A biografia de William Shakespeare, o Bardo Imortal

Uma das conquistas de William Shakespeare foi a de enriquecer o idioma inglês. Ele criou expressões como "to fall in love" e "all our yesterdays". Freud usou muitos de seus personagens para explicar transtornos psicológicos.
A biografia de William Shakespeare, o Bardo Imortal
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Você conhece a biografia de William Shakespeare? Ben Jonson, célebre poeta e dramaturgo do século XVI, disse que William Shakespeare nunca envelheceria, que seria o gênio de todos os tempos. Ele não estava errado. Suas obras foram traduzidas para mais de 100 idiomas. Suas histórias, personagens e frases permeiam nossa cultura, ensinando-nos como a magia do amor acontece, como a traição dói, e mostrando a mentira e a guerra.

Conhecido também como O bardo imortal de Avon, Shakespeare foi um poeta e dramaturgo venerado já durante sua vida, mas que adquiriu um significado transcendente durante a época vitoriana. Já se passaram mais de 400 anos desde a sua morte e suas obras foram adaptadas milhares de vezes em todo o mundo.

Personagens como Hamlet, Shylock, Lady Macbeth, Viola, Rosalinda e seu Caliban de A Tempestade fogem dos arquétipos clássicos. Essa talvez seja a melhor habilidade de William Shakespeare. Porque justo quando acreditamos que já estamos começando a conhecê-los, ocorre algo que nos surpreende e nos deixa ainda mais fissurados na trama.

Com sua hábil escrita, ele consegue traçar o contorno de figuras já imortais. Aqueles reis atormentados, comerciantes, bruxas ou doces apaixonados se mostram com as mesmas contradições que qualquer um de nós. O espectador contempla, ainda hoje, pedaços do seu próprio eu presos ao cenário e incrustados nesses magníficos personagens.

“Quem não ama a si mesmo não pode amar ninguém”.
-Shakespeare-

A biografia de William Shakespeare, o Bardo Imortal

Primeiros anos, o início de um jovem ator e escritor

A biografia de William Shakespeare começa com seu nascimento, em 1564, em Stratford-upon-Avon, Warwickshire (Inglaterra). Seu pai, John Shakespeare, era vereador, e sua mãe, Mary Arden, era uma senhora rica de boa posição social. Quanto a esses primeiros anos de infância e juventude, pouco se sabe de como foi sua vida. No entanto, foi a partir de 1582 que os problemas econômicos de sua família se tornaram constantes. Shakespeare se viu obrigado a deixar os estudos e a trabalhar como açougueiro.

Com 18 anos ele engravidou Anne Hathaway, a filha de um agricultor que morava por perto. Depois do nascimento de sua filha, os dois se casaram, momento no qual o jovem William Shakespeare decidiu ir junto com sua família para Londres. Ele tinha um objetivo em mente: viver como ator e escritor.

Ao chegar à capital britânica, ele não encontrou dificuldade para se unir ao grupo teatral The Chamberlain’s Men, no qual ele começou a atuar com notável sucesso.

O nascimento do dramaturgo

A partir de 1592 surgiu a figura do Bardo. Esse dramaturgo de Avon começou a adquirir uma notável fama nos cenários londrinos. Seu mecenas, o jovem Henry Wriothesley, Duque de Southampton, o inseriu nos círculos intelectuais mais aclamados da época. Essa influência, somada ao seu caráter aberto e até libertino, fizeram com que Shakespeare tivesse uma vida social bastante agitada.

Ele fez uma grande amizade com outros autores, como os escritores Christopher Marlowe, Ben Johnson, Robert Greene o Richard Burbage. Todos eles ficaram admirados com os seus primeiros trabalhos. Dessa forma, Henry IV, (parte um) e mais tarde Henry IV (parte dois), junto com Henry V alcançaram um sucesso notável na cena teatral londrina.

Teatro antigo

Mais tarde chegariam Richard II, Richard III e Titus Andronicus. Por outro lado, com comédias como Dois cavaleiros em VeronaSonhos de uma noite de verão, ele demonstrou a engenhosidade, a originalidade e o encanto de histórias que cada vez mais atraiam o público da época.

