Cinco grandes ensinamentos da depressão

Cinco grandes ensinamentos da depressão

Última atualização: 09 maio, 2016

A depressão não avisa: ela pode aparecer de um momento para o outro. Embora possa apresentar alguns sintomas (inclusive com bastante tempo de antecedência), a diferença entre a tendência e a condição é a mesma que a diferença entre estar a um passo de um buraco profundo e cair nele. A depressão pode aparecer depois de uma alegria imensa ou justo no momento em que pensamos que tínhamos conseguido tudo.

O olhar de uma criança, observar um pôr do sol ou outros eventos diários aparentemente amáveis e reconfortantes, ou até mesmo inconsequentes, podem ser o meio conducente à crise. Por exemplo, começar a fazer uma recapitulação da vida ou evocar um fato particular da nossa existência, do que ficou por resolver. É aí que pode começar a tempestade que até o momento estava adormecida.

Mulher cobrindo o rosto

A depressão e o ensinamento de não se pré-ocupar

Não nos “pré-ocuparmos”. Isto é, não antecipar uma preocupação que nos gera ansiedade sem nos tornarmos desinteressados ou apáticos às situações e problemas da existência. A preocupação com o futuro e a impotência diante da incerteza, além das vicissitudes da vida, frequentemente nos conduzem a um estado de medo recorrente, e isso pode nos levar a uma depressão profunda.

Por vezes, a própria existência pode se tornar confusa e difícil. Por isso, é essencial não depender tanto das circunstâncias: do que pode ou não acontecer.

O importante é crescer dia após dia na nossa estrutura pessoal, porque com isso, por mais difícil ou adversa que uma situação possa ser, teremos a capacidade de resolvê-la e de não ficarmos atolados em um labirinto de dúvidas e erros. Ou, pior ainda, acrescentar mais uma dívida à nossa vida…

O ensinamento de saber quem sou

Analisar as minhas características e condições de vida de forma sensata e objetiva é me dar a grande oportunidade de saber quem eu sou. Porque se eu não me conheço, posso ser como uma folha ao vento: sem direção, nem critério, nem poder de decisão. Identificar os meus pontos fortes e fracos me permitirá saber em quais terrenos posso me mover em quais não posso.

Mulher com natureza no centro

Porque se a depressão, por exemplo, me induz ao álcool, a pior coisa que eu posso fazer é entrar em um bar e pedir a primeira bebida que vir pela frente. Tendemos a ordenar as circunstâncias que nos fazem recair e a criar armadilhas de todo tipo. É importante ser prudente, ter coragem naquilo que se deve ter coragem e não negar os nossos pontos fracos. Esse é o primeiro passo para não repetir histórias que não terminaram bem.

A nossa existência é cheia de processos: uns maiores do que outros, dependendo do nível de complexidade da situação. Assim, quem poupa os processos não só perde a grande oportunidade de aprender e ser mais autônomo, como também deixa uma dívida pendente consigo mesmo.

A “felicidade” pode ser a causa da minha depressão

Entender que a vida são alegrias e tristezas, sucessos e fracassos, e até é mesmo um estado de grande “felicidade” pode ser uma grande decepção. Porque tal “felicidade” pode ser a maior sofisma da minha existência. Além disso, a “felicidade” não é o sintoma de um verdadeiro bem-estar. O problema é que, às vezes, confundimos “euforia” com “felicidade”. A primeira é exaltação, a segunda, paz.

Podemos acreditar, de fato, que temos tudo: sucesso profissional, sucesso pessoal e até mesmo sucesso afetivo, e ainda assim cair na mais profunda depressão. Na verdade, algumas vezes ter tudo pode ser a causa principal da crise. Porque manter, por exemplo, um status social custa, e muito. Um preço que aparece na fatura do bem-estar social e que muitas vezes surge em detrimento do bem-estar pessoal.

Vale a pena tentar

Se foi feito um diagnóstico e o resultado mostrou uma depressão profunda, é possível sair dela especialmente se contarmos com a ajuda de um profissional e de um bom círculo de apoio social. Obviamente isso não será o produto de um gênio saindo de uma lâmpada mágica. Isso vai exigir muito de nós, mas o objetivo faz tudo valer a pena. Nós mesmos e a nossa recuperação são motivos mais que suficientes.

Mulher abraçada a um morango gigante

No geral, estes processos de recuperação são graduais e difíceis. O tempo passa devagar, e um dia pode deixar a sensação de 100 anos. É preciso ter paciência e saber que os grandes problemas da vida requerem tempo.

Nestas circunstâncias, mudar um ou vários hábitos da vida para poder sair deste terreno tão obscuro é algo imprescindível. Praticar exercício e ter vários passatempos que nos estimulem também é importante nestes processos de recuperação.

Outra coisa que também pode ser de grande proveito é compartilhar experiências e pontos de vista diferentes com outras pessoas que tenham sofrido com doenças semelhantes. Além disso, em muitos casos ou em quase todos, evitar ao máximo as situações que nos levaram à depressão é um dos melhores aliados na nossa recuperação.

Não tomar decisões precipitadas, muito menos em aspectos importantes

Em situações de alto risco ou de crise, é melhor fazer uma pausa acentuada e não tomar decisões precipitadas ou fazer algo que possa acabar com a nossa existência. Um momento ruim ou péssimo passa, e a vida continua no dia seguinte.

Algo muito estranho, mas certo, é que de repente surge a virtude da solidariedade e compreensão na pessoa, podendo haver alguns momentos de tranquilidade e relaxamento inesperados. A dor própria pode ser canalizada através da generosidade face à dor dos outros. Dar lugar à sensação de utilidade e valia é uma forma de recobrar uma parte desconhecida e muito bonita de si mesmo.

Os sofrimentos e as injustiças no mundo podem ser um fator de motivação mais do que válido para focar as nossas metas para um objetivo mais transcendental. Elas podem ser um caminho para a realização pessoal e uma forma de curar as nossas feridas, compreendendo e ajudando a curar as feridas dos outros.

Mulher com um corpo fragmentado

Em geral, não é fácil conseguir isso; e a pessoa deve estar muito preparada para enfrentar estes terrenos complexos e íngremes. Mas vale a pena pelo menos tentar: pelos outros e, é claro, por nós mesmos. Nós só temos uma vida e precisamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que ela tenha significado e vá além da mera sobrevivência.


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