Biografia de Pierre Teilhard de Chardin: o conflito entre ciência e religião

Hoje fazemos uma pequena introdução sobre a vida e as conquistas de um cientista excepcional. Um sacerdote cujas descobertas e teorias sempre bateram de frente com a igreja e cujos ensinamentos são transmitidos ao redor do mundo atualmente.
Biografia de Pierre Teilhard de Chardin: o conflito entre ciência e religião
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Escrito por Sonia Budner

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Hoje falaremos sobre a biografia de um geólogo, paleontólogo, filósofo e teólogo francês com vocação religiosa, cujas obras foram traduzidas para vários idiomas: Pierre Teilhard de Chardin.

Sua crença no fato de que o homem está em contínua evolução mental e social em direção de uma unidade espiritual final o tornou conhecido.

Seu interesse pela ciência apareceu já em sua juventude e, como consequência, tentou unificar o âmbito científico com seu trabalho na ordem jesuíta da qual fazia parte. Pierre Teilhard de Chardin defendeu que a epopeia humana não é nada além de “um caminho em direção à cruz”.

Esse tipo de pensamento desencadeou um ultimato por parte da igreja católica em 1962. O que nunca foi questionado foi sua dedicação espiritual e, ainda hoje, é considerada uma das figuras de maior destaque do mundo científico.

Homem pensativo

Os primeiros anos da biografia de Pierre Teilhard de Chardin

Pierre Teilhard de Chardin nasceu em 1 de maio de 1881, no seio de uma família aristocrata de Auvernia. Sua infância foi no campo, no castelo de Sarcenat, propriedade de seus pais. Era o quarto de onze irmãos e cresceu num ambiente puramente tradicional e arraigado ao catolicismo.

Após concluir o ensino médio no colégio de jesuitas de Mongré, em Lyon, iniciou seu noviciado na companhia jesuíta de Aix-en-Provence. Mais tarde, continuou seus estudos na Inglaterra. Estudou teologia em Jersey e, em 1905, foi ordenado sacerdote em Hastings.

Paralelamente a sua vocação religiosa, Pierre Teilhard de Chardin desenvolveu uma paixão pela ciência durante sua estadia de três anos no Egito, onde ensinou física e química. Após a sua ordenação como sacerdote, começou a se interessar pela paleontologia e pela geologia.

Participou de algumas escavações e, de volta à França em 1912, entrou para o laboratório de paleontologia do Museu de História Natural de Paris. Foi aí que teve início uma brilhante trajetória como pesquisador da paleontologia humana, e trabalhos nas escavações das cavernas de Altamira, na Espanha.

Livro antigo aberto

Pierre Teilhard de Chardin e a guerra

Em 1914 a guerra mobilizou este jovem sacerdote, embora sua vocação religiosa o tenha levado a servir como enfermeiro, e não como soldado, em um regimento de escaramuças no Marrocos. Negou-se completamente a trabalhar como sacerdote durante a guerra.

Chardin classificou este cenário tremendamente dramático apresentado pela experiência de uma guerra como “seu batismo no mundo real”.

A guerra acabou com suas bases de pensamento filosófico e isso se refletiu em suas primeiras obras: a Gênese do Pensamento e Os Escritos dos Tempos de Guerra. Sua grande coragem durante a guerra lhe rendeu a medalha militar da Legião de Honra.

A paleontologia e as viagens

Após a guerra, Pierre Teilhard de Chardin passou um tempo em Paris, dando aulas no Instituto Católico. Em 1923, realizou a primeira de suas missões de paleontologia na China, onde se uniu à equipe que descobriu o crânio do Homem de Pequim.

Durante a década de 30, realizou várias outras viagens: ao deserto de Gobi, Java, Somália, Caxemira, Mongólia e Birmânia. A Segunda Guerra Mundial estourou enquanto ele se encontrava em Pequim, cidade na qual passou quase seis anos em estado de semi-cativeiro.

Foi durante sua estadia na China que Pierre Teilhard de Chardin escreveu dois dos seus textos mais místicos: A Missa no Mundo e A Energia Espiritual do Sofrimento.

A origem do homem

Em 1937, Chardin recebeu a medalha Mendel em Filadélfia, em reconhecimento pelo seu trabalho de pesquisa científica em paleontologia humana. Um ano depois, fundou o Instituto de Geobiologia de Pequim, e publicou diversos trabalhos em sua prestigiosa revista científica.

A partir de 1951, Chardin fixou residência em Nova York e, mesmo de lá, ainda se envolveu em diversas expedições científicas na África do Sul, nas quais começou a traçar a origem africana do homem – hoje em dia admitida pela ciência. Faleceu em Nova York, em 10 de abril de 1955, aos 74 anos.

Um legado polêmico

Pierre Teilhard de Chardin era uma figura reconhecida internacionalmente por seus colegas cientistas. Suas descobertas e hipóteses sobre a origem e o destino do ser humano o levaram, durante toda a sua vida, a um constante conflito com as autoridades religiosas romanas.

Suas teorias sobre o lugar que o homem ocupa no universo tornaram-se ensinamentos transmitidos ao redor do planeta. Perturbou consideravelmente o coração da igreja católica e, devido a isso, nenhuma de suas obras não científicas foi publicada enquanto estava vivo.

Todas elas foram publicadas postumamente por sua assistente pessoal, a partir de 1964, quando a Fundação Pierre Teilhard de Chardin foi criada, transformando-se no legado desse extraordinário cientista.


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