A técnica do bolo: como ela nos ajuda a distribuir melhor as responsabilidades?

A técnica do bolo permite reajustar nossa percepção da realidade, principalmente no que diz respeito às atribuições. Assim, neste artigo, contamos como você pode usá-la a seu favor.
A técnica do bolo: como ela nos ajuda a distribuir melhor as responsabilidades?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O ser humano faz atribuições em relação a tudo o que acontece em nossas vidas. Quem foi o culpado por essa briga? Por que eu falhei neste exame? Por que a empresa consegue tão poucas vendas? A resposta que damos a essas perguntas condiciona como nos sentimos e como agimos em relação a isso; no entanto, nossas atribuições nem sempre são as mais precisas. Para isso, a técnica do bolo pode nos ser útil.

Quantas vezes não fomos contundentes, injustos e extremistas na hora de atribuir responsabilidades? Culpamos totalmente nosso parceiro pelas brigas ou nos culpamos por algo que deu errado sem levar em consideração outras variáveis fora de nós.

Assim, parar por um momento para refletir pode fazer a diferença em termos de qualidade de nossas ações, nossos pensamentos ou nossas emoções.

Mulher preocupada pensando
A técnica do bolo permite representar uma situação em nível gráfico para distribuir a responsabilidade envolvida.

O que é a técnica do bolo?

A técnica do bolo é uma ferramenta muito simples utilizada para diversos fins no campo da psicologia e do desenvolvimento pessoal. Sua base é simples: envolve desenhar um grande círculo em uma folha de papel e depois dividi-lo em seções (como se fossem as fatias de um bolo). Cada uma dessas seções representará algo diferente dependendo do objetivo com o qual usamos a técnica.

Por exemplo, se estivéssemos usando essa ferramenta para administrar melhor nosso tempo, cada “fatia do bolo” simbolizaria uma das atividades ou obrigações que temos no dia a dia. Mas, neste caso, seu uso é um pouco diferente.

Se vamos usar essa técnica para atribuir responsabilidades, temos que começar escrevendo na parte superior o “título” da situação, o que aconteceu. Por exemplo, reprovar em um exame ou briga do casal.

Em seguida, pensamos e listamos todas as pessoas ou fatores que poderiam ter contribuído para aquele resultado e atribuímos a eles um percentual de responsabilidade pelo ocorrido.

Com esses dados, dividimos o círculo em segmentos ou porções (respeitando as porcentagens) e escrevemos o nome da pessoa ou o fator correspondente. O resultado será uma representação gráfica da situação, que nos permite observá-la com perspectiva e profundidade, em vez de nos deixarmos levar pela nossa impressão inicial.

Exemplo de uso da técnica bolo

Vamos dar um exemplo para entender melhor como ela é usada. Imagine que um adolescente tenha sido reprovado em um exame e culpe seu professor. Quando você parar para analisar a situação, poderá encontrar muitos outros fatores a serem considerados:

  • Ele não estudou o suficiente.
  • Ele não entende bem o assunto, mesmo que tenha tentado.
  • Ele cometeu alguns erros porque não dormiu bem na noite anterior.
  • Recebeu perguntas para as quais não se preparou bem.

Este exercício não só permite uma atribuição de responsabilidades mais precisa, mas também muitas vezes nos faz ajustar o grau de controle que temos sobre uma determinada situação.

Na ideia de que a culpa é do professor, não há nada que possa ser feito. Nesse caso, é possível tomar medidas para a próxima vez, como se inscrever em aulas individuais para reforçar e esclarecer conhecimentos, estudar mais ou dormir o suficiente antes do exame.

Outro exemplo pode ser o de uma empresa que não atinge as vendas ou resultados esperados. O mais simples é culpar o vendedor por não fazer bem o seu trabalho, mas na realidade pode haver mais fatores que influenciam. Por exemplo:

  • O produto tem grandes falhas ou deficiências.
  • A estratégia de marketing não é bem desenhada.
  • Os gerentes não conseguem motivar e incentivar seus funcionários e eles têm um desempenho inferior.
  • O atendimento ao cliente é deficiente e isso faz com que a empresa perca vendas.

Nessa perspectiva, há muito mais pessoas envolvidas que precisam assumir a responsabilidade, não apenas o vendedor. Além disso, há muitas outras frentes a serem abordadas para melhorias.

Mulher escrevendo notas
A técnica do bolo pode ser muito útil em conflitos com outras pessoas.

Aplique esta ferramenta para fazer avaliações mais precisas diariamente

A técnica do bolo pode ser usada em qualquer situação cotidiana em que sentimos que estamos sendo injustos ou dicotômicos demais na atribuição de responsabilidades. É especialmente necessária nas relações pessoais, quando se reproduzem conflitos e mal-entendidos. Graças a ela podemos deixar de culpar o outro e contemplar outras variáveis, assim como assumir nossa própria responsabilidade.

Mas, além disso, pode ser necessário prevenir ou intervir em certos distúrbios psicológicos. Por exemplo, é comum que pessoas com depressão façam atribuições internas para eventos negativos (culpar a si mesmos) e atribuições externas para positivos (não levar crédito por suas realizações). Ajustar essas avaliações é muito necessário.

Também pode ser útil em certos transtornos de ansiedade. Por exemplo, diante de sintomas fisiológicos, como taquicardia ou falta de ar, é importante poder atribuí-los a causas não perigosas para reduzir os ataques de pânico.

Em suma, a técnica do bolo é uma ferramenta simples, versátil e muito funcional que podemos aplicar em múltiplas situações.


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