situação. No entanto, não é necessariamente esse o único momento para se consultar com um psicólogo. Podemos procurar a terapia para aprender uma forma melhor de lidar com qualquer tipo de situação, não necessariamente um momento crítico de nossa vida.

3. Só os terapeutas famosos são bons e servem para alguma coisa

Outra das mentiras sobre a psicoterapia é que precisamos de um profissional absurdamente qualificado se queremos uma atenção boa e verdadeira. Isso não é verdade. O fundamental para que a psicoterapia funcione é o compromisso do paciente.

Claro que é muito importante assegurar-se de que o psicólogo que está atendendo tenha alguma qualificação. Obviamente, se você tem boas referências sobre ele, também é possível que tenha uma abertura maior e uma maior disposição para o tratamento. Incrivelmente, o pagamento é uma forma de comprometer o paciente com a terapia.

Desenho de dois contornos de figuras humanas em uma consulta de terapia

4. Os terapeutas fazem o mesmo que um bom amigo poderia fazer

Nossos bons amigos com certeza sempre vão ter toda a disposição e interesse em nos ajudar se perceberem que estamos com problemas. É muito valioso que nos escutem e, muitas vezes, o ponto de vista de uma outra pessoa pode nos ajudar, porque eles vão conseguir olhar para os nossos problemas de forma diferente.

No entanto, uma coisa é a sensação de afeto e companhia que eles podem nos dar, e outra muito diferente é a capacidade que eles têm para detectar e nos ajudar a tratar um problema emocional ou mental. É necessário uma pessoa capacitada que, além de tudo, não esteja envolvida de forma pessoal com o nosso problema.

5. A ideia de que ir à terapia é um sacrifício

Um dos clichês sobre a psicoterapia diz que ela é um processo extremamente sério, no qual a pessoa vai ser analisada e questionada. Nada mais longe da verdade. O verdadeiro protagonista desse tipo de tratamento é o paciente.

Psicólogo fazendo anotações enquanto uma paciente fala

Na verdade, muitos se surpreenderiam ao saber como pode ser interessante e divertido se entregar para o processo da psicoterapia. Quando temos uma boa disposição e vontade de melhorar, a ida semanal ao terapeuta é um laboratório pessoal. Saber mais de si mesmo com a ajuda de um profissional é algo muito fascinante.

Sabe-se que assim como muitos resistem a ir ao dentista, também temos a mesma coisa em relação ao psicólogo. O importante, no entanto, é entender que trata-se de uma alternativa viável quando alguém precisa de ajuda ou sente que a vida não está fluindo como gostaria.


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  • Labrador, F. J., Echeburúa, E., & Becoña, E. (2000). Guía para la elección de tratamientos psicológicos efectivos. Madrid: Dykinson.

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