Quais são os arrependimentos mais comuns no fim da vida?

Quais são os arrependimentos mais comuns no fim da vida?
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 24 agosto, 2020

Existem inúmeras pesquisas que foram realizadas para responder à seguinte pergunta: quais são os arrependimentos mais comuns que temos no fim da vida? Uma delas é muito famosa. Foi realizada com pessoas que estavam perto da morte, ou porque tinham doenças terminais ou por causa da idade avançada.

Bronnie Ware, uma enfermeira australiana especialista em cuidados paliativos com pacientes terminais, decidiu perguntar diretamente. Ela sabia que as pessoas são muito mais honestas e maduras quando sentem que a vida está chegando ao fim. Diante da pergunta do que se arrependem, a resposta da maioria foi quase sempre a mesma: não ter vivido o suficiente.

“Para que serve o arrependimento se ele não apaga nada do que passou? O melhor arrependimento é, simplesmente, mudar”.
– José Saramago –

Ware sentiu que todas essas respostas eram uma grande revelação para ela, e decidiu escrever um livro no qual compilou o que seus pacientes disseram. Ela descobriu que havia cinco fatos particulares que estão entre os arrependimentos mais comuns de quem está no fim da vida.

Os arrependimentos mais comuns

Quando Bronnie Ware fazia a pergunta aos seus pacientes, quase todas as respostas incluíam a expressão “gostaria de ter feito”. Em outras palavras, em sua maioria, as pessoas se arrependem do que não fizeram, em vez do que fizeram.

Do que nos arrependemos no fim da vida?

As cinco respostas mais frequentes indicam que os arrependimentos mais comuns são:

  • Não ter tido coragem suficiente para fazer o que realmente desejava, em vez do que as obrigações impunham.
  • Um segundo grande arrependimento é ter dedicado muito tempo ao trabalho. Muitos pacientes de Ware diziam que os anos mais valiosos de suas vidas se passaram entre as quatro paredes de um escritório.
  • A terceira razão pela qual as pessoas se arrependem com mais frequência é não ter expressado seus sentimentos. Por terem se calado quando deveriam falar. Isso se refere tanto a sentimentos positivos quanto negativos.
  • Outro grande arrependimento tem a ver com não ter procurado pelos velhos amigos para conversar sobre a vida. Os amigos de infância ou os mais queridos são deixados de lado com frequência.
  • Por fim, uma boa parcela das pessoas entrevistadas por Ware se arrepende de não ter lutado para ser mais feliz.

Como vemos, a maioria dos arrependimentos tem a ver com o que se deixou de fazer. Nessa lista, não aparecem arrependimentos pelo que foi feito de errado ou pelos erros cometidos.

O eu ideal e o dever ser

A Universidade de Cornell realizou um estudo mais estruturado sobre os arrependimentos mais comuns das pessoas e seus motivos. Assim como ocorreu com as entrevistas informais de Bronnie Ware, a maioria das pessoas respondeu que se lamentava por não ter feito algo. Nesses casos, os pesquisadores foram mais além e analisaram as razões pelas quais isso acontecia.

Mulher arrependida

Segundo Thomas Gilovich e Shai Davidai, responsáveis pela direção da pesquisa, tudo tem a ver com o conceito do “dever ser” e com o “eu ideal”. O dever ser, como o nome indica, está relacionado com o que cada pessoa pensa que é certo e moralmente desejável. É a esfera do dever ético, de acordo com as crenças e os valores de cada pessoa.

Por sua vez, o eu ideal corresponde ao que cada um deseja ser, independentemente de isso coincidir ou não com o dever ser. No eu ideal estão os sonhos, as expectativas e, evidentemente, os ideais. É o modelo para se tornar aquilo que gostaríamos de nos tornar.

As pessoas se arrependem por razões específicas

Com base nos conceitos do “dever ser” e do “eu ideal’, os pesquisadores de Cornell conseguiram chegar a uma conclusão interessante. Quando o dever ser é traído, ocorre uma espécie de “carga de consciência” imediata. É por isso que as pessoas procuram reparar ou processar esse arrependimento através de medidas específicas.

Vamos analisar isso com um exemplo. Uma pessoa não foi visitar um tio à beira da morte, mesmo sabendo que ele precisava de ajuda. Quando ele morre, a pessoa sente um profundo arrependimento por não ter sido coerente com seu dever ser. No entanto, ela faz uma reflexão. Examina os motivos pelos quais não o fez e talvez chore no funeral, ou peça simbolicamente perdão pelo que deixou de fazer.

Quais são os arrependimentos mais comuns?

Com o “eu ideal” isso não ocorre, pois as pessoas não fazem um ritual para se perdoar por não terem sido o astronauta mais famoso, ou por não terem decidido partir em um navio que estava indo para a Antártida. Isso permanece em suas consciências simplesmente como uma ilusão que não tomou forma.

No fim da vida, a pessoa se arrepende por não tê-la tornado realidade, porque tal arrependimento é uma maneira de processar aquilo que não foi e nunca será.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.