Os 7 degraus do equilíbrio emocional para enfrentar emoções difíceis
Todas as emoções são necessárias. Cada uma delas nos dá informações valiosas sobre nós, e é por isso que é tão importante prestar atenção na forma como nos sentimos. Verificar como estamos a nível emocional é uma tarefa que não podemos esquecer se queremos alcançar um equilíbrio emocional e, em suma, saborear o bem-estar.
No entanto, nem sempre é fácil prestar atenção em nós mesmos para decifrar o que acontece conosco, principalmente quando nos encontramos em situações emocionalmente difíceis e dolorosas. Aquelas em que o sofrimento marca presença e em que o medo aparece como um monstro com a intenção de nos pegar.
Neste tipo de situações, as dúvidas, o estresse, o medo, as expectativas e a insegurança de não saber o que fazer nem como agir nos imobilizam. Assim, frequentemente ficamos presos em uma espiral de mal-estar e apatia. O que fazer quando as situações se tornam insustentáveis? Como agir quando nos sentimos destruídos e sem alternativas? Como lidar com essas emoções negativas que nos escravizam?
O psiquiatra e professor de psicobiologia Vicente Simon, após pesquisar e se aprofundar na sabedoria da psicologia budista, desenvolveu um procedimento que pode nos ajudar nessas situações: os 7 degraus do equilíbrio emocional. Um conjunto de exercícios destinados a aliviar o sofrimento, evitar danos psicológicos causados por um impacto emocional e impedir ações inapropriadas que possam causar conflitos com outras pessoas. São os seguintes:
Fazer uma pausa para alcançar o equilíbrio emocional
Diante de uma má notícia, uma forte discussão ou uma grande decepção, o primeiro passo é parar. Quando percebemos que uma emoção intensa e desagradável surge dentro de nós, temos que parar. Fazer uma pausa e direcionar toda a nossa atenção para o movimento emocional que cresce dentro de nós.
No início não será fácil, é normal. Parar um processo que há anos funciona no automático não é nada simples, já que é o contrário do que a nossa forma de proceder propõe. Na verdade, na maioria das vezes, as emoções nos levam a agir de forma abrupta e irrefletida. Agora, em vez de continuar e chegar à explosão emocional, temos que parar, nos permitir um tempo para refletir e avaliar o que acontece dentro de nós.
Desta forma, interrompemos o automatismo em que estamos imersos e criamos a possiblidade de responder de forma diferente à habitual. Mas é importante praticar, já que é possível que não consigamos de primeira. Inclusive, para facilitar este passo, podemos ir para outro lugar que nos transmita mais tranquilidade.
Respirar fundo, acalmar
Uma vez que tenhamos parado, o próximo passo para alcançar o equilíbrio emocional é prestar atenção na nossa respiração e naquelas regiões do corpo em que a emoção se manifesta.
Caso estejamos muito enérgicos ou estressados, o adequado é respirar fundo. A respiração profunda nos ajudará a acalmar e a se conectar com nós mesmos. O objetivo é chegar a respirar 10 vezes em um minuto. É claro que não conseguiremos de primeira, e muito menos se estivermos em um estado de alta ativação, já que nesses momentos a respiração pode chegar a disparar até 30 vezes por minuto. A questão é praticar e focar nela.
Por outro lado, quando experimentamos emoções difíceis, podemos notar que o coração bate mais rápido, uma leve pressão no peito ou, talvez, tensão na barriga. Em qualquer caso, o importante é que não evitemos experimentar essas sensações corporais. Muitas vezes, as emoções também nos falam através do nosso corpo. Trata-se de percebê-las e de nos acalmarmos através da respiração para diminuir, por sua vez, as sensações corporais.
Tomar consciência da emoção
Este passo consiste em nos familiarizarmos com a emoção a um nível vivencial, não intelectual. Isso significa senti-la como uma experiência direta com tudo o que ela implica. Por exemplo, como ela se expressa através do corpo.
