Como lidar com adolescentes conflituosos?
O que faz um adolescente ser conflituoso? O que isso significa? Como lidar com adolescentes conflituosos? Se nos referirmos à rebeldia (desafio ou desobediência dos pais, regras, etc.), encontraremos diferentes tipos. Podemos até falar de dois tipos de rebeldia.
Existe um primeiro tipo de rebeldia que aparece já na idade pré-escolar e que aumenta gradativamente durante o estágio evolutivo. Quanto ao segundo tipo, estamos falando de um comportamento que surge após os dez anos e normalmente está relacionado ao início da puberdade. Neste último caso, existiriam variáveis ambientais e mudanças hormonais que poderiam explicar, em grande parte, a atitude conflituosa do adolescente.
O que você deve saber sobre os adolescentes conflituosos?
Neste artigo, vamos oferecer algumas orientações para atuar com crianças ou adolescentes. Por fim, falaremos sobre uma terapia específica que está oferecendo resultados promissores nessa população.
Problemas de comportamento
Antes de entrarmos nas diretrizes, tentaremos responder o seguinte: como se comporta um adolescente conflituoso? Já falamos no início sobre a rebeldia. Eles podem mostrar comportamentos como agressão, mentira, desrespeito, etc.
Devemos ter em mente que a adolescência é uma etapa complicada no plano emocional, pois além da alteração hormonal que implica a chegada dessa nova etapa, devemos agregar também as importantes mudanças e uma forte crise de identidade.
Portanto, quando se trata de agir com eles, é melhor tentar ser cauteloso e empático, embora às vezes isso não seja fácil. Por fim, podemos dizer que, em casos graves, é melhor pedir ajuda a um especialista. A seguir, falaremos um pouco sobre como esse conflito costuma ser detectado.
Como detectamos esses comportamentos?
Frequentemente , são os pais que detectam uma mudança de comportamento nos seus filhos. Isso se traduz, por exemplo, na rejeição de certas atividades ou objetivos que antes os motivavam. Outras vezes, o conflito se traduz em uma grande oposição do menino ou da menina, e também é muito fácil de detectar através do seu comportamento.
Se falarmos de um nível mais elevado de conflito, encontramos adolescentes que causam problemas dentro e fora de casa, que se metem em encrencas, que se sentem perdidos ou que têm uma séria crise de identidade.
Também podemos detectar essas atitudes conflitantes por meio de mentiras, perda de entusiasmo pelas coisas, tristeza… É importante ter isso claro, pois muitas vezes, sob toda aquela camada de agressividade ou rebeldia, escondem-se outros tipos de sentimentos, como medo, insegurança, solidão ou tristeza.
Como agir com eles?
Como lidar com adolescentes conflituosos? Isso vai depender muito do nosso papel na vida deles. Ou seja, não é a mesma coisa ser seu pai ou mãe, irmão, psicólogo, professor, etc. Portanto, vamos oferecer algumas diretrizes genéricas:
- Crie espaços de comunicação com ele.
- Trabalhe o vínculo (o relacionamento).
- Descubra o que está acontecendo com ele (às vezes, sob tanta agressividade, esconde-se a tristeza).
- Dedique tempo a ele.
- Negocie com ele.
- Evite julgá-lo.
- Estabeleça limites, mas seja flexível.
- Use técnicas de modificação de comportamento (importante para reforçar os comportamentos apropriados).
- Aumente a sua autoestima, valorize-o.
- Fale com ele com empatia (coloque-se no lugar dele).
- Consulte um especialista (principalmente em casos mais graves).
- Seja consistente com ele.
- Pratique pelo exemplo.
O Guia de atenção ao adolescente (2015), elaborado pela Sociedade Andaluza de Medicina de Família e Comunidade, propõe um conjunto de estratégias voltadas para a atenção integral ao adolescente no âmbito médico, embora também possa ser aplicado na psicoterapia. Essas estratégias seriam as seguintes:
- Respeite a confidencialidade: tudo que é discutido na consulta deve ficar ali (exceto nos casos em que haja risco para o próprio adolescente, para os outros ou para a sociedade em geral).
- Proporcione ao adolescente um espaço íntimo e seguro onde ele possa expressar livremente as suas dúvidas.
- Forneça informações sobre os recursos e serviços de saúde disponíveis para ele.
- Demonstre atenção, interesse e respeito por tudo o que ele fala, de forma a promover o vínculo terapêutico.
- Vá explicando sua evolução e conquistas, tanto para ele quanto para seus pais, promovendo a responsabilidade do adolescente nos cuidados com a sua saúde.
- Incentive o trabalho em equipe com sua família e educadores, a fim de garantir o atendimento multidisciplinar.
Terapia psicodramática familiar
Esse tipo de terapia (SB-PFT) acaba sendo uma intervenção inovadora que começa a apresentar resultados positivos com adolescentes conflituosos. Especificamente, é usada para melhorar as relações pessoais entre os adolescentes conflituosos e seus pais. É um tipo de terapia que integra os princípios da terapia familiar sistêmica e do psicodrama por meio de uma metodologia de grupo multifamiliar.
Um estudo publicado na revista Family Process, desenvolvido por Bárbara Lorence, pesquisadora da Universidade de Huelva (UHU), encontrou as primeiras evidências sobre a eficácia dessa intervenção.
Uma das chaves para esta metodologia é que a voz do adolescente é muito importante nela. Além disso, diferentes sistemas familiares também intervêm nas sessões com eles. O que se trabalha com essa terapia? Basicamente, dois temas principais:
- O conflito entre pais e adolescentes conflituosos.
- A busca por possíveis soluções para os conflitos.
Reflexão final sobre os adolescentes conflituosos
Fornecemos algumas ideias básicas a respeito de como agir com os adolescentes conflituosos a partir da empatia e da compreensão, embora, na verdade, seja sempre uma questão mais complexa do que os roteiros estabelecem. Como todos sabemos, a adolescência é uma fase complicada da vida que muitos ainda estão aprendendo a administrar, e como resultado dela (e outros fatores), podem surgir distúrbios comportamentais, distúrbios relacionados a substâncias (por exemplo, drogas), distúrbios de humor…
Cada distúrbio ou problema exigirá um tratamento especializado. Como pais ou educadores, acompanhá-los é um desafio e uma necessidade. Manter um acompanhamento, com uma mão amiga e com um pequeno empurrão que os ajude a voar, pode ajudar neste processo. Afinal, não devemos nos esquecer de que é nesta fase que eles vão definir muitos aspectos da sua identidade.
“O caminho mais longo é ficar parado.”
-Anônimo-
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- Araújo de Vanegas, A. M. (1998): La aventura de educar: Pubertad, Universidad de La Sabana, Santafé de Bogotá.
- Erikson, E. H. (2000): El ciclo vital completado, Paidós, Barcelona.
- Guía del adolescente. (2015). Grupo de Estudio del Adolescente Sociedad Andaluza de Medicina Familiar y Comunitaria. (Coord. Pérez Milena, A.).