Anestesistas descobrem um terceiro estado de consciência

Anestesistas descobrem um terceiro estado de consciência
Bernardo Peña Herrera

Escrito e verificado por o psicólogo Bernardo Peña Herrera.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

“Respire fundo, pense em algo agradável, já já você dorme…”

Noto uma sensação estranha que sobe pelo meu braço e, então, paz. Eu não estou ali, me encontro em coma induzido.”

De acordo com o professor Pandit, anestesista nos Hospitais Universitários de Oxford, existe um terceiro estado de consciência no qual alguns pacientes se refugiam quando são submetidos a uma anestesia geral.

É possível despertar durante uma anestesia geral?

A possibilidade de uma terceira dimensão da consciência, de acordo com Pandit, deriva, principalmente, de variabilidade da especialidade médica. Ninguém jamais pode se considerar completamente seguro de que os medicamentos utilizados tenham tido o efeito esperado.

É muito complicado individualizar a droga ideal e a quantidade precisa para cada paciente, mesmo depois de anos e anos de formação e experiência em salas de cirurgia.

consciência

“De repente algo acontece, ouço vozes… Trata-se de um sonho? Não, são reais, posso ouvir as pessoas da sala de cirurgia conversarem sobre a operação. A minha operação! Eu morri? Acho que não, se bem que o inferno pode ser um pouco parecido com isso.”

Sim, é possível acordar durante uma operação cirúrgica, embora não completamente. Nos encontramos neste terceiro estado que o professor Pandit descreve em seus estudos. Claramente não estamos acordados, não podemos nos mover nem nos comunicar, mas não somos completamente insensíveis aos impulsos externos.

Trata-se de um estado no qual o paciente não se encontra consciente e também não está completamente inconsciente. Afeta uma pequena parte dos pacientes que entram em cirurgia e que se submetem a uma anestesia geral.

Mesmo assim, é um fato que preocupa os profissionais. O paciente se dá conta da operação e de tudo o que acontece ao seu redor, mas não pode fazer nada a respeito.

“Posso sentir suas mãos em meu corpo, os instrumentos cirúrgicos abrindo caminho dentro de mim. Eu tenho  medo . Não posso respirar direito. Quero gritar! Mas não consigo articular nenhuma palavra, noto que um tubo percorre a minha garganta. Não posso me mover! Estou paralisada. Só me resta esperar que a operação termine, assim, imóvel, sofrendo a cada segundo, desejando que este sinal sonoro intermitente que ouço não pare de tocar.”

Mas não precisamos ficar alarmados, segundo as estatísticas, somente um paciente em cada 15.000 diz se lembrar de algum episódio relativo à operação depois de ter despertado. São aqueles pacientes que, após receberem a anestesia nunca chegaram a alcançar a completa inconsciência.

Demonstrou-se que o terceiro estado de consciência existe

O Dr. Pandit é considerado um dos melhores anestesistas de seu país e concentrou suas pesquisas no estudo deste fenômeno. Esta descoberta deixa claramente em evidência os atuais métodos de monitoramento durante a intervenção.

Os anestesistas controlam a frequência cardíaca, a pressão sanguínea, a respiração, a concentração de fármacos no sangue, etc., mas tudo isso parece não ser suficiente para assegurar o estado de completa inconsciência do paciente durante a intervenção cirúrgica.

Alguns sintomas relacionados ao despertar, como o aumento da frequência cardíaca ou da pressão sanguínea, deveriam alertar os médicos, mas frequentemente estes sinais fisiológicos podem ser desativados pelos fármacos ministrados durante a operação.

O prestigiado anestesista recorreu a uma velha técnica que permite paralisar todo o corpo, menos um dos antebraços do paciente, para demonstrar que isso é possível. Um terço dos pacientes que se encontrava aparentemente inconsciente durante a intervenção moveu os dedos do braço livre como resposta a ordens diretas.

“Para todos os efeitos, estes pacientes se encontram em um estado de inconsciência, mas podem responder a alguns estímulos externos, como ordens verbais” – declarou o Dr. Pandit – “O extraordinário é que os dedos se movem somente se forem solicitados. Nenhum paciente reagiu à operação cirúrgica. Provavelmente não sentem dor”.

“Já se passaram 3 semanas desde a operação, mas não consigo  dormir . Acordo no meio da noite, suando, com o coração a mil. Nunca me esquecerei da sensação de asfixia e de morte que senti durante aqueles intermináveis minutos.”

insonia

Embora, na realidade, trate-se de uma possibilidade bastante rara, uma experiência desse calibre pode se tornar extremamente traumática. De fato, os pacientes que experimentam uma situação como esta normalmente sofrem de estresse pós-traumático, de ansiedade e de ataques de pânico.

Ainda somos incapazes de estabelecer com exatidão o que é a consciência humana e, portanto, monitorar sua ausência ainda é muito complicado.

 


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