A seguir podemos passar a observar ou imaginar que situação ou situações desencadeiam essa emoção. É uma determinada pessoa ou, quem sabe, um pensamento? Pode ser que seja uma lembrança? A questão é detectar os aspectos-chave relacionados com ela e com sua origem.
Depois, temos que identificar de que emoção se trata, ou seja, temos que lhe dar um nome. É raiva, tristeza, inveja ou talvez medo? Algumas pesquisas afirmam que quando fazemos isso, a emoção perde parte de sua força. Por último, para lhe dar mais identidade, podemos nos perguntar como essa emoção se expressaria, que necessidade ela esconde e o que ela nos leva a fazer.
Aceitar a experiência, permitir a emoção
Este passo consiste em aceitar a emoção sem julgamentos, em permitir que ela seja como é, sem reprimi-la ou oferecer resistência.
No início não será agradável, pois estamos deixando crescer uma emoção da qual não gostamos, mas é necessário para conhecê-la e e geri-la mais adiante. Assim, nos tornamos espectadores da rejeição que a situação nos desperta, daquelas tentativas de escapar da situação e nos defendermos, mas não fazemos nada, simplesmente deixamos que a emoção se manifeste e se expresse como ela é. Desta forma, damos-lhe o seu espaço e a reconhecemos como uma parte de nós.
Dar carinho a nós mesmos
Na metade deste processo tão profundo de lidar com aquilo que nos machuca, que nos pesa e que às vezes é como se nos devorasse, é fundamental se conectar com aquela parte de nós que ainda se mantém íntegra e sã, que funciona através do carinho e do afeto. Vamos pensar que os “maus-tratos pessoais” atentam contra essa força de que tanto precisamos para alcançar esse equilíbrio emocional.
Pode ser que seja difícil para nós nos abraçarmos e tratarmos com amor, por isso podemos recorrer àquelas pessoas que sempre estão ali, do nosso lado, e que não hesitam em nos acompanhar sempre que precisamos. Elas nos ajudarão a aliviar o mal-estar e a angústia que sentimos.
Soltar a emoção
A intensidade da emoção será reduzida pouco a pouco e isso permitirá se separar dela. Assim, já não pensaremos que somos a emoção, e sim que estamos abrigando-a por um certo tempo.
É importante ter em mente que só permitiremos que a emoção se dissipe quando impedirmos que ela assuma o controle do nosso diálogo interno. Então, nós não podemos forçar seu desaparecimento de forma direta, ela simplesmente vai se dissolver à medida que temos contato com ela. Nesse sentido, pensar que não somos a emoção é uma estratégia fundamental para limitar o poder dela sobre nós.
Agir ou não de acordo com as circunstâncias
Uma vez passada a tormenta emocional, o último passo para conseguir o equilíbrio emocional consiste em decidir se vamos agir ou não. Se a situação em que estamos imersos exige uma resposta, agora estaremos em melhores condições para gerá-la. Será muito mais fácil agir com calma e com a conexão com nossas dúvidas e desejos. Por outro lado, se não for necessário dar uma resposta imediata, o mais conveniente é esperar até que a emoção perca a intensidade por completo e que, assim, tenhamos assimilado sua mensagem.
Como vemos, uma emoção difícil pode se transformar em serenidade e calma através da atenção plena e com o passar do tempo. O filósofo holandês Spinoza expressou isso muito bem: “Um afeto que é uma paixão deixa de ser uma paixão assim que formamos dele uma ideia clara e distinta”.
Estar presente nas emoções é a chave que abre a porta para o equilíbrio emocional. Uma prática que requer tempo e habilidade; no entanto, se conseguirmos dominá-la, ela nos ajudará a lidar com as dificuldades e problemas do nosso dia a dia, tanto conosco quanto com os outros.
Referências bibliográficas
- Simón, Vicente. (2014), Aprender a practicar mindfulness. Sello editorial, Barcelona.