Atenção sustentada: conceito e teorias
Muitas vezes não é nada fácil seguir aquela máxima de Albert Einstein: “Nunca considere o estudo uma obrigação, e sim uma oportunidade para penetrar no belo e maravilhoso mundo do saber”. Os jovens que estão passando pelo sistema educacional obrigatório não costumam pensar assim, mas essa é uma frase perfeita para introduzirmos o conceito da atenção sustentada.
Por mais que o estudo possa ser um prazer e não apenas uma obrigação, manter a atenção sustentada nem sempre é fácil. Na verdade, em muitas ocasiões pode ser um trabalho realmente difícil, quase impossível. E isso não acontece só no caso de não nos interessarmos por uma matéria; pode haver muitos outros motivos, como a fadiga, por exemplo.
O que é a atenção sustentada?
A atenção sustentada entra em jogo em muitas atividades que realizamos no nosso dia a dia. Ela é característica, especialmente, daqueles processos que se relacionam com a vigilância ou a supervisão. Desse modo, para que a vigilância seja efetiva e para que a atenção se mantenha, é necessário manter um certo nível de ativação.
A atenção sustentada também entra em jogo em muito processos relacionados à aprendizagem. Os alunos que assistem todos os dias a suas aulas têm que se esforçar muito para manter a atenção no que o professor está falando.
Às vezes a atenção sustentada acaba se misturando com uma atenção seletiva. Ou seja, muitas vezes não só temos que manter a atenção como também temos que mantê-la centrada em um lugar determinado enquanto tentamos resistir à atração que outros fatores exercem.
Por isso, a atenção sustentada entra em jogo quando colocamos em marcha mecanismos e processos do nosso corpo que exigem manter um foco de atenção para permanecer alerta perante certos estímulos durante períodos de tempo relativamente longos.
“Você não foi criado para viver como besta, e sim para seguir o caminho da virtude e da sabedoria”
-Dante Alighieri-
Por que perdemos a atenção?
Os estudos e a nossa experiência nos dizem que o nível de atenção sustentada decai com o passar do tempo. Essa diminuição na eficácia com que conseguimos manter a atenção pode ser devida a diferentes motivos. Os mais importantes seriam:
- Poderíamos dizer que a atenção é como um músculo. Ela se cansa com o exercício e precisa de tempo para descansar e se recuperar.
- Além disso, com o passar do tempo, a tentação dos distratores, precisamente por essa fadiga derivada de uma intenção consciente de manter a atenção, aumenta. Ou seja, à medida que acumulamos horas trabalhando, a tentação de consultar o celular aumenta.
Também há variáveis que podem nos ajudar a manter a atenção. A motivação, pequenos descansos, contar com feedback positivo ou fluir seriam algumas delas.
Teorias sobre a atenção sustentada
Como é evidente, conhecidos esses fatores, já foram desenvolvidas diversas teorias que tentam explicar como funciona nossa atenção sustentada.
Teoria da ativação
Também conhecida como a teoria do arousal ou teoria da excitação, ela propõe que para que uma tarefa de vigilância seja realizada corretamente, deve haver uma certa continuidade de estímulos. Por exemplo, se tomarmos como referência um segurança, será mais fácil para ele manter a atenção se estiver se movendo e fazendo rondas do que se ficar parado todo o tempo em um lugar sentado.
Teoria da detecção de sinais
Também conhecida como TDS, essa teoria defende que diante de uma tarefa de atenção o número de alertas diminui. Ou seja, se estamos com a atenção sustentada cansada, o estímulo teria que ser mais saliente para ser detectado. Dessa forma, observamos que à medida que o tempo corre e mantemos a atenção, os acertos diminuem, mas também os falsos positivos.
Teoria da expectativa
A teoria da expectativa diz que aquela pessoa que vigia, e portanto aquela pessoa que sustenta sua atenção, a sustentará durante mais tempo se esperar que alguma coisa vai acontecer. Por exemplo, o vigilante sustentará sua atenção durante mais tempo e de forma mais dedicada se realmente esperar que alguém vai entrar e roubar a fábrica.
Pelo contrário, se a expectativa é baixa, será mais difícil manter a atenção. Desse modo, para o aluno que não tem nenhuma esperança depositada em que o professor diga algo interessante, o trabalho de manter a atenção será muito mais duro.
Teoria da habituação
Essa última teoria diz que a habituação faz com que a pessoa perca o interesse pelo que está acontecendo, de forma que sua atenção cai muito. Ou seja, a atenção diminui como consequência da repetição regular de sinais irrelevantes.
Essas não são todas as teorias que tratam de explicar o funcionamento da atenção sustentada em tarefas de vigilância ou aprendizagem. São, no entanto, as mais relevantes e se conectam diretamente com o que conhecemos sobre o funcionamento da atenção.
“O que é alcançado com muito trabalho é mais amado”
-Aristóteles-