A nova versão revisada do DSM-5

O DSM-5 revisado traz mudanças importantes para o diagnóstico psicopatológico. Além disso, um novo distúrbio foi incluído nele. Se você quiser saber mais sobre essa atualização, continue lendo!
A nova versão revisada do DSM-5

Última atualização: 19 agosto, 2022

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) é usado por médicos, psiquiatras e psicólogos nos Estados Unidos e em diferentes partes do mundo para diagnosticar as doenças psiquiátricas. Trata-se de um manual publicado pela American Psychiatric Association (APA) que abrange todas as categorias e critérios diagnósticos de múltiplos transtornos mentais, tanto para adultos quanto para crianças.

O DSM contém descrições, sintomas e outros critérios necessários para diagnosticar uma psicopatologia. Além disso, também possui estatísticas das populações mais afetadas por diferentes doenças, a idade típica do seu início, bem como o seu curso e prevalência.

A versão mais recente deste manual é a versão 5 (DSM-5); no entanto, neste ano, a APA publicou uma versão revisada (DSM-5-TR).

DSM-5-TR: principais revisões

Pessoa fazendo teste psicológico
Uma grande contribuição na versão revisada do DSM-5 é a atenção dada à linguagem discriminatória e racista.

Em 18 de março, a APA publicou a nova versão do DSM-5, desenvolvida com a ajuda de mais de 200 profissionais especialistas no assunto. Esta versão inclui o conteúdo completamente revisado e as referências do DSM-5, bem como critérios diagnósticos atualizados e o código de seguros CID-10-CM.

Esta versão revisada introduz um novo transtorno, o Transtorno do Luto Prolongado, bem como códigos para o comportamento suicida e para a automutilação não suicida. Também se estabeleceu uma nova categoria para os transtornos do humor: transtornos do humor não especificados.

Da mesma forma, também se revisaram os critérios diagnósticos para diversos transtornos:

  • Transtorno do espectro autista.
  • Episódio maníaco.
  • Bipolar I e Bipolar II.
  • Ciclotímico.
  • Depressivo maior.
  • Depressivo persistente.
  • Estresse pós-traumático em crianças.
  • Transtorno da evitação-restrição da ingestão de alimentos.
  • Delírio.
  • Transtornos mentais induzidos por substâncias/medicamentos.
  • Síndrome de psicose atenuada.

As mudanças incluem esclarecimentos quanto aos critérios para mais de 70 transtornos, atualizações descritivas para a maioria das psicopatologias com base em revisões da literatura e também um exame abrangente do impacto do racismo e da discriminação no diagnóstico e nas manifestações dos transtornos mentais.

29 especialistas em psiquiatria cultural, psicologia e antropologia buscaram influências culturais nas características dos transtornos e forneceram informações importantes nas seções sobre os problemas diagnósticos associados à cultura.

Ao mesmo tempo, um grupo formado por 14 profissionais de saúde mental, especialistas em práticas de redução de diferenças, revisou as referências a raça, etnia e conceitos relacionados em todo o DSM a fim de evitar a perpetuação de estereótipos ou o acréscimo de informações discriminatórias.

Atualizações na nova versão do DSM-5

As atualizações mais relevantes da nova versão revisada do DSM-5 são as seguintes:

  • Texto totalmente revisado para cada transtorno, com seções atualizadas sobre as características associadas, prevalência, desenvolvimento e curso, bem como fatores de risco e prognóstico, cultura, marcadores de diagnóstico, suicídio, diagnóstico diferencial e muito mais.
  • Adição do transtorno do luto prolongado.
  • Mais de 70 conjuntos de critérios modificados com esclarecimentos úteis desde a publicação do DSM-5.
  • Introdução e uso totalmente atualizados do manual para orientar a utilização e fornecer contexto para a terminologia importante.
  • Considerações sobre o impacto do racismo e da discriminação nos transtornos mentais foram integradas ao texto.
  • Novos códigos para marcar e monitorar o comportamento suicida, ao alcance de todos os clínicos de qualquer disciplina, sem a necessidade de qualquer outro diagnóstico.
  • Códigos CID-10-CM totalmente atualizados implementados desde 2013, incluindo mais de 50 novas atualizações de codificação para o DSM-5-TR sobre a intoxicação e a abstinência de substâncias e outros transtornos.
  • Classificação diagnóstica atualizada e redesenhada.

Alterações nos critérios

Foram incluídos novos códigos para o comportamento suicida e para a automutilação não suicida que aparecem na seção II, capítulo “Outras condições que podem ser foco de atenção clínica”. O código de sintomas de comportamento suicida pode ser usado caso uma pessoa se envolva em um comportamento autolesivo com a intenção de morrer.

