A agressividade na adolescência: causas e chaves para evitá-la

A agressividade na adolescência é algo recorrente e pode surgir por diversos motivos. Como isso está relacionado aos estilos de enfrentamento? Como prevenir essa situação? Descubra a seguir.
A agressividade na adolescência: causas e chaves para evitá-la

Última atualização: 16 fevereiro, 2022

A adolescência é uma fase repleta de desafios que podem se tornar uma fonte de estresse para o indivíduo (por exemplo: problemas relacionados à escola, incertezas quanto ao futuro, pressão social, etc.). É o que afirmam Solís e Vidal (2006), em um estudo publicado na Revista de psiquiatría y salud mental Hermilio Valdizan. Em grande parte, devido a isso, a agressividade na adolescência é um dos desafios que muitos pais e educadores enfrentam.

Existem muitas maneiras de ser agressivo, às vezes associadas às próprias estratégias de enfrentamento. Neste artigo, abordaremos a definição de agressividade, focando principalmente a adolescência por se tratar de um período crítico para a formação da personalidade e a aquisição de hábitos.

Adolescente discutindo com o pai

A agressividade na adolescência

Segundo Osorio (2013), a agressividade é “uma das táticas a serviço da competição social, uma das habilidades normais do repertório comportamental humano que visa a obtenção de equilíbrios favoráveis ​​nas interações conflituosas (ou seja, ganhos/perdas, vitórias/derrotas)”.

Onde poderíamos colocar a fronteira entre agressão e violência? Segundo o autor, no critério de dano físico. No entanto, segundo Tobeña (2001), esta é uma distinção muito imprecisa, uma vez que, por exemplo, não é necessário causar lesões físicas para se comportar de forma agressiva; causar perdas, incomodar ou ter preconceitos de qualquer tipo sobre os outros é suficiente.

Um estudo de Mestre et al. (2012) analisou a relação entre as estratégias de enfrentamento e as emoções dos adolescentes para determinar em que medida estes são processos relacionados ao comportamento agressivo.

Os resultados do estudo mostraram que houve diferenças claras entre os sujeitos com alta e baixa agressividade e os mecanismos de enfrentamento que utilizaram. Especificamente, eles viram que os adolescentes mais agressivos usaram o enfrentamento improdutivo em maior medida. No caso dos menos agressivos, eles aplicaram estratégias mais voltadas para a resolução do problema.

Estilos de enfrentamento e agressividade

Vemos como a agressividade na adolescência e em outras fases da vida também está relacionada ao tipo de estilo (ou estilos) de enfrentamento de cada um. Lembre-se de que estilos de enfrentamento são estratégias ou mecanismos que as pessoas usam ao enfrentar adversidades ou problemas. Uma pessoa com comportamentos agressivos tem uma maior probabilidade de usar estratégias não adaptativas.

Frydenberg, uma estudiosa das estratégias de enfrentamento, concentrou-se na adolescência para desenvolver sua teoria, na qual incluiu até 18 estratégias de enfrentamento diferentes. Essas 18 estratégias são agrupadas em três estilos de enfrentamento:

  • Resolver o problema: inclui focar na solução do problema e investir em amigos próximos, entre outros.
  • Referência a outras pessoas: inclui, por exemplo, buscar apoio social.
  • Enfrentamento improdutivo: preocupar-se, ter ilusões, ignorar o problema…

Frydenberg (1997) assegura que muitos dos comportamentos de risco adotados pelos adolescentes, como o uso de drogas, promiscuidade sexual, violência ou agressividade, respondem à sua incapacidade de enfrentar certos desafios ou problemas .

O estilo de enfrentamento e a agressividade em adolescentes são dois elementos associados.

Como prevenir a agressividade na adolescência?

Como prevenir a agressividade na adolescência? Uma ferramenta chave será a educação emocional precoce, bem como um estilo parental democrático, positivo e respeitoso.

Nesse sentido, um estudo de Del Barrio et al. (2009) buscou criar as bases para prevenir a agressão em crianças e adolescentes, por meio das informações disponíveis sobre a relação entre hábitos parentais e agressividade.

Como resultados, o estudo encontrou uma série de elementos especialmente relevantes, em relação à parentalidade, no que diz respeito à prevenção de agressões em adolescentes. Esses três fatores foram:

  • Melhora na hostilidade materna.
  • Controle do comportamento das crianças.
  • Aumento da comunicação afetiva.

Assim, vemos como a comunicação funcional será fundamental para prevenir a agressividade na adolescência (e também na infância). Promover estilos de comunicação assertivos, por exemplo, pode ajudar a prevenir a agressividade.

Lembre-se de que, na comunicação, a agressividade está em um extremo, assim como a passividade. Portanto, estar no centro é o melhor, onde encontramos a assertividade.

Pai conversando com seu filho

Existem outras alternativas para a agressividade

A agressividade na adolescência é uma alternativa comportamental que pode ser muito tentadora. Sua origem é diversa: construção da personalidade, incapacidade de lidar com os problemas de forma adequada (déficit nos estilos de enfrentamento), problemas familiares, relações conflituosas com os colegas, pouca tolerância à frustração, um córtex pré-frontal que não está completamente formado, etc.

A forma e a intensidade com que a agressividade se manifesta também podem variar muito: violência física, verbal, estilo de comunicação agressivo, etc. Como sempre, a melhor ferramenta para combater as agressões é a prevenção.

Ir ao encontro de adolescentes na escola, em casa ou em seus locais de lazer e lhes fornecer ferramentas de autocontrole e regulação emocional é uma das melhores medidas que podemos adotar para evitar que eles sejam agressivos.

O essencial, neste ponto, é oferecer estratégias alternativas (adequadas) de enfrentamento, como dialogar, refletir, respirar, relativizar… e que os adolescentes possam recorrer a elas ao invés da agressão ou da agressividade.


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  • Del Barrio, V., Carrasco, M. A., Rodríguez, M. A. & Gordillo, R. (2009). Prevención de la agresión en la infancia y la adolescencia. International Journal of Psychology and Psychological Therapy, 9(1): 101-107.
  • Frydenberg, E. (1997). Adolescent coping: Theorical and research perspectives. Londres: Routledge.
  • Mestre, V. et al. (2012). Emociones, estilos de afrontamiento y agresividad en la adolescencia. Univ. Psychol., 11(4): 1263-1275.
  • Osorio, R. (2013). Impulsividad y agresividad en adolescentes. Ediciones Díaz de Santos. Madrid.
  • Solís, C. & Vidal, A. (2006). Estilos y estrategias de afrontamiento en adolescentes. Revista de Psiquiatría y Salud Mental Hermilio Valdizan, 7(1): 33-39.

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