Você é o criador das suas obrigações

Você é o criador das suas obrigações

Última atualização: 06 abril, 2017

Estamos cheios de obrigações de todo tipo: desde as que temos que encarar no nosso trabalho até as domésticas, como a de ter a comida pronta todo dia. Nesta sociedade exigente em que vivemos precisamos ser atraentes, excelentes trabalhadores, estar sempre em dia com a atualidade, ser bons pais, etc.

As obrigações são aquelas expectativas que devemos alcançar se quisermos nos sentir pessoas melhores. Mas, vamos refletir um instante, quem me impõe as minhas obrigações? De quem são verdadeiramente essas expectativas?

O leitor pode responder que o sentido da vida no qual embarcamos é o responsável por todas as obrigações diárias que temos de enfrentar e que precisamos nos adaptar a isso. Contudo, se pensarmos um pouco veremos que muitas de nossas obrigações, na verdade, são impostas por nós mesmos, e estão focadas para cumprir expectativas alheias em vez das nossas.

Quantas vezes você se viu obrigado a realizar uma coisa que não gostava porque era o que você “deveria” fazer? A palavra ‘dever’ faz parte de muitas das nossas crenças irracionais e implica uma necessidade encoberta de que temos que cumprir para nos sentirmos felizes, ou pelo menos para não nos sentirmos mal.

Pensamentos que falam de obrigações

As emoções perturbadoras normalmente se originam com base em uma obrigação. Como aponta a psicologia cognitiva, o que pensamos é a causa direta de como nos sentimos, e a forma como nos sentimos influencia, por sua vez, a maneira como pensamos. Nesta linha de raciocínio, se estamos ansiosos, deprimidos ou com raiva, provavelmente estamos criando um infinidade de obrigações na nossa mente.

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Estas obrigações podem ser sobre nós mesmos, os outros ou o mundo em geral, e falam da falsa ideia de como as coisas deveriam ser. Elas fecham a porta do bem-estar emocional: a aceitação incondicional.

Quando as obrigações se referem a nós mesmos, pensamos que deveríamos ser ou agir de uma determinada forma, e não de outra.

Não nos aceitamos do jeito que somos, o que cria em nós uma autoestima deficiente, além de uma sensação de ansiedade de querer atender às expectativas impostas, ou depressão se não fomos capazes de cumpri-las. “Eu deveria ter agido corretamente nessa situação”, “deveria fazer o meu trabalho com perfeição todo dia”, “não posso falhar”… são alguns dos exemplos de pensamentos perturbadores que podemos abrigar quando obrigamos a nós mesmos a ser quem não somos.

Os ‘deveria’ referidos aos outros geram um sentimento de raiva, assim como aqueles que se referem ao mundo. Querer que as pessoas ao nosso redor e a vida sejam de uma forma que tenha que se encaixar em nossos próprios critérios pessoais é tão irreal quanto pretender que o céu seja cor-de-rosa.

Estas obrigações, conforme assinalamos, escondem uma falsa necessidade, a qual é bom banir da mente para sentir maior plenitude.

Quando as obrigações são sobre a nossa própria pessoa, escondem a necessidade de aprovação e perfeccionismo: “Preciso fazer o meu trabalho com perfeição porque preciso ser reconhecido na empresa. Por outro lado, quando esperamos que o entorno aja de uma determinada forma, temos a necessidade do conforto: “Não deveriam existir engarrafamentos porque me chateio com eles, são irritantes, chego tarde onde quero ir, etc…”

Mudar o “deveria” para “eu gostaria”

Se formos capazes de modificar nosso diálogo interior por um mais adequado ao mundo tal como é, teremos descoberto a tecnologia que permite que nos sintamos mais felizes. A mudança, evidentemente, não há de ser apenas verbal, mas será preciso acreditar no que estamos dizendo e agir assim a ponto das nossas próprias emoções negativas insanas se transformarem em sadias.

Todas as obrigações e os “deveria” que regem nossas vidas são impostos por nós mesmos, ainda que acreditemos que não há escapatória. Se pensarmos um pouco, ninguém colocou um revólver na nossa cabeça para termos a vida que temos.

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Tudo que fazemos e como nos comportamos é produto de uma decisão pessoal, e é por isso que apenas concerne a nós a mudança.

Talvez você esteja pensando que existem obrigações inevitáveis como o trabalho ou o cuidado dos filhos. Se escolhemos um trabalho determinado e também escolhemos ser pais, mais uma vez nos impusemos a obrigação. Todas as nossas ações têm consequências, e se quisermos continuar pagando a hipoteca ou que nossos pequenos se transformem em pessoas educadas, é verdade que teremos que agir na direção que produza esse resultado.

Ninguém e nada nos obrigou a escolher a vida que temos hoje, mas ela é consequência de um punhado de decisões tomadas em plena liberdade.

Embora muitas vezes nos sintamos obrigados a escolher um caminho ou outro, a verdade é que, no fim das contas, seja porque é o que mais convém, por influência, porque queremos ou por medo, escolhemos aquele que nós decidimos.

Para não se sentir obrigado e ansioso é preciso começar a mudar a conversa interior. Cada vez que um “deveria” aparecer na sua mente, mude-o rapidamente para “eu preferiria” ou “eu gostaria”, sem cair nas exigências. Finalmente, vale acompanhar o “gostaria” de “se não for como eu quero, o mundo não vai acabar” ou “se as coisas não saírem desse jeito, terei outras opções“.

Com a prática e a interiorização destes “gostaria” você começará a se sentir muito mais tranquilo neste mundo tão exigente.


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