Biografia de Átila, o flagelo de Deus

Muito além da lenda de um bárbaro psicopata, Átila foi um grande líder militar. Hoje falaremos sobre a sua história, a verdadeira e a inventada.
Biografia de Átila, o flagelo de Deus
Juan Fernández

Escrito e verificado por o historiador Juan Fernández.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Em meados do século V d.C, o Império Romano Ocidental, já desintegrado do chamado “Império Bizantino”, era um ancião doente. Nas regiões ocupadas da Europa, ainda levaria vários séculos antes que outros estados estáveis se instalassem. Porém, embora voláteis aos olhos da História, nesses momentos nasceram poderes capazes de desafiar a Cidade Eterna. Um dos mais conhecidos era a tribo dos hunos, liderada pelo famoso Átila, cuja biografia vamos expor hoje. O seu poder era tanto que a extensão de seus domínios ultrapassava até mesmo a do mundo romano.

A imagem que temos do líder dos hunos é, em muitos casos, a de um bárbaro cruel. Foi o primeiro de muitos invasores orientais cruéis, implacáveis ​​e desconhecidos que viriam para devastar o mundo ocidental.

Um papel que mais tarde caberia a Tamerlane, Genghis Khan ou, mais recentemente, à China comunista. Porém, além das fontes mais utilizadas para conhecermos esse personagem, há outras que dão visões mais equânimes. Nas sagas nórdicas Átila é um nobre guerreiro, nas notícias da embaixada do romano Prisco, um galante cortesão.

O exército huno

Biografia de Átila, o rei dos hunos

No ano de 445 d.C morreu Bleda, irmão de Átila. Dizem que houve uma certa implicação de Atila no evento, mas isso não foi provado. De qualquer forma, a partir deste momento o nosso protagonista herdou o trono.

O seu povo, vindo de algum lugar das estepes asiáticas e citado em fontes chinesas, governava nessa época várias tribos bárbaras, como os saxões e os alanos. Os domínios de Átila se estenderiam dos Bálcãs à Jutlândia, do rio Reno até além do rio Don. As suas habilidades de guerreiro já lhe permitiam desafiar Roma, mas também apoiá-la como mercenário.

Em um império cada vez mais decadente, no qual sucessivos generais assumiam o trono em um equilíbrio político precário, os bárbaros antes desprezados por Roma vinham conquistando status através das armas. Enquanto os visigodos, francos e suábios se estabeleciam nas terras do Império, os hunos preferiam o seu pagamento em ouro em troca da sua ajuda, suprimindo as revoltas que devastavam o Império. No entanto, as alianças políticas não ocorriam sem traições.

A fúria de Átila

Teodósio II, imperador do Império Romano do Oriente, em Constantinopla, tramou um complô com membros da corte de Átila para assassiná-lo. Embora tenha falhado, o seu sucessor Marciano prolongou os insultos, recusando-se a pagar o tributo acordado aos hunos. Esses dois fatos acabaram com a paciência do caudilho, que se lançou à batalha.

A partir deste momento, Átila ganhou a reputação de general indomável. Essa alcunha não foi acidental. Ao longo da sua carreira militar, ele foi capaz de sitiar Constantinopla, atacar os Bálcãs duas vezes, invadir a Itália e chegar aos portões de Roma. Lá, o Papa Leão X foi o único capaz de persuadi-lo a não saquear a cidade. Poucos antes dele podem se gabar de tais feitos.

Nem todas foram vitórias, pois no início de suas campanhas ele sofreu uma derrota diante das tropas romanas e visigodas. Confrontados com Aécio, o último grande general romano, e com Teodorico, o fundador do reino visigodo de Toulouse, os hunos caíram nos campos catalães.

“Quanto mais alta for a grama, melhor se corta de cima para baixo”.
– Átila –

O direito de um filho à herança do pai

Além de todos os insultos romanos, parece que outro fato motivou a inimizade de Átila com Roma. O imperador Valentiniano III decidiu separar a sua irmã Honória da família augusta. O imperador tinha apenas uma filha, casada com o filho de Aécio. Honória, por sua vez, tinha filhos homens, legítimos herdeiros do trono de acordo com a lei romana.

Honória decidiu pedir ajuda ao rei huno, enviando-lhe o anel com o selo que provava a sua identidade. Em um episódio digno da melhor das tragédias, o bárbaro decidiu enfrentar os exércitos imperiais em defesa da princesa que, segundo ele interpretou, havia lhe pedido em casamento. Ele iria defender os direitos de seus filhos adotivos ao trono.

Guerreiro em cavalo

Biografia de Átila, um bárbaro muito educado

De todos os autores que falaram sobre a biografia de Átila, o mais discordante é Prisco. Este historiador romano fazia parte de uma embaixada na corte dos hunos e conhecia o personagem além de qualquer boato.

Embora possa parecer chocante, ele insiste que eles receberam hospitalidade e generosidade em todos os momentos. Átila convidou todos os seus hóspedes para um banquete em pratos de ouro e prata, enquanto comia uma refeição simples em pratos de madeira.

Depois de mais de 1.500 anos, Átila é mais a sua lenda do que a sua história. Em sua memória, as duas se misturam e nem sempre são fáceis de diferenciar.


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  • Bussagli, Marco (1988) Atila, Alianza.

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