Chemsex, uma perigosa prática sexual

Chemsex, uma perigosa prática sexual
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 16 fevereiro, 2022

Nos últimos anos houve um aumento na popularidade de uma perigosa prática sexual conhecida como chemsex, principalmente nos grandes centros urbanos. Sua origem data do ano de 2012 no Reino Unido, mas pouco a pouco ela foi se expandindo pelos países europeus e pelo mundo.

Afinal, o que é chemsex? O termo tem origem na expressão chemical sex ou sexo químico, o que significa a combinação de dois elementos em um mesmo momento: drogas e sexo. Um binômio perigoso que ultrapassa certos limites e que originou um novo tipo de viciados.

No que consiste o chemsex?

Como já deixamos entrever no começo do artigo, esta nova forma de experimentar o sexo está acompanhada do consumo de drogas. O objetivo principal é conseguir um maior prazer sexual. Para isso, as pessoas que a praticam utilizam entorpecentes.

O êxtase, os efeitos adversos de uma substância, a desinibição ou a perda do controle favorecem o aumento da libido. Desse modo, o ato sexual pode se prolongar ou, inclusive, pode levar a práticas sexuais novas que, de outra forma, as pessoas não realizariam. Pelo menos é isso que pensam os praticantes do chemsex.

Festa com consumo de drogas

Neste caso, as drogas são usadas em um contexto sexual modificando o sentido da sua utilização. O uso não é recreativo, ou seja, para sentir unicamente os efeitos prazerosos deste tipo de substância.

A essência do chemsex é que ele dá um uso muito específico para as drogas. Por quê? Porque estar sob os efeitos de um entorpecente e decidir manter uma relação sexual pelo êxtase da experiência não é a mesma coisa que consumir a droga como uma forma específica de sentir erotismo e excitação, e para manter e prolongar a prática sexual.

As drogas mais utilizadas nessa prática sexual são a mefedrona, as metanfetaminas e o GHB. No entanto, estas substâncias podem ser combinadas entre si ou com outras diferentes como, por exemplo, o poppers (droga criada para diminuir a dor no peito de pacientes cardíacos), o álcool e a cocaína.

Por outro lado, os encontros para fazer essas maratonas de loucura (em algumas ocasiões elas duram dias inteiros, da sexta-feira até o domingo) são marcados pelas redes sociais. Os novos aplicativos e o uso atual da Internet favorecem e potencializam esse tipo de encontro. Um dos aplicativos mais populares é o Grindr.

Qual é o perfil dos usuários?

O chemsex costuma ser realizado por homens homossexuais. De forma mais generalizada, eles se descrevem como homens que mantêm relações sexuais com outros homens, embora, com menos frequência, também possam ter relações heterossexuais.

Segundo os dados de um relatório da plataforma “Apoyo Positivo” sobre esta prática, 39% dos participantes tinham estudos técnicos ou diploma universitário, 83,5% trabalhavam e 96% eram homossexuais.

Por que essa prática é tão perigosa?

Considerando o seu modus operandi, não é difícil imaginar que um dos seus efeitos mais perigosos, entre outros que veremos a seguir, é o risco de se viciar nas drogas consumidas. Por isso, a pessoa passaria de um uso regular com um sentido específico a um abuso dessas substâncias.

Além do risco de vício, há uma alta probabilidade de contrair doenças sexualmente transmissíveis (DST). A desinibição e a loucura dessa prática inibem o uso dos métodos contraceptivos. Além disso, é comum ter vários parceiros sexuais em uma única noite.

O chemsex fez reaparecem várias DSTs, como a hepatite do tipo B e C. Este tipo de doença foi bem característico durante os anos 80, coincidindo com a expansão da heroína, já que o compartilhamento de seringas foi um fator que facilitou muito a sua transmissão. Atualmente, foram registrados novos casos desses tipos de doenças derivados dessa nova prática sexual, também pelo uso da seringa compartilhada com outras pessoas.

O chemsex não só causa danos a nível físico, mas também psicológico. Os quadros leves de ansiedade e depressão, assim como os ataques psicóticos, alucinações visuais, auditivas e alterações do comportamento agudas e crônicas são as incidências mais frequentes.

Tráfico de drogas

Quais são as razões pelas quais o chemsex é praticado?

Devemos considerar que as relações sexuais entre os casais homossexuais foram e ainda são, embora em menor medida, estigmatizadas pela sociedade. Continua existindo um sentimento homofóbico latente na sociedade que limita a naturalidade do ato, visto em algumas ocasiões como algo proibido.

Uma das principais razões pelas quais se realiza o chemsex é para obter mais confiança durante as relações sexuais e aliviar os sentimentos negativos que eles têm sobre a sua própria orientação sexual. Apesar de também ser empregado para ter uma relação sexual mais prazerosa, pode proporcionar uma maior resistência física para realizar algumas práticas que, em outras circunstâncias, seriam mais dolorosas.

Como podemos ver, o chemsex tem mais inconvenientes do que vantagens. Por isso, o trabalho para evitar essa prática não deve se concentrar somente na população de risco, mas também na sociedade em geral.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.