A amígdala, sentinela das emoções

A amígdala, sentinela das emoções

Última atualização: 30 abril, 2015

A amígdala faz parte do chamado cérebro profundo, no qual primam as emoções básicas, tais como a raiva ou o medo e também o instinto de sobrevivência. Básicas, sem dúvida, para a evolução de qualquer espécie. A amígdala, esta estrutura em forma de amêndoa, é própria de todos os vertebrados e se localiza na profundidade dos lóbulos temporais, fazendo parte do sistema límbico e processando tudo relacionado a nossas reações emocionais.

Na neurobiologia é quase impossível associar uma só emoção ou uma só função a qualquer estrutura, mas quando falamos da amígdala, podemos dizer sem nos enganar que ela é uma das mais importantes associadas ao mundo das emoções. É o que faz, por exemplo, que sejamos mais maleáveis do que qualquer parente evolutivo próximo, é a que nos permite escapar de situações de risco ou perigo, mas ela é também a que nos obriga a lembrar de nossos traumas infantis e tudo aquilo que nos fez sofrer em algum momento.

A amígdala e o aprendizado emocional

Vamos incluir um simples exemplo. Acabamos de trabalhar e nos dirigir ao nosso carro, estacionado em uma rua próxima; está de noite e não há iluminação. Essa penumbra nos coloca em alerta, a escuridão é um cenário que evolutivamente costumamos associar como indicador de risco e perigo; assim, apressamos os nossos passos para encontrar o carro. Mas algo acontece, alguém se aproxima e nossa reação lógica é começar a correr para fugir.

Mediante essa simples cena, podemos deduzir muitas das funções instaladas na amígdala: ela nos coloca em alerta de que a escuridão é um risco e de que essa pessoa que se aproxima também é. Mais ainda, ela cria um aprendizado novo ao deduzir, por causa do medo, que, no dia seguinte, não estacionaremos o carro nessa rua.

As lembranças e experiências com muita carga emocional fazem com que nossas conexões sinápticas estejam associadas a esta estrutura, provocando efeitos tais como taquicardias, aumento da respiração e liberação de hormônios do estresse. Pessoas que, por exemplo, possuem a amígdala danificada, seriam incapazes de detectar situações de risco ou perigo.

A amígdala nos ajuda a buscar uma estratégia adequada depois de ter identificado um estímulo negativo, mas como identificar que esse estímulo pode nos fazer dano? Por aprendizagem, por condicionamento, por esses conceitos básicos que, como espécie, reconhecemos como prejudiciais. Daniel Goleman, por exemplo, introduziu o conceito de “sequestro amigdalar”, para se referir a essas situações nas quais nos deixamos levar pelo medo ou pela angústia de algum modo que não seja adaptativo, que não é lógico e onde o desespero nos impede de encontrar a resposta adequada.

A amígdala e a memória

A amígdala também está associada às nossas lembranças e nossa memória, e são muitas as ocasiões nas quais determinados fatos estão associados a uma emoção muito intensa: uma cena da infância, uma perda, um instante em que sentimos inquietação ou medo. Quando nossos sentimentos são mais afiados, mais conexões neuronais acontecem ao redor do sistema límbico e da amígdala, e muitos cientistas estão estudando a determinação de detalhes bioquímicos que afetam esta estrutura para aplicá-los a possíveis tratamentos terapêuticos e farmacológicos para minimizar os traumas infantis.

Mas não devemos nos limitar a associar o medo com uma pulsão negativa capaz de nos causar traumas e problemas psicológicos. Pelo contrário, ele é um interruptor que nos avisa e que nos protege. É o sentinela que vem permitindo, geração pós geração, que possamos evoluir tendo como base a nossa proteção e a proteção das pessoas ao nosso redor. A amígdala é uma fascinante estrutura primitiva do nosso cérebro que cuida de nós e que nos dá uma visão equilibrada dos riscos. O medo, assim como o prazer, é essencial em nossa riqueza emocional como seres vivos.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.