A força vem dos valores de cada um

A força vem dos valores de cada um
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 27 abril, 2018

O melhor exemplo desse tipo de força é o de Gandhi. O grandioso da sua luta foi ter conseguido vencer um império, e ter feito isso graças a sua força e à força de suas convicções, renunciando à violência. Há muitos outros heróis cotidianos com menos menções nos livros de história que aumentam a verdade desse fato com seus atos: a força vem dos valores de cada um.

São muitos os que, ao longo da história, suportaram os mais terríveis pesares só para defender suas convicções. Mostraram uma força impressionante. Uma força que vem de dentro, do que está na sua mente e no seu coração. Não há necessidade de superioridade física, nem econômica, ou de qualquer outro tipo. Conseguem se manter e muitas vezes vencer se valendo unicamente de sua superioridade moral.

“Seus valores definem quem você é de verdade. Sua identidade real é a soma total de todos os seus valores”.
-Assegid Habtewold-

Isso também acontece na nossa vida menos teatral e mais cotidiana. Somos capazes de enfrentar situações de injustiça, de falsidade ou de desonra quando nosso valores são confrontados e se tornam uma bússola a ser seguida. O mesmo acontece com nossos objetivos: nós nos tornamos capazes de ir atrás deles quando estes estão apoiados em valores muito claros e definidos. Isso é o que nos dá força. Isso é o que nos permite resistir, persistir e não desistir.

Por que a força vem dos valores de cada um?

A ética é o produto mais valioso da cultura. E também do indivíduo. Os valores são as coisas que trazem coerência para uma sociedade. Também são o que permite a convivência, tornando a vida social possível. Esses pactos, implícitos e explícitos, sobre o que é bom ou desejável e sobre aquilo que é ruim ou reprovável, são as coisas que dão forma ao tecido social.

A força vem dos valores de cada um

Segundo Jean Piaget, a ética autônoma é o ponto mais avançado da evolução moral de um ser. Só é alcançada quando a inteligência já se desenvolveu o suficiente. É fruto de um longo processo de amadurecimento, que vai desde a anomia ou carência total de valores com a qual nascemos, até a autonomia, ou a capacidade de pensar por nós mesmos e tirar nossas próprias conclusões.

Além da sua importância social, a ética também cumpre um papel decisivo na vida individual. É ela que orienta as ações e dá um sentido para as mesmas. Também é a força que torna possível enfrentar as dificuldades e se manter em pé durante os momentos mais difíceis.

Por alguns, essa ética pessoal se apoia, se baseia ou é ditada, pela religião. Desse modo, nos momentos mais difíceis essas pessoas se apegam a seus valores religiosos. Para outros, a ética é uma filosofia, uma tese, ou algum outro tipo de crença. Há também aqueles que renunciam a seus valores e adotam uma posição pragmática e cínica perante a vida. Nesse caso, as pessoas também renunciam à atribuição de significado às ações que vão mais além dos interesses pessoais e das conveniências, vivendo para si. Protegem a si mesmas de desilusões, mas empobrecem as suas vidas ao mesmo tempo.

O comportamento e os valores

O ser humano passa por um processo de evolução antes de chegar a construir os seus próprios valores. Nem todos chegam até o final desse processo. Muitos ficam na fase de evolução denominada “heteronomia”. Nessa fase a criança, ou o adulto, não atua com base nas suas convicções ou valores, mas se guia pelo que as figuras de autoridades impõem. Para eles o bom ou o ruim é o que as figuras acima deles definiram que é. Seu principal objetivo é não entrar em contradição com as figuras de autoridade.

Pomba diante do rosto de homem

Quando o desenvolvimento moral chega ao seu fim, a única autoridade que se obedece é a própria consciência. A diferença das etapas anteriores é que os valores não são assumidos por uma tradição, repetição ou porque alguma autoridade mandou. Eles se tornam fruto de uma reflexão pessoal, sendo muitas vezes contrários ao que a maioria da sociedade apoia. Em uma palavra, são valores autônomos.

Pensemos que os valores são significados. Atributos que são considerados desejáveis ou dignos de serem promovidos. Orientam o comportamento e dão sentido para as ações. Implicam um compromisso: ficar do lado que se considera adequado ou correto. A ética é, no entanto, flexível. Não se trata de um mandato dogmático. Depende sempre da avaliação constante e consciente que uma pessoa faz das diferentes situações que se apresentam. Precisamente por isso os valores trazem força: uma dependência apenas da própria consciência, e não de uma ordem externa ou do improviso.

Chegamos a um ponto em que é conveniente nos perguntarmos quais são os valores que baseiam os nossos comportamentos e as nossas ações. Muitas vezes simplesmente decidimos no que acreditamos por costume ou tradição, ou só porque a maioria acredita em alguma coisa. Isso é exatamente o que faz com que nos sintamos perdidos em alguns momentos da vida. A ética não só nos dá força para ir atrás do que desejamos, como também torna possível que na maioria das vezes nossa intenção e nossos atos permaneçam constantes e alinhados.


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