Aos 30, a qualidade das amizades conta mais que a quantidade

Aos 30, a qualidade das amizades conta mais que a quantidade
Cristina Roda Rivera

Escrito e verificado por a psicóloga Cristina Roda Rivera.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Um estudo recente da APA (Associação Americana de Psicologia) publicado na revista Psychology and Aging demonstrou o que muitos de nós já suspeitávamos: com o passar dos anos, os parâmetros de amizade mudam. Concretamente: aos 30 anos a qualidade das amizades conta mais que a quantidade.

Esse estudo revelou que aos 20 anos, nos relacionamos com uma ampla variedade de pessoas que enriquecem nossa visão de mundo, o que tem grande influência em nossa personalidade e amplitude de experiências.
A mudança é que aos 30 estamos socialmente esgotados para entreter outras pessoas e passamos a preferir mais a qualidade em nossas relações, e materializar o bem-estar a partir de tudo que foi aprendido.
Os dois tipos de relação nesses dois momentos da nossa vida têm seu efeito de longo prazo: as pessoas que tinham muitos amigos aos 20 e poucos anos têm menos aos 30, mas de melhor qualidade, e mostraram maior saúde psicológica aos 50 anos. A conclusão não é apenas de que teremos menos amigos aos 30 anos… é de que devemos selecionar adequadamente aqueles que verdadeiramente nos trazem bem estar para manter ao nosso lado.

A amizade ao longo da vida

A importância que damos à amizade se mantém constante ao longo da vida, mas em cada uma das etapas há manifestações diferentes dessa importância.

Quando somos crianças damos mais importância a figuras de autoridade que nos rodeiam: pais e professores. Nos relacionamos com outras crianças para desenvolver pouco a pouco a consciência de nossa própria individualidade, para colocar em prática nossas capacidades emocionais, cognitivas e sociais através das brincadeiras e da escola.

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 Na adolescência o conceito de amizade muda radicalmente. Nessa etapa serão as relações com nossos iguais e não com figuras de autoridade que vão determinar nosso caráter e nossa formação da ainda incipiente identidade. O processo será mais ou menos problemático dependendo de se conseguimos ou não nos relacionar com adolescente que têm afinidades conosco.

Nessa etapa a amizade é vivida muito intensamente, o que se normalizará no começo da juventude, onde a amizade terá um papel crucial para desenvolver nossa personalidade, hábitos e interesses. Já chegando perto dos 30… estas relações serão menos numerosas e mais seletivas.

Os amigos aos 20 anos

Quando temos 20 anos, todo nosso mundo está em ebulição. Não temos claras muitas coisas mas atuamos sem medo e com uma espontaneidade que nos conduz a conhecer muita gente. As tristezas também são vividas muito intensamente e estamos no polo da intimidade ao invés do polo do isolamento, já que todos parecem estar muito polarizados nesse sentido.

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Precisamos conhecer gente nova para nos nutrirmos delas, sem preconceitos nem expectativas… nos arriscamos num contínuo tato social com pessoas que não conhecemos porque precisamos disso, necessitamos aproveitar a nossa liberdade e ver o que é que nos interessa no mundo.

No estudo mencionado anteriormente surgiu um dado muito curioso: se tivemos poucos amigos aos 20 anos, aos 50 anos nossa saúde poderá ser afetada de alguma forma relevante. Isso de viver cada etapa com intensidade e com atitude não é um folclore popular.

Aos 20, temos que ter uma atitude curiosa, um espírito livre e energia para viver todas as experiências condizentes com essa idade: namorar, errar, viajar, dançar… e quanto mais gente estiver ao nosso redor, melhor. É o momento de experimentar, não de descartar sem ter vivido.

A amizade aos 30

Conforme vamos nos aproximando dos 30, começamos a ficar um pouco saturados de conhecer gente nova continuamente, de fazer planos com pessoas que não temos muita confiança ou de sair todos os finais de semana para beber. Passamos a buscar mais a qualidade das amizades, numerosas ou não. Queremos seguir experimentando, mas com uma companhia que faça mais sentido para nós.

Isso é determinado pelos nossos desejos, mas também pelas circunstâncias: grande parte de nossos amigos da década anterior toma caminhos diferentes, formando família ou trabalhando em outros lugares. Desse modo, os acontecimentos nos levam a ter um círculo de amigos normalmente mais reduzido, mas também mais unido e mais relaxado, um grupo que normalmente tem valores e interesses vitais semelhantes.

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Nesse estudo longitudinal (ao longo dos anos os mesmos sujeitos foram estudados), descobriu-se que as pessoas que haviam tido muitos amigos e experiências sociais aos 30 anos que não foram satisfatórios acabavam tendo ansiedade e tédio, e isso se refletiu aos 50 anos dessas pessoas, pois pareciam estar mais infelizes que os que tinham vivido essa etapa da vida de uma forma mais íntima e calma.


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