8 mitos sobre o mindfulness

8 mitos sobre o mindfulness
Sara Clemente

Escrito e verificado por psicóloga e jornalista Sara Clemente.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Conheça alguns mitos sobre o mindfulness, que permite que tomemos consciência de nossos movimentos, sentimentos e reações. Todas essas facetas são cruciais em nossa vida e na experiência do presente. É por isso que é muito útil colocá-lo em prática, para sair do piloto automático no qual operamos uma boa parte do dia.

Por outro lado, o mindfulness se tornou uma espécie de moda ou receita para tudo. No entanto, suas origens não são tão atuais em comparação com o que alguns podem pensar. Assim como este equívoco, há um número de noções preconcebidas que impedem que muitas pessoas apreciem seus benefícios.

Esclarecendo alguns mitos sobre o mindfulness

Não é apenas atenção plena

Esta técnica é comumente usada para se referir à prática com base na meditação e exercícios respiratórios que buscam a atenção plena. Seu objetivo é controlar os pensamentos rebeldes e manter a mente focada. No entanto, esta simplicidade traz em si uma profundidade que não é tão simples. Se formos mais fundo, vamos perceber que o mindfulness é muito mais.

Vem da palavra tibetana “drenpa”, que é traduzida como “recordar”, “reter” ou “coletar”. Portanto, não consiste exclusivamente em observar nossa mente, mas em aprender a viver o presente, melhorando a qualidade de nossos pensamentos. E a concentração  no “aqui e agora” é apenas o meio para alcançá-la. Não tentamos melhorar o nosso backhand com horas e horas de treino nas quadras de tênis? Por que não ensinar nossa consciência a ser mais eficiente através do treinamento?

Mulher meditando na beira de um lago

O mindfulness não é uma terapia psicológica

O mindfulness e a meditação não são terapias psicológicas. Em nenhum caso substituem os tratamentos psicológicos ou farmacológicos. Então, se você tiver sido diagnosticado com um problema de saúde mental ou transtorno, sempre procure um profissional e as diretrizes recomendadas na intervenção.

Os exercícios de relaxamento e concentração podem servir como um complemento para essas terapias, mas não como alternativas. Também é errado considerar que eles têm “efeitos terapêuticos”. Também poderíamos falar sobre “efeitos regulatórios”, porque eles não reduzem, mas complementam outras ferramentas e técnicas de apoio.

É preciso deixar sua mente vazia para meditar

Um dos grandes mitos sobre o mindfulness é a ideia de ter que deixar a mente vazia para ser capaz de praticá-lo. Nada mais longe da realidade. Na verdade, o que você deve fazer não é deixá-la vazia, e sim direcioná-la para onde quiser. Dominá-la. Em outras palavras, devemos nos guiar, e não sermos guiados pelos estímulos externos.

Nosso cérebro é projetado para pensar. Assim, quanto mais tentarmos manter os pensamentos negativos longe, mais intensos eles se tornarão. Bloquear é um verbo que se opõe à filosofia daqueles que praticam a mindfulness. Pelo contrário, o que eles propõem é que tudo flua e que cada pensamento se liberte.

“Quando a turbulência das distrações diminui e nossa mente se acalma, um profundo sentimento de felicidade e satisfação surge em nosso interior, que nos ajuda a lidar com a agitação e as dificuldades da vida cotidiana.”
-Ven. Gueshe Kelsang Gyatso Rinpoché-

A alegria e o positivismo vêm de você

Este é outro dos grandes mitos sobre o mindfulness. Esta prática consiste em aprender a viver o presente da melhor maneira possível, mas não é sinônimo de alegria ou positivismo. Ao fazer esses exercícios, você não terá um sorriso constante em seu rosto ou vai aprender a ver tudo cor-de-rosa. Para conseguir isso, você deve aceitar os momentos da maneira como eles são. E isso só cabe a você.

O que é verdade é que essa prática faz você viver os momentos mais intensamente. Tanto os bom quanto os ruins. Ela altera a forma como você sente o presente e ajuda a canalizar e gerenciar suas emoções. Ela ajuda você a não fazer julgamentos de valor e ser mais objetivo no seu dia a dia.

Meditação

O hábito não faz o monge

Muitos especialistas afirmam que em 21 dias qualquer um pode mudar um hábito ou incorporar uma nova rotina em sua vida diária. Infelizmente isso não acontece com o mindfulness. Por outro lado, não é necessário praticá-lo todos os dias ou todas as semanas, porque os seus benefícios são imediatos.

Se você praticar uma vez por ano, vai notar os mesmos resultados que se você tivesse feito duas vezes por dia. Tudo que você precisa é da sua força de vontade. Claro, você tem que saber a técnica para realizá-la de uma forma completa, uma vez que não é simplesmente ir para um lugar isolado e respirar.

Não leva tempo, oferece qualidade de vida

Outro dos grandes mitos sobre o mindfulness mais fáceis de desmascarar: a falta de tempo. Ela existe, sim, mas também existem muitas desculpas. Certamente você passa mais tempo pensando em por que não pode fazer do que realmente praticando.

São apenas 10 ou 15 minutos em que você precisa focar sua atenção. Você pode estar lendo, cozinhando, andando… Mas, sim, sua atenção permanece focada no momento, no presente. Se você fizer isso de uma forma contínua, vai ver que gradualmente vai meditar sem sequer perceber. O corpo pede para que você faça isso.

Não é uma maneira de fugir da realidade

Muitos acreditam que esta técnica de meditação tenta isolá-lo de sua vida para fugir do estresse do dia a dia. Esta é uma ideia totalmente falsa. O que estamos procurando é a reflexão e encontrar a causa original desse estresse. Através da concentração total, você será capaz de observar e torná-la consciente.

Portanto, não se trata de entrar em uma bolha e se ausentar da realidade, mas muito pelo contrário: tem como objetivo dar luz ao seu problema, focando nele toda a sua atenção.

Mulher meditando na natureza

O mindfulness é tedioso?

Este é, sem dúvida, outro dos mitos sobre o mindfulness. Não há nenhuma maneira predeterminada de abordar esta técnica. Na verdade, uma de suas grandes vantagens é que ela não gera qualquer tipo de expectativa. Você fica entediado com a autodescoberta?

Talvez devêssemos falar, mais do que sobre o tédio, sobre o medo. O medo de descobrir o que só vemos se formos capazes de olhar para dentro. O desconhecido nos aterroriza, mais ainda se trata-se do que pode ter nos causado dor em algum momento da nossa vida. Dê a si mesmo o prazer da auto-libertação, deixe seus medos saírem.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.