Em 1597, o Bardo de Avon, como costumavam chamá-lo, tinha escrito 15 das 38 obras que conhecemos hoje em dia. Era um homem rico, possuía a casa de maior destaque de Stratford e podia realizar todos os desejos da sua família. William Shakespeare aproveitou sua vida.

Ele também escrevia roteiros para sua equipe de teatro. Ele mesmo atuava quando queria e, em 1599, chegaram a reconstruir The Globe a partir das ruínas do The Theatre para criar um grande teatro.

Os últimos anos da biografia de William Shakespeare

Chegado o novo século, suas obras literárias continuaram crescendo e amadurecendo. A partir de 1600 aparecem em cena grande legados imortais para a nossa história, como Tróilo e Créssida , Hamlet, Othello, Rei Lear o Sonhos de uma noite de verão. Os diálogos deste segundo momento eram mais ricos, mais dinâmicos e criavam, por sua vez, um estilo poético mais polido e profundo.

Dessa forma, os textos que podemos encontrar em Hamlet são bastante diferentes dos que podemos ver em épocas anteriores, como em Henry V. A linguagem é mais hábil e as falas mais ágeis. Isso, por sua vez, serve para nos mostrar a profundidade psicológica dos personagens. Na época, William Shakespeare também publicou seus famosos Sonetos.

Suas últimas obras, como Cymbeline A Tempestade, dão forma a um gênero que conversa com a tragicomédia, onde as histórias são um pouco sombrias, mas sem perder a habilidade de surpreender o espectador. Chegado o ano de 1613, após a representação de Henry VIII, o Globe foi queimado em um incêndio.

Romeu e Julieta

Demorou quase um ano para que fosse aberto novamente. No entanto, nesse momento William Shakespeare já havia ido embora de Stratford. Ele morreu pouco depois, quando tinha 52 anos. Ainda que não se saiba exatamente a causa da sua morte, há documentos escritos que relatam seu gosto por beber junto a outros colegas dramaturgos, como Ben Jonson. A febre e os excessos constantes deram um fim precoce a alguém que, talvez, poderia ter nos presenteado com mais obras, mais criações imortais.

Estilo e controvérsias sobre as obras de William Shakespeare

Uma sombra que sempre acompanhou a figura de William Shakespeare é se ele era de fato o autor de suas obras. Além disso, diz-se que Mark Twain, Henry James e Sigmund Freud chegaram a perguntar se ele realmente chegou a existir. Não faltam pessoas que asseguram que, por trás de muitos de seus trabalhos, estaria na verdade Christopher Marlowe e, em especial, o Conde de Oxford Edward DeVere.

Hoje em dia, não sabemos se Shakespeare tinha alguém por trás dele. A editora britânica Oxford University Press, por exemplo, afirma que Shakespeare e Marlowe chegaram a trabalhar juntos e que, portanto, muitas das obras atribuídas ao primeiro eram, na verdade, resultado de uma colaboração mútua.

Shakespeare e a arte de enriquecer um idioma

Apesar da polêmica e de não sabermos ao certo se todas as obras shakespearianas foram de fato escritas pelo Bardo de Avon, há uma realidade inegável. A influência dos seus trabalhos é imensa. Uma de suas habilidades foi configurar a linguagem para adaptá-la aos seus propósitos artísticos.

Com isso, ele enriqueceu o idioma inglês de forma notável. Estima-se que graças a William Shakespeare foram incluídas até 2000 novas palavras ao idioma. Termos como auspicioso, minguante e intempestivo são resultado de sua magnífica imaginação. Além disso, seus personagens figuram na nossa cultura popular e inclusive no mundo da psicologia, sendo referências chaves para entender muitas realidades.

Agir como um Othelo, sofrer do complexo de Édipo ou ser como Romeu e Julieta nos dá uma ideia imediata do que estamos no referindo. Em essência, conhecer a biografia de William Shakespeare é essencial, porque ele segue sendo, até hoje, uma figura imortal e irrepetível, que continua nos inspirando profundamente.


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  • Ackroyd, Peter (2008) Shakespeare, la biografía. Madrid: Edhasa

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