Apatia, quando a desmotivação e o esgotamento nos prendem
Dizem que a apatia é como uma maldição, que quando prende alguém, não solta mais. Ela borra a vida, apaga a vontade e até os sentimentos. É um estado de humor no qual a desmotivação colapsa a mente e até o corpo dói. Falta energia e vontade, somos como prisioneiros de um desânimo físico e mental absolutos.
A maioria de nós há sentiu isso alguma vez. Este é um estado de humor? Ou é um sentimento? É uma atitude em relação à vida? Cabe dizer que a apatia é uma dimensão formada por várias áreas, porque seu impacto, e isso sentimos na própria pele, chega a quase qualquer fragmento de nosso ser. É desmotivação, cansaço, desilusão, é tristeza…
“Às vezes tenho a horrível sensação de que o tempo passa e não faço nada, e nada acontece, e nada me comove até a raiz.”
– Mario Benedetti –
Este caleidoscópio de processos psíquicos, emocionais e físicos é uma das situações mais desagradáveis que podemos experimentar na vida. É como quem deixa sua vida em pausa e fica suspenso em uma dimensão estranha, onde reina a falta de iniciativa e inclusive de esperança. Ninguém deveria ficar preso nesta situação mais do que o necessário, por isso, conhecer as causas e o modo de gerenciar a apatia pode ser de grande ajuda.
O que é a apatia?
Apatia significa literalmente “falta de sentimento”. Pode parecer algo exagerado, porém, basta lembrar da última vez em que a apatia nos abraçou dos pés à cabeça para entender que inclusive nós mesmos nos surpreenderíamos com o estilo de pensamento que nos rondava a mente. “Nada atrai meu interesse, tudo é indiferente pra mim, aconteça o que acontecer, nada importa…”.
Esta letargia insofrível é uma condição que apresenta um grande impacto a nível cognitivo. Distorce nosso foco, somos incapazes de concentrar a atenção, e inclusive de reter dados e informações. Porém, o âmbito em que a apatia mais pesa é a nível afetivo e emocional. Tanto é assim que frequentemente há quem se pergunte se o que está sofrendo pode ser uma depressão.
A respeito desta dúvida, cabe esclarecer duas coisas. Apesar de a depressão, em algumas ocasiões, terminar em apatia, nem sempre é isso que acontece. Não em todos os casos. Podemos ter pessoas diagnosticadas com um transtorno depressivo no qual não aparece a apatia. Ou seja, a apatia, por si só, não é um indicador direto da depressão.
Portanto, cada vez que percebermos a presença desta companheira incômoda, é necessário que a convidemos a ir embora o quanto antes. Para fazer isso, é importante conhecer a sua origem, entender por que ela surge em algumas ocasiões de nossas vidas.
Qual é a origem da apatia?
Não há uma única origem da apatia. Seu surgimento pode ser decorrente de diversos fatores que, sem dúvidas, devemos considerar. São os seguintes:
Origem orgânica
- Anemia.
- Algumas infecções.
- Sistema imunológico fraco.
- Estados de carência devido a uma nutrição deficiente.
- Falta de sono.
- Falta de exercício.
- Problemas na tireoide.
- Possível início de uma demência. De fato, cabe ter em conta que a apatia é um dos sintomas neuropsiquiátricos mais habituais no diagnóstico da doença de Alzheimer.
- A presença de lesões cerebrais por causa de acidentes traumáticos também pode ser motivo do surgimento deste estado de humor decaído.
- Problemas no funcionamento de nosso sistema límbico ou na conexão do córtex frontal com os gânglios basais.
- Consumo de drogas.
Problemas psicológicos
- Transtorno bipolar.
- Depressão maior.
- Distimia.
- Épocas de ansiedade intensa.
Problemas mentais
Às vezes estamos submetidos a determinados entornos onde não encontramos nenhum estímulo positivo. Ao nosso redor só há estímulos desagradáveis, estressantes ou inclusive sem interesse algum. Viver em entornos com este tipo de narrativa insípida e vazia nos leva a um pensamento depressivo e a um estado de abulia.
Viver ou trabalhar em cenários onde nada nos atrai, onde nos sentimos presos pela rotina ou o estresse, costuma nos levar a um estado de frustração e apatia constantes.
Como enfrentar a apatia?
Uma vez que tenhamos descartado a hipótese de que sofremos de um problema orgânico, é o momento de pôr em prática alguns exercícios, estratégias e enfoques para afastar a apatia de nosso corpo e nossa mente. Agora, há um fato do qual não podemos descuidar: nenhum conselho poderá nos ajudar se não conseguirmos, primeiro, mudar a nossa forma de pensar.
Sem importar agora o que desencadeou esse estado de letargia e desmotivação, é preciso entender que o que nos mantêm presos é o nosso enfoque, a nossa perspectiva. Portanto, é fundamental “consertar” em primeiro lugar o que há em nossa mente, e não aquilo que está fora dela e que, em geral, escapa do nosso controle.
- A terapia psicológica focada na reestruturação cognitiva pode nos ajudar.
- Romper com as nossas rotinas, iniciar atividades novas, mudar de ambientes, de companhia, e encontrar interesses diferentes, é uma das estratégias mais eficazes.
- O exercício físico, uma alimentação balanceada, o contato com a natureza ou praticar atividades como a ioga ou o mindfulness são, sem dúvidas, respostas muito acertadas.
Para concluir, uma forma de eliminar a apatia de nossa mente e nosso coração é nos comprometendo com a vida de um modo mais criativo. Assim, exercícios baseados no autoconhecimento e a definição de metas e novos objetivos mais motivadores serão como janelas diante do nosso horizonte.