A consciência é um produto do cérebro?

Em experiências de quase morte, a pessoa parece estar morta. Porém, por meio de aquecimento, oxigênio e medicamentos, sua atividade recobra vida. Onde fica a consciência durante esse período?
A consciência é um produto do cérebro?
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Luján Comas, formado em Medicina e especialista em Anestesiologia e Reanimação, afirma que a consciência não é um produto do cérebro, mas que ela utiliza o cérebro. Na mesma linha, Stuart Hameroff, psicólogo da Universidade do Arizona, e Roger Penrose, físico matemático de Oxford, propuseram a hipótese de que os microtúbulos, as menores unidades do citoesqueleto das células, atuam como canais para a transferência da informação quântica responsável pela consciência.

Em experiências de quase morte (EQMs), o coração e o cérebro param de funcionar. Entretanto, as pessoas que passaram por esses tipos de circunstâncias podem explicar suas percepções sensoriais como se fossem um ser completo. Elas puderam ver a si mesmas e o que acontecia naquele momento ao seu redor, elas revisaram toda a sua vida e também o futuro, e entenderam o sentido da sua existência. Sentiram uma paz e um amor incondicional difícil de descrever.

Por causa das condições biológicas, essa consciência não poderia estar no cérebro. Trata-se de uma energia, e sabemos que a energia não é criada nem destruída, ela é transformada e mantida. Quando morremos, o conteúdo dos microtúbulos voltaria a essa consciência quântica e, caso ocorra uma ressuscitação, ele poderia ser recuperado.

“A ciência ignora ou nega o que não pode explicar, mas isso não significa que não exista.”
-Van Lommel-

A luz no fim do túnel

Teorias explicativas sobre as experiências de quase morte

Existe uma visão médica que afirma que as EQMs são meras alucinações. Algumas teorias se baseiam na falta de oxigênio que ocorre nessas situações. Outra hipótese a ser considerada é que sejam causadas ​​pelo excesso de dióxido de carbono ou por uma epilepsia do lobo temporal.

As pessoas que passaram por uma EQM descrevem vários elementos comuns que ocorreram durante a sua experiência. As crianças contam que viram um anjo, os ateus falam de “uma energia” e os crentes citam Deus. Todos se referem à mesma coisa e relatam que se sentem integrados nela.

Essas experiências, tanto experiências de morte temporária quanto experiências de final de vida, complementam essa visão da transcendência da consciência para além da mera crença, principalmente por serem objeto de pesquisas científicas em diversos países do mundo.

A maioria das pessoas que passaram por uma EQM modifica sua escala de valores, perde o medo de morrer e encara a vida de uma maneira radicalmente diferente: passa a se dedicar a trabalhos que dão sentido à sua vida, de serviço e ajuda aos outros.

“Nossa morte é apenas uma mudança de consciência, uma transição.”
-Pim van Lommel-

Conexão com a natureza

Existe uma consciência conectada a tudo?

De acordo com Van Gulick (2004), nenhum aspecto da mente é mais familiar ou mais confuso do que a experiência da consciência em si mesmo e no mundo. O problema da consciência é discutível nas teorias atuais sobre a mente.

Embora existam divergências sobre a teoria da consciência, também há um consenso de que uma compreensão dela e de seu lugar na natureza é necessária. Precisamos entender a consciência e como ela se relaciona com o comportamento.

Um estudo recente de 2020 publicado na revista Neuroscience of Consciousness sugere que a consciência implementa algoritmos no espaço, em vez de no tempo, dentro do campo eletromagnético do cérebro. Olhando-a a partir desse ponto de vista, a consciência pode ser referida como algo mais do que apenas subjetivo.

Existe uma consciência que está continuamente aprendendo e conectada com tudo? O mundo das subpartículas do qual tudo é feito pode ser interconectado: você, eu, as árvores, a mesa, todo o universo. O que está claro é que, se entendêssemos a morte de outra maneira, viveríamos de uma forma diferente.

“Considero que a morte é o momento mais importante da vida. Aqui fica tudo o que é denso, mas você leva sua consciência”.
-Luján Comas-


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  • Gennaro, RJ (Ed.). (2004). Teorías de la conciencia de orden superior: una antología (Vol. 56). Editorial John Benjamins.

  • Lázaro Pérez, C. (2019). La conciencia en el umbral del tránsito: experiencias cercanas a la muerte. Proyecto de investigación:.

  • McFadden, J. (2020). Integración de información en el campo EM del cerebro: la teoría de la conciencia del campo cemi. Neurociencia de la conciencia , 2020 (1), niaa016.

  • Stuart, H. (1998). ¿Computación cuántica en microtúbulos cerebrales? El modelo de conciencia de Penrose-Hameroff ‘Orch OR’. Transacciones filosóficas de la Royal Society de Londres. Serie A: Ciencias matemáticas, físicas y de la ingeniería , 356 (1743), 1869-1896.


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