As pessoas inteligentes e a confiança

As pessoas inteligentes e a confiança

Última atualização: 16 fevereiro, 2022

De acordo com um estudo recente da Universidade de Oxford, as pessoas inteligentes são mais propensas a confiar nos demais, em comparação com aqueles que têm uma qualificação mais baixa nos testes de inteligência. Os pesquisadores basearam suas conclusões em análises da “General Social Survey”, uma pesquisa representativa a nível nacional de opinião pública, feita nos Estados Unidos a cada um ou dois anos.

Os autores dizem que uma explicação para justificar sua conclusão poderia ser que as pessoas mais inteligentes sabem analisar melhor o caráter dos outros, e por isso tendem a estabelecer relações com as pessoas que são menos propensas a traí-los.

Outra razão para justificar poderia ser que as pessoas mais inteligentes são melhores para avaliar as situações e para reconhecer quando há um motivo de peso para que a outra pessoa não cumpra com sua parte do trato.

Estudando a confiança

O principal autor do estudo, Noah Carl, do Departamento de Sociologia da Universidade de Oxford, disse:  “Demonstra-se que a inteligência está vinculada ao ato de confiar nos demais e, depois, temos que levar em conta fatores como o estado civil, a educação e os feitos pessoais. Esse fato apoia o que outros pesquisadores já haviam dito, que um bom juízo de caráter é uma parte distinta da inteligência humana, que se desenvolveu através da seleção natural. No entanto, existem outras possíveis interpretações da evidência e são necessárias mais pesquisas para averiguar.””

O estudo, publicado na revista PloS ONE, apoia a pesquisa prévia, que analisava os dados sobre confiança e inteligência dos países europeus. Os autores dizem que a pesquisa é fundamental porque a confiança social contribui para o êxito de importantes instituições sociais, tais como os sistemas de bem-estar social e os mercados financeiros. Além disso, a pesquisa mostra que as pessoas que confiam em outras gozam de uma melhor saúde e maior felicidade.

Os pesquisadores de Oxford descobriram, no entanto, que os vínculos entre a confiança e a saúde e entre a confiança e a felicidade não são explicados pela ciência. Por exemplo, as pessoas que confiam nos demais só mostraram ter uma uma melhor saúde e uma maior felicidade por serem mais inteligentes. A descoberta confirma que a confiança é um recurso valioso para um indivíduo e não é, simplesmente, um indicador da inteligência.

O professor e pesquisador Francesco Billari, também do Departamento de Sociologia da Universidade de Oxford, disse que “as pessoas que confiam em outras parecem demonstrar uma melhor saúde e uma maior felicidade. O estudo da confiança social, portanto, tem implicações mais amplas quando o assunto é saúde pública, política governamental e caridade privada, e há bons motivos para pensar que os governos, grupos religiosos e outras organizações cívicas devem tratar de cultivar mais confiança na sociedade. A confiança social se tornou um tema cada vez mais importante para os acadêmicos, que querem entendê-la em mais detalhes”.


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