Anne Frank, a biografia de uma garota resiliente

Anne Frank fez de seu diário um veículo para reflexão e reafirmação, em meio a condições extremamente precárias. A sua obra foi traduzida para 70 idiomas e vendeu 35 milhões de cópias. Nelson Mandela disse que este diário lhe deu forças durante o seu período na prisão.
Anne Frank, a biografia de uma garota resiliente
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 29 julho, 2022

Você conhece a biografia de Anne Frank? Ela sempre sonhou em se tornar jornalista e, depois, uma grande romancista. Quando começou a escrever seu diário, ela o via como um projeto futuro, que certamente se tornaria realidade após a guerra, quando tudo voltasse ao normal. As coisas não aconteceram como ela imaginava, mas ela acabou conseguindo o que tanto desejava.

O Diário de Anne Frank é considerado um dos testemunhos mais emocionantes de todos os tempos. O que o torna tão especial é a franqueza com que foi escrito e a inocência com que descreve o horror da guerra. Atualmente, é um dos livros mais lidos do mundo e está inscrito no “Registro da Memória do Mundo” da UNESCO.

Anne Frank e sua família tiveram que se esconder em um pequeno sótão para escapar do ódio dos nazistas. O isolamento durou pouco mais de dois anos e, durante esse período, Anne escreveu o diário. Nele ficou registrada, com grande encanto, a vida de uma garota que está em plena fase de crescimento e se encontra cercada por uma realidade aterradora.

“Enquanto você puder olhar para o céu sem medo, saberá que é puro por dentro e que, aconteça o que acontecer, será feliz novamente”.
– Anne Frank –

Edição de Diário de Anne Frank

Primeira edição do Diário de Anne Frank em 1955

A curta vida de Anne Frank

Anne Frank nasceu em 12 de junho de 1929 em Frankfurt am Main (Alemanha). Seu pai, Otto Frank, serviu o exército alemão durante a Primeira Guerra Mundial e obteve o posto de tenente, além de um prêmio pelos seus méritos: a Cruz de Ferro. Depois, trabalhou em um banco e, em 1925, casou-se com Edith Höllander.

O casal teve duas filhas; Margot em 1926 e, três anos depois, Anne nasceu, formando uma família judia tradicional de classe média alta.

Quando Hitler tomou o poder na Alemanha, em 1933, a perseguição aos judeus começou e a família decidiu se mudar para Amsterdã, na Holanda.

Em sua nova casa, Otto Frank montou uma loja que vendia pectina e especiarias. Tudo estava indo bem até 1942, quando os nazistas invadiram a Holanda e, como era seu costume, começaram a “caçada” aos judeus. Os holandeses foram os únicos europeus que se opuseram abertamente a essa perseguição, mas os seus protestos tiveram pouco efeito.

Fugindo da perseguição

A situação dos judeus estava ficando mais tensa e Otto Frank entendeu que toda a família corria um grande perigo e que a sua captura era apenas uma questão de tempo. Assim, com a ajuda de alguns colaboradores de seu trabalho, ele preparou um esconderijo no mesmo prédio onde tinha sua loja.

Nesse lugar havia outro prédio adjacente, separado apenas por um pátio. Tinha três andares e no último havia uma porta secreta que levava a um sótão. O acesso estava escondido atrás de uma prateleira que levava a algumas escadas e estas, por sua vez, levavam a um pequeno local com dois quartos minúsculos e um banheiro.

Otto contou à esposa e à filha mais velha sobre os seus planos, mas Anne Frank não sabia nada sobre o assunto até o momento de mudar para o esconderijo. Isso aconteceu em 9 de julho de 1942, três dias depois que Margot, a filha mais velha, recebeu uma notificação de que deveria se reportar às autoridades alemãs. Isso significava que ela seria presa e deportada.

Diante dessa situação, Otto decidiu que estava na hora da família se esconder. Eles tiveram que sair de casa à noite usando todas as roupas que conseguiram vestir, pois era muito perigoso carregar malas. Eles deixaram a sua casa bagunçada e, em uma nota casual, sugeriam que estavam fugindo para a Suíça. O plano foi projetado para funcionar.

Estátua de Anne Frank

Estátua de Anne Frank (Amsterdam)

Um esconderijo, um universo na biografia de Anne Frank

Nos dois anos seguintes, a família morou nesse abrigo, onde também havia outra família pequena e um dentista. No total, oito pessoas compartilhavam o esconderijo. Anne Frank conseguiu descrever cada um deles com grande profundidade e talento, transformando-os em personagens literários.

O diário fala sobre as suas características e as tensões superadas no contexto da situação precária em que viviam. Os refugiados sobreviveram durante esse tempo graças à ajuda de seus amigos holandeses, que lhes forneceram comida e os mantiveram a par dos acontecimentos. Nesse pequeno lugar, Anne pensou sobre o mundo e se apaixonou pela primeira vez.

Tudo terminou em 4 de agosto de 1944, quando, em uma inspeção de rotina, eles foram descobertos por oficiais da Gestapo holandesa. Os refugiados foram enviados para um campo de concentração e a família Frank foi separada em Auschwitz.

No final, Anne foi deixada sozinha com a irmã e ambas foram enviadas para o campo de Bergen-Belsen, onde morreram de tifo.

O único sobrevivente foi Otto, pai de Anne Frank. Quando ele voltou ao esconderijo, procurando pistas sobre a sua família, a Cruz Vermelha lhe informou da morte de todos. Então, eles lhe entregaram o diário de Anne, que ele não conhecia. Imediatamente, soube que estava diante de um documento de grande importância histórica. Dois anos depois, ele conseguiu publicá-lo e, assim, tornou realidade o sonho de sua filha que morreu aos 15 anos.


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  • Frank, A., Rops, D., & Lozano, J. B. (1962). Diario de Ana Frank. Editorial Hemisferio.


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