Por sua vez, o código de sintomas de automutilação não suicida pode ser usado para as pessoas que tiverem autoinfligido danos intencionais ao seu corpo, mas sem a intenção de acabar com a própria vida.

Além disso, nesta nova versão revisada do DSM-5, restaurou-se o transtorno do humor não especificado para as apresentações de humor misto que não atendem aos critérios para o transtorno bipolar ou depressivo.

Alterações na nomenclatura

A nova versão revisada do DSM-5 inclui atualizações na terminologia e nomenclatura. Por exemplo, o termo “neuroléptico”, que é aplicado a uma classe de medicamentos, não será mais usado, a menos que se faça referência à síndrome neuroléptica maligna.

Além disso, também foram feitas atualizações na terminologia para descrever a disforia de gênero. O termo “gênero desejado” foi alterado para “gênero experimentado”, enquanto o “procedimento médico de sexo cruzado” agora se tornou “procedimento médico de afirmação de gênero” e o termo “homem nato/mulher nata” foi alterado para “masculino/feminino atribuído individualmente ao nascer”.

Além disso, também dois transtornos foram renomeados: a deficiência intelectual agora é um transtorno do desenvolvimento intelectual enquanto o transtorno de conversão agora é um transtorno dos sintomas neurológicos funcionais.

Atualização nas definições de especificadores

Essas alterações incluem ajustes nos especificadores de gravidade para:

  • O episódio maníaco.
  • Humor congruente/incongruente no transtorno bipolar.
  • Características mistas para o transtorno depressivo maior.
  • O especificador agudo/persistente para o transtorno de adaptação.
  • Os especificadores da narcolepsia.
  • O especificador posterior à transição para a disforia de gênero.
Homem em terapia psicológica
O DSM-5 inclui um novo transtorno: o transtorno do luto prolongado.

Critérios diagnósticos para o transtorno do luto prolongado

Nesta nova versão revisada do DSM-5, houve a adição de apenas um transtorno. Veremos quais são os seus critérios diagnósticos:

A. A morte, há pelo menos 12 meses, de pessoa próxima ao enlutado (para crianças e adolescentes, há pelo menos 6 meses).

B. Desde a morte, desenvolveu-se uma resposta de luto persistente caracterizada por um ou ambos os sintomas a seguir, presente na maioria dos dias em grau clinicamente significativo. Além disso, os sintomas devem ter ocorrido quase todos os dias durante, pelo menos, o último mês:

  • Saudade intensa da pessoa falecida.
  • Preocupação ou lembranças da pessoa falecida (em crianças e adolescentes, a preocupação pode se concentrar nas circunstâncias da morte).

C. Desde a morte, pelo menos três dos seguintes sintomas estiveram presentes na maioria dos dias em um grau clinicamente significativo. Além disso, os sintomas ocorreram quase todos os dias durante pelo menos o último mês:

  1. Perturbação da identidade (por exemplo, sentir que parte de si mesmo morreu) desde essa morte.
  2. Sensação acentuada de descrença sobre essa morte.
  3. Evitar a lembrança de que a pessoa está morta (em crianças e adolescentes, pode se caracterizar por esforços para evitar lembranças).
  4. Dor emocional intensa (por exemplo, raiva, amargura, tristeza) relacionada à morte.
  5. Dificuldade para se reintegrar às próprias relações e atividades após essa morte (por exemplo, problemas para se relacionar com os amigos, ir em busca dos próprios interesses ou planejar o futuro).
  6. Entorpecimento emocional (ausência ou redução acentuada da experiência emocional) como resultado dessa morte.
  7. Sentir que a vida não tem sentido como consequência dessa morte.
  8. Solidão intensa como consequência dessa morte.

D. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo social, ocupacional ou em outras áreas importantes do funcionamento.

E. A duração e a gravidade da reação de luto excedem claramente as normas sociais, culturais ou religiosas esperadas para a cultura e o contexto do indivíduo.

F. Os sintomas não podem ser melhor explicados por outros transtornos mentais, tais como o transtorno depressivo maior ou o transtorno de estresse pós-traumático, e não são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de alguma substância (por exemplo, medicação, álcool) ou de outra condição médica.

Em conclusão, a nova versão revisada do DSM-5 nos apresenta uma série de alterações que permitem uma melhor abordagem do diagnóstico dos transtornos mentais.

Nesta versão, a atenção dada a não usar uma linguagem discriminatória e racista é uma grande contribuição da área da saúde para a consolidação de uma sociedade mais inclusiva, onde a diversidade seja respeitada e levada em consideração.


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