Biografia de Salvador Dalí: um louco ou um gênio?
Extravagante, provocante e polêmico. Uma das figuras mais excêntricas do mundo das artes e, sem dúvida, um gênio. Definir Salvador Dalí é um pouco arriscado, e sua vida e sua obra sempre andaram de mãos dadas em sua biografia. Ele tem uma identidade bem definida e uma obra que nos mergulha na sua personalidade. Dificilmente pode ser classificado ou comparado a outra pessoa.
Dalí é um daqueles magos da arte cuja marca fica evidente em todas as suas obras. Você não precisa ser um especialista em arte para identificar uma pintura de Dalí. Sua marca é perfeitamente reconhecível e isso significa que sua autoria não é questionada.
Ele é surrealista por excelência e um dos artistas mais prolíficos do século XX, embora também tenha refletido com maestria seu amor pela arte clássica e renascentista durante seu estágio hiper-realista. Além da rica obra pictórica, trabalhou com escultura, moda, escrita e cinema.
Deixou todo um legado artístico que serviu para expressar suas alucinações e sonhos através da linguagem visual; o onírico está muito presente em sua obra. Dalí também conseguiu, como poucos, lidar com o simbolismo religioso e capturá-lo em suas obras, repletas de imagens icônicas. Polêmico e extravagante, não há dúvida de que Dalí foi muito mais do que um artista.
Primeiros anos da biografia de Salvador Dalí
Salvador Dalí nasceu em Figueras, na Espanha, em 11 de maio de 1904. É difícil dizer como foi sua infância; o próprio Dalí costumava comentar que, quando criança, apresentou fortes ataques de ira e raiva contra seus colegas de escola e até mesmo contra seus pais. Ao que tudo indica, e apesar de tudo, foi uma criança muito inteligente cujos dons artísticos se destacaram desde muito cedo.
Antes de nascer, seus pais tiveram outro filho, o irmão mais velho de Dalí, que também se chamava Salvador. Ele morreu aos três anos de idade. Ao longo de sua vida, Salvador Dalí destacou a ideia de carregar consigo o fardo de seu irmão mais velho; como se ele fosse parte de seu falecido irmão que, de alguma forma, morreu para que Dalí se tornasse imortal.
Podemos perceber essa ideia do irmão morto cuja essência vive através do vivo em inúmeras manifestações artísticas, seja em forma de imagens duplas ou de crises de identidade. Um bom exemplo disso é o poema El Circo de Leopoldo María Panero. Dalí não era uma exceção, e vemos que esse fato pode ter lhe causado grandes crises de identidade.
Ainda era muito jovem, em 1921, quando decidiu se mudar para Madri para estudar arte. Dalí fez parte de um dos berços dos grandes artistas espanhóis do século XX, a Residencia de Estudiantes; neste lugar, conheceu outros gênios do momento, como Luis Buñuel e Federico García Lorca.
No entanto, sua passagem pela escola foi marcada por sua atuação política contra o governo, que lhe custou uma breve prisão e consequente expulsão.
Conhecendo o surrealismo
Salvador Dalí viajaria para Paris em 1928, lugar que o levaria ao primeiro contato com o surrealismo. O surrealismo é um movimento quase poético que entende as demais artes como expressões artísticas da poesia.
O surrealismo bebe das influências freudianas sobre o onírico e, consequentemente, vai além do realismo. No entanto, este movimento artístico acabou adotando uma infinidade de conotações políticas. Os surrealistas acreditavam que a revolução artística deveria andar de mãos dadas com a revolução política.
Dalí se afastou um pouco dessa ideia e optou por mudar sua própria realidade. Dessa forma, ele não precisou se envolver em mudar o mundo e desenvolveu o que chamou de “método crítico-paranóico”. O próprio Dalí o descreveu como: “um estado em que o engano pode ser simulado enquanto se mantém a sanidade”. Na mesma época, ele conheceu Gala, a mulher que se tornaria sua esposa e musa.
O estilo inconfundível de Dalí e a exaltação que fez de si mesmo e de sua obra custaram-lhe também a expulsão do movimento surrealista. Enquanto a sua obra pictórica e as suas incursões pelo cinema e pela escultura acumulavam cada vez mais prestígio, o contrário acontecia com a sua própria imagem, que passou a ser considerada pouco séria.
A verdade é que Dalí era bastante narcisista e adorava ser o centro das atenções, estar no centro das atenções… Você se lembra daquela imagem de Dalí passeando com um tamanduá? Sem dúvida, Dalí levou a extravagância e a arte a extremos nunca antes vistos.
Salvador Dalí: trabalho e legado
A morte e a decadência mescladas com um erotismo marcante deixaram sua marca em toda a obra e a biografia de Salvador Dalí. A obra do pintor é uma projeção das teorias psicanalíticas da sua época, que influenciaram fortemente seu trabalho e vida pessoal.
Fetiches, símbolos religiosos, animais quase mágicos, máquinas fantásticas… Dalí utilizava a técnica psicanalítica da livre associação para capturar o conteúdo do seu inconsciente em suas telas. Ele decompôs a realidade e até a deformou. Projetou catarse pessoal, metamorfose, e evocou o caos. Uma obra inconfundível que, apesar dos anos, continua a ser aplaudida e elogiada.
Salvador Dalí faleceu em 1989 após uma vida cheia de polêmicas, excentricidades, controvérsias e obras-primas. Seu talento magnífico lhe trouxe muitos sucessos, mas também críticas enormes. Sua vida polêmica e imagem pessoal foram tão ou mais comentadas do que sua própria obra.
Gênio ou louco? Sem dúvida gênio, embora excêntrico. Se ele tinha algum distúrbio psicológico consigo, conseguia extrair de si toda a sua essência e gravá-la em telas que, até hoje, continuam prendendo a nossa atenção.
“A única diferença entre eu e um louco é que eu não sou louco.”
-Salvador Dalí-