As crianças se sentem vazias e sozinhas como os adultos?

Sentir-se vazio, sozinho ou sem rumo, dominado por uma profunda falta de vontade que leva a um grande mal-estar. É possível que as crianças experimentem esses sentimentos? A psicóloga Úrsula Persona fala um pouco mais sobre isso.
As crianças se sentem vazias e sozinhas como os adultos?

Última atualização: 19 maio, 2020

Será que as crianças também se sentem vazias ou sozinhas? Vamos descobrir a seguir.

Às vezes nós nos sentimos sem esperança, sozinhos, inquietos, e não sabemos identificar exatamente por quê. Não encontramos nenhuma explicação.

É uma sensação difícil de descrever, mas quem já sentiu a reconhece facilmente. É como se faltasse sentido em nossas vidas, como se faltasse um propósito, um fim…

Criança chateada

O sentimento de vazio e solidão nas crianças

As crianças se sentem vazias e sozinhas, assim como os adultos, e os motivos disso, às vezes, são mais semelhantes do que podemos imaginar.

Não sentir afeto por parte do nosso círculo mais próximo pode nos fazer desenvolver a sensação de ter  um buraco no estômago que não sabemos como preencher. Com as crianças, acontece a mesma coisa.

São muitos os pequenos que não percebem o afeto de suas figuras de apego, o que os leva a desenvolver um vazio emocional que, em muitos casos, acaba por se transformar em uma síndrome de carência afetiva.

Trata-se de um desajuste psicológico que ocorre quando a criança sofre uma privação afetiva e que se expressa com condutas de hostilidade para com as figuras de apego, sensações de dependência, ansiedade, ciúmes e insatisfação ou necessidade de carinho constante.

Como pais, nada dói mais do que saber que nossos filhos se sentem assim. Por isso, podemos seguir alguns conselhos para evitar o vazio emocional das crianças. O objetivo é fazer com que elas se sintam seguras e amadas.

Como evitar que as crianças se sintam vazias e sozinhas

É verdade que, às vezes, por mais que tentemos, é difícil coordenar nosso horário com o dos nossos filhos. As obrigações do dia a dia, o horário de trabalho, as aulas de inglês, a academia, os esportes, as tarefas de casa…

Às vezes, precisamos de uma agenda para conciliar nossa vida com a dos nossos filhos, e essa falta de tempo repercute na necessidade de cuidar dos vínculos e laços familiares.

A seguir, vamos deixar algumas breves orientações para que você possa tomar consciência dessa realidade e consiga evitá-la.

  • Fazer as crianças se sentirem importantes e demonstrar o quanto são amadas. É essencial que nossos filhos se sintam queridos e importantes na família. Frases como “te amo tanto” ou “como é bom receber esse abraço quando você chega em casa” vão fazer com que eles se sintam peças necessárias para o nosso bem-estar. Além disso, promovemos o vínculo afetivo seguro e o sentimento de pertencimento.
  • Passar tempo de qualidade juntos. Com atenção plena. Celulares desligados. Conversas reais, íntimas. Conversar sobre a vida, os sonhos, as metas… Compartilhar nossos pensamentos com eles fará com que eles também compartilhem os deles conosco.
  • Ter detalhes não materiais com nossos filhos. Há coisas muito simples com as quais podemos demonstrar aos nossos filhos que sempre os levamos em consideração e para as quais não precisamos investir muito tempo nem dinheiro. Por exemplo, ligar para eles quando estamos indo para casa, deixar um bilhete pela manhã desejando um bom dia ou buscá-los antes das atividades extracurriculares para fazer algo inesperado juntos.
Menina feliz abraçando seu pai

Nas crianças, o vazio emocional está mais relacionado com a falta de vínculos amorosos adequados, e não tanto com encontrar o propósito da vida ou se sentir desorientados com o futuro. No entanto, este último ponto também pode ocorrer.

Quanto mais segura e mais amada uma criança se sentir, mais fácil será para ela desenvolver uma boa autoestima, um autoconhecimento saudável e uma sensação de segurança adequada em suas relações, o que provavelmente vai transformá-la em um adulto mais resiliente.

E a resiliência, sem dúvida, a ajudará a enfrentar melhor os imprevistos da vida.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.