Ansiedade ao acordar
A ansiedade é um adversário complicado que dá poucas tréguas. Naturalmente, ela nunca chega no momento mais conveniente do dia, e muitas vezes está presente desde cedo. Trata-se da ansiedade ao acordar, ou ansiedade matinal.
A primeira sombra que vemos são aqueles pensamentos obsessivos e circulares, aquela expectativa e aquela ativação fisiológica. A ansiedade ao acordar pela manhã pode condicionar o resto do nosso dia, gerando um medo intenso dos obstáculos ou desafios que podem se apresentar.
A ansiedade ao acordar pode ser realmente limitante para aquelas pessoas que não são capazes de administrá-la de maneira adequada. Assim, neste artigo, faremos algumas recomendações que, embora aparentemente simples, podem revolucionar um dia do qual esperávamos apenas sofrimento.
Levante-se da cama para enfrentar a ansiedade ao acordar
Abrimos os olhos e sentimos ansiedade. Então, começa aquela sensação de inquietação que se traduz em ativação fisiológica, possível vontade de chorar, descrença em si mesmo, expectativa apreensiva e, em algum ponto, vontade de não começar o dia.
Pode ser que tenhamos um encontro com uma pessoa desconhecida, uma festa com amigos, a necessidade de fazer compras ou de comparecer ao estágio e à faculdade. Sejam quais forem nossos planos para o dia, o fato é que a ansiedade nos desanima, nos faz ter vontade de fugir.
Por esse motivo, é importante acabar com esses pensamentos catastróficos que estão fazendo com que nosso dia, que mal começou, venha abaixo. Não é uma casualidade que esses pensamentos se infiltrem no nosso diálogo interno quando estamos na cama.
De fato, técnicas como o “tempo de ócio” evitam que a pessoa seja confrontada pelos seus pensamentos obsessivos tanto pela manhã quanto à noite.
Os pensamentos circulares podem se intensificar quando a pessoa realiza uma atividade – como ficar na cama – em que não faz outra coisa a não ser pensar. Quando as pessoas que têm um transtorno de ansiedade acordam, se espreguiçam e ficam na cama mais uns dez minutos acordadas, elas abrem as portas e estendem o tapete vermelho para essa emoção, convidando-a a entrar.
Quando começarmos a detectar sinais que nos indicam que nossa ansiedade está aumentando, esse é o momento: saia da cama.
Mudança de planos: os mesmos planos
A evitação, como estratégia, só vai fazer com que a ansiedade ganhe intensidade. Essas situações não precisam necessariamente ser estímulos específicos que sempre provoquem essa ativação, como no caso de uma cobra ou uma consulta no dentista.
A ansiedade pode nos sugerir não comparecer ao estágio, por exemplo, pois nossos pensamentos catastróficos cíclicos e nosso desânimo nos levam a pensar que não vamos conseguir superar os desafios da atividade.
Por meio do mecanismo de ansiedade-evitação-ansiedade, a pessoa pode preferir não comparecer ao estágio. Mas isso não fará com que a ansiedade se reduza a longo prazo – embora a curto prazo certamente sim.
No entanto, na próxima vez em que tivermos que ir ao estágio, a ansiedade vai ser ainda maior – pois não teremos falseado os pensamentos catastróficos sobre o assunto, porque não nos expusemos à situação – e vai minar ainda mais o nosso humor por não termos alcançado o nosso objetivo do dia.
Dessa maneira, embora levantar-se com ansiedade seja difícil, não realizar nossas atividades vai fazer com que a situação se torne ainda mais difícil. Se tivermos um dia cheio de atividades/obrigações e não realizarmos nenhuma, elas vão simplesmente se acumular.
Para aliviar a ansiedade, o ideal é nos expormos àquilo que nos assusta, mesmo sentindo ansiedade. Frequentemente, na realidade, os obstáculos que imaginamos apresentam menos dificuldades do que prevemos, ou somos menos vulneráveis a eles do que pensamos.
O café, sem leite e sem café
Embora possamos ter o costume de tomar café e comer uma fatia de bolo pela manhã, a verdade é que a cafeína é um estimulante que aumenta a frequência cardíaca – manifestação fisiológica que podemos confundir com a ansiedade.
A cafeína pode ser muito positiva para que o corpo seja ativado, mas pode ser um fator negativo quando já estamos ativados. Não queremos estimular essa taquicardia, que depois pode ter um efeito cascata no aumento da respiração, na transpiração e, em geral, nos sintomas físicos da ansiedade que às vezes assustam tanto.
Por isso, a ansiedade ao acordar deveria ser um sinal de que, nessa manhã específica, talvez o café não seja a bebida mais recomendável. Susan Bowling, psicóloga do Women’s Health Center, se refere à relação entre o café e a ansiedade da seguinte maneira:
“Os efeitos naturais da cafeína estimulam um grande acúmulo de sensações, como o batimento mais acelerado do coração, o aumento da temperatura do corpo, um aumento da frequência cardíaca – todas essas são coisas que simulam a ansiedade. Psicologicamente, é difícil para a mente reconhecer essas sensações derivadas do café porque elas são sentidas da mesma forma que aquelas provenientes da ansiedade.”
A vaidade pode ser sua aliada para vencer a ansiedade ao acordar
A última das recomendações adotadas para evitar que a ansiedade ao acordar nos leve a perder o dia é o cuidado pessoal. Os hábitos de cuidado e de higiene são atividades simples que, de alguma maneira, acalmam o nosso humor.
Quando nos levantamos com ansiedade, é importante realizar estratégias ativas e conscientes em relação a ela. A ansiedade se mistura com pensamentos catastróficos, irracionais e negativos que estão constantemente nos dizendo que não valemos nada, que somos pouco e que não vamos conseguir. Ficamos em perigo porque não somos capazes de sair desse estado.
Dessa maneira, escapar da camisa de força e colocar uma roupa com a qual nos sentimos confortáveis, bonitos e poderosos pode ser um escudo perfeito contra essas cognições prejudiciais. São ações simples que podem ter um impacto crucial em nossos sentimentos de autoeficácia e no nosso autoconceito debilitado.
Para finalizar, parece relevante salientar que as pessoas não devem se sentir obrigadas a saber controlar a sua ansiedade.
Levantar-se constantemente com sentimentos ansiogênicos pode ser um sintoma de um transtorno que a pessoa não tem necessariamente que enfrentar sozinha. Se a ansiedade afetar o seu funcionamento geral, social, familiar, emocional ou profissional, a recomendação é iniciar um tratamento psicológico.