As 4 necessidades universais que movem o ser humano

O que lhe faz florescer como ser humano? Uma vez que satisfaçamos as necessidades básicas como alimentação, um lar ou um emprego estável, há uma série de aspirações que procuramos alcançar. As descreveremos neste artigo.

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 23 junho, 2023

Existe uma série de necessidades universais que motivam o comportamento humano para alcançar a autorrealização. Porque uma vez percorridos aqueles aspectos básicos que garantem a nossa subsistência, existe um motor que continua a nos mover. É sobre esse desejo de continuar crescendo, florescendo e alcançando níveis mais altos de bem-estar. Até mesmo de felicidade.

Embora Abraham Maslow tenha oferecido sua teoria clássica para entender a motivação humana, um pouco mais de progresso foi feito na compreensão desse fator. Na verdade, a psicologia vem se aprofundando na área há décadas e agora sabemos que fatores como a conexão social ou ter um bom controle sobre o que nos rodeia são essenciais nesse objetivo de alcançar a realização.

Se você está passando por um momento vital em que se sente um tanto perdido, este tópico com certeza vai te ajudar.

As necessidades universais que permitirão que você floresça como ser humano

Para viver e se desenvolver em harmonia e satisfação, não basta apenas suprir as necessidades básicas. Uma vez que tenhamos segurança e sustento, a mente anseia por mais dimensões. Foi o maior expoente da psicologia humanística, Abraham Maslow que, com seus estudos clássicos sobre a teoria da motivação humana, apontou que somos biologicamente programados para continuar evoluindo.

Ou seja, uma vez alcançado um adequado bem-estar físico, olhamos para esse outro degrau da pirâmide para crescer como seres humanos em sua autorrealização. As necessidades universais são impulsos motivacionais que facilitam o autodesenvolvimento e o florescimento. Esse, aliás, é um conceito no qual a psicologia positiva também se aprofunda.

A Universidade da Califórnia realizou uma pesquisa neste campo. O florescimento humano vai além de ter saúde física e mental. Implica alcançar satisfação com a vida, ter propósitos e ter boas relações sociais, por exemplo. Todas essas esferas inspiradoras são resumidas em quatro dimensões analisadas a seguir.

1. Sentido ou propósito

Saber o que lhe dá sentido e significado permite que você construa uma vida mais significativa. Assim, e por mais chocante que nos pareça, são muitas as pessoas que navegam no quotidiano sem esclarecer os seus propósitos. Isso acontece porque se deixam levar pela inércia, pelas rotinas e até por aqueles caminhos que os outros lhes ditam. Até que surja o desconforto, o vazio existencial e o desânimo.

A Universidade Erasmus, em Rotterdam, refere-se à mesma coisa. A vida moderna pode ser uma distração e você sabe muito bem como definir seu propósito na vida. Para isso, propõe-se refletir sobre as seguintes áreas:

• Avaliar qual seria o nosso futuro ideal.
• Descobrir nossos valores e paixões.
• Pensar na vida social presente e futura.
• Refletir sobre no que somos bons.
• Refletir sobre as metas para amanhã.

Como isso pode nos ajudar?

Entre as necessidades universais para florescer como seres humanos, é essencial esclarecer o sentido da vida; é o que guia cada ação e decisão, como aquela bússola que nos lembra onde está o nosso norte e quais caminhos é melhor evitar. Sem um propósito nos sentiremos perdidos e isso afeta nossa saúde mental.

2. Necessidade de controle

O que você pode controlar em sua vida? Entre as necessidades universais, destaca-se a motivação para controlar o maior número possível de aspectos da realidade. Refira-se que esta dimensão é uma das também descritas pela psicóloga Susan Fiske, no seu modelo de necessidades BUC(k)ET, como destaca o seu estudo publicado na revista Motivated Social Perception.

A felicidade começa a partir desta base, de saber o que você pode controlar e o que não pode. Façamos uma breve revisão:

• Você pode controlar suas emoções e pensamentos.
• Está em suas mãos decidir como você reage às coisas.
• Você controla suas decisões, os caminhos que escolhe percorrer.
• Você não pode dominar o destino, muito menos os eventos sociais.
• As opiniões que os outros possam ter não estão sob seu controle.
• Não está em seu poder o que as outras pessoas fazem, decidem ou pensam.

Como isso nos ajuda?

Embora saibamos que nesta vida querer controlar tudo causa sofrimento, há um aspecto a considerar. Especificar o que está fora de nossas mãos, mas saber quais áreas temos controle, medeia o bem-estar. Isso evita derivar em estados como o desamparo aprendido, ou seja, acreditar que tudo o que você faz não muda nada.

3. Sentimento de competência

No que você é bom? O que você faz bem? Uma das necessidades universais para se sentir realizado e pleno é desfrutar da autoeficácia. Ninguém é petulante ou narcisista se se orgulha de seu valor, talento e potencial. Essa característica é o que nos faz sentir úteis, alcançar objetivos, crescer profissional e pessoalmente.

Se você deseja desenvolver um pouco mais essa competência de vida e bem-estar, fique atento às seguintes recomendações:

• Aprenda com os outros, inspire-se.
• Não se compare com os outros.
• Tenha orgulho do que você conquistou.
• Trabalhe e treine naquilo que você gosta e no que você é bom.
• Concentre-se nesse talento e estabeleça metas que você pode alcançar.
• Para se sentir competente, seja constante, consciente de seus erros e trabalhe neles.

Como isso nos ajuda?

Um bom senso de competência fortalece sua auto-estima e a visão que você tem de si mesmo. Além disso, atua como aquela força catalisadora que te permite conquistar sonhos e te edificar como ser humano, sabendo que você é valioso e consegue o que se propõe a fazer.

4. Conexão

No espectro de necessidades em questão, a conexão emocional é a espinha dorsal de tudo. É esse substrato que estará sempre presente em cada etapa do desenvolvimento e evolução como seres humanos. Afinal, somos criaturas sociais que se unem para se sentirem seguras, realizadas, satisfeitas e felizes.

Conexão é construir sua própria “tribo”, ou seja, uma rede de pessoas que você ama e que te amam. Da mesma forma, saber se conectar é saber como funcionam as relações: com carinho, respeito, reciprocidade e boa comunicação. Quem domina a arte da conexão sempre tem tempo para os amigos, o companheiro, os filhos, os pais, etc.

Como isso nos ajuda?

A conexão humana é o fio de ouro que constrói o bem-estar autêntico e o suporte diário. Sem este pilar, sem esta necessidade universal, sentimo-nos sozinhos e perdidos.

Trabalhar as necessidades universais mediará seu bem-estar

Abraham Maslow apontou que existe um impulso instintivo para conquistar essas necessidades universais. É como se um mecanismo biológico nos impulsionasse a passar de um degrau a outro, dentro de sua famosa pirâmide. Agora, há algo óbvio.

Nem todas as pessoas trabalham para alcançar essas dimensões e, quando não o fazem, aparecem desconforto, frustração e sofrimento. A vida moderna às vezes nos afasta daquilo que nosso ser autêntico anseia; não nos ouvimos, prestamos mais atenção ao ruído externo do que à voz interna.

Devemos, portanto, ouvir-nos mais e correr menos, sintonizar-nos com o que está dentro e desligarmo-nos um pouco das tecnologias, das pressões externas e das exigências dos outros. Somos seres com necessidades que devem ser atendidas. Consequentemente, se você ainda não esclareceu seus propósitos, ou não trabalha naquilo que pode controlar ou se suas relações sociais são deficientes, é hora de fazer mudanças. Sua saúde psicológica agradece.