A ansiedade causada pelo passar do tempo

A ansiedade causada pelo passar do tempo

Última atualização: 06 março, 2017

O tempo não deixa de ser uma encruzilhada de paradoxos. Por um lado, é uma invenção dos seres humanos. Talvez das mais úteis, mas também da qual somos mais escravos. Além disso, quando queremos que ele passe rapidamente, vai muito devagar, e vice-versa: nos momentos de maior prazer sua velocidade é disparada. Assim, os segundos andam devagar na sala de espera da emergência e muito rápido em jantares com amigos no qual reina uma boa atmosfera.

De uma forma ou de outra, o seu progresso ou a sua existência é facilmente traduzida em impaciência, inquietação ou até mesmo ansiedade. Uma ansiedade na qual também participam o medo e a antecipação. Porque todos nós sabemos que não podemos controlar tudo o que vai acontecer e também sabemos que é altamente improvável que tudo que aconteça no futuro seja positivo. A vida, por mais precavidos que sejamos, também pode nos pregar peças.

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O relógio que matou o mineiro

Vamos contar uma pequena história. A história começa quando vários homens ficam presos em uma mina sem poder sair. Felizmente conseguiram comunicar sua situação ao exterior e estão aguardando para serem resgatados. Depois de avaliar a situação, o resgate disse que levaria pelo menos três horas para abrir um corredor de saída.

Por outro lado, a mesma explosão que bloqueou a saída pode fazer com que o teto caia sobre eles a qualquer momento. Em seus rostos pode ser visto o reflexo do medo colocado pela ameaça de uma novo desprendimento. Eles são mineiros experientes e sabem que podem ser enterrados sob uma pilha de pedras em um segundo.

Entre os mineiros presos há apenas um que tem relógio. A todo instante os outros ficam perguntando a hora e o responsável pelo resgate percebeu que isso aumentava o nível de ansiedade de todos. Então, pediu ao dono do relógio que apenas informasse mudanças de hora e aos outros pediu-lhes que se parassem de perguntar.

Finalmente a equipe de resgate conseguiu entrar no lugar onde estavam os mineiros. Puderam resgatar todos com vida, exceto o que tinha o relógio, que tinha falecido por causa de um infarto.

Por quê? Porque era o único que tinha permissão para estar em contato permanente com a fonte de angústia e foi o único que atingiu níveis desproporcionais de ansiedade. Por outro lado, também foi para ele que o tempo passou mais devagar, de modo que acabou consumindo sua própria vida.

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O que esta história nos ensina sobre o passar do tempo?

O tempo é uma sombra que para quando olhamos fixamente para ela, e que corre quando não lhe damos bola. Os mineiros que não tinham relógio não tinham outra escolha além de redirecionar o foco dos seus pensamentos para outros que não o transcorrer dos ponteiros do relógio. Assim, se dedicaram a pensar sobre o que iriam fazer quando saíssem de lá.

No entanto, o mineiro que não foi resgatado com vida concentrou toda a sua atenção sobre o foco de angústia. Graças ao relógio, sua mente não pôde se distrair do decorrer dos minutos, algo que foi aumentando a sua ansiedade, pouco a pouco, até atingir um nível que não pôde suportar.

Nós podemos escolher se somos os mineiros com relógio ou sem relógio quando o passar do tempo se transforma em um estímulo ansiogênico. Podemos decidir se queremos que nossa mente se dedique a atualizar constantemente as informações de tempo ou, de outra forma, podemos desviar nossos pensamentos para lugares mais agradáveis e, sobretudo, menos angustiantes